sexta-feira, 8 de junho de 2012

"A DECADÊNCIA DO OCIDENTE"

Bandeira da China

Por Vinicius Torres Freire

No curto século 21, a China e a ruína causada pela finança mudam relações de poder velhas de mais de 200 anos

“A gente hoje dá de barato o poder e a força econômica da China, como se a importância chinesa fosse tão evidente e antiga quanto uma pirâmide egípcia. Mas o elefante chinês entrou na sala faz pouco tempo.

Foi mais ou menos na época em que parecia triunfante o que a esquerda chama de "neoliberalismo".

Foi na mesma época em que os Estados Unidos espalhavam exércitos pela Ásia. Quando americanos e europeus espezinhavam os "emergentes" a dizer que, sem abertura comercial e "reformas" (as deles), iríamos à breca [na década de 90, sob os governos Collor e FHC/PSDB/DEM, o Brasil submissamente obedeceu a todas essas determinações]. Isso [também] ainda após o fracasso das reuniões da OMC de Seattle (1999) e Gênova (2001) e da derrota midiática que a rua impôs à ideia de liberalização comercial.

Era, então, a época em que a maioria dos economistas-padrão se congratulava pela sua ciência, que fora capaz de produzir o que seria chamado de "grande moderação" (flutuação econômica menos violenta, menos inflação, mais crescimento).

A “moderação” era uma bolha e, em parte, uma fraude; a inflação baixa e os fundos para a bolha da "estabilidade" vinham da China.

No ano 2000, a economia da China equivalia à da Itália; era algo menor que a da França (com o PIB medido em dólares correntes, na taxa de câmbio nossa de cada dia).

Se considerado o poder de compra relativo de cada moeda, a China já era, então, o dobro da França ou da Itália. Mas a gente não se dava conta do tamanho chinês.

Muitos sábios diziam que o milagre chinês era bolha, "insustentável", que o país nem teria tempo de posar de “novo Japão”, que continua rico, mas estagnou e abdicou de suas aspirações de predominância mundial lá no início dos anos 1990.

Índia e China equivaliam a 10,8% da economia mundial em 2000. Os europeus do G7 (Alemanha, França, Reino Unido e Itália), a 15,5% (à medida que se leva em conta o poder de compra relativo das moedas, em dólares "PPP").

Índia e China deverão terminar este ano com 20,8% do PIB mundial, ante 11,6% dos europeus. O trio Brasil, China e Índia supera o duo anglo-saxão, EUA e Reino Unido.

De 2000 a 2012, a economia chinesa terá crescido uns 247%. A indiana, 147%. A brasileira, [que consumiu algum tempo após 2002 recuperando-se dos trágicos anos 90], meros 57%, mas à frente dos 26% dos EUA, dos 18% de França e Alemanha. Dos 11% do Japão, dos 6% da Itália.

Os EUA [apregoam que] “estancaram o terrorismo”, mas não puseram ordem no Iraque. Os exércitos ocidentais dão o fora do Afeganistão por estafa, inépcia, fracasso e falta de dinheiro. Mesmo para derrubar ditaduras no norte da África, quase faltou poder de fogo às forças aéreas da Europa. [Quando dizem “ditaduras”, excetuam hipocritamente as amigas, como a Arábia Saudita e outras]

A finança ainda manda no mundo, mas o mercadismo desmoralizou-se como ideologia.

Morreu a ALCA, a área de “livre comércio” [sic] das Américas. Note-se que, ainda em 2002, os americanos diziam ao Brasil que, sem ALCA, “teríamos que [comerciar somente] com a Antártida”.

Desde 2000, porém, o comércio entre Brasil e China cresceu 33 vezes (para US$ 77 bilhões) e superou os negócios entre Brasil e EUA (US$ 59,7 bilhões, dados de 2011).

Sim, nós aqui queremos consumir tanto quanto e como os americanos. Sim, é melhor ser infeliz em Paris. Sim, a ditadura chinesa é repulsiva.

Não se trata disso aqui. Mas de dizer que a China virou o mundo do avesso em uma década -a China era o bug do milênio, do ano 2000. Ou enfim eles vão quebrar? “

FONTE: escrito por Vinicius Torres Freire para a “Folha de São Paulo”  (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/45329-quota-decadencia-do-ocidentequot.shtml) [Imagem do Google e trechos entre colchetes adicionados por este blog ‘democracia&política’].

COMPLEMENTAÇÃO

PATRIOTA, QUE FALA, LÊ E ESCREVE EM MANDARIM, INCENTIVA A APROXIMAÇÃO COM A CHINA

Por Renata Giraldi, repórter da Agência Brasil

“O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, é um dos principais incentivadores do projeto piloto sobre a China:  (http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2012-06-07/brasil-investe-nas-relacoes-com-china-estimulando-aprendizado-da-lingua-e-do-modo-de-viver-dos-chines)

No começo da sua carreira, ele serviu na China e se apaixonou de tal forma pela cultura chinesa que desde então não parou mais de ler e estudar sobre o país. Patriota fala, lê e escreve em mandarim.

Nos seus discursos, o chanceler ressalta com frequência a ampliação das relações da China em todos os continentes.

Segundo ele, a tendência é de a China aumentar cada vez mais suas relações econômicas, comerciais, financeiras, políticas e diplomáticas com todos os países. Por essa razão, Patriota considera essencial se aproximar da China e entender o modo de vida dos chineses.

Para compreender os chineses, segundo os estudiosos, é preciso ir à origem da história da China baseada no respeito às tradições, como a música, a arquitetura, a comida e o momento do chá. Para os chineses, a preparação e o consumo do chá passam por um ritual.

Com a Revolução Chinesa promovida por Mao Tsé-Tung, em 1949, o governo passou a predominar e impor o regime comunista, mas a cultura antiga ainda prevalece em vários aspectos do cotidiano dos chineses. Um dos orgulhos da China, por exemplo, é sua cultura milenar, que remonta há mais de 3 mil anos, segundo especialistas.

Os chineses também lidam com o idioma de uma maneira diferente: das 56 etnias que formam o povo chinês, 53 têm língua escrita e 23 usam caracteres próprios. O mandarim, com a pronúncia de Beijing (Pequim), é predominante desde que o Partido Comunista assumiu o poder e pôs em prática o programa de unificação da língua no esforço de construir a unidade nacional.”

FONTE DA COMPLEMENTAÇÃO: reportagem de Renata Giraldi, da Agência Brasil (edição: Fernando Fraga)  (http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2012-06-07/patriota-que-fala-le-e-escreve-em-mandarim-incentiva-aproximacao-com-china)

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