domingo, 10 de junho de 2012

EUA USAM TRÁFICO DE DROGAS COMO FONTE PARA FINANCIAR GUERRAS

[OBS deste blog 'democracia&política': O narcotráfico é o negócio mais lucrativo do capitalismo. Lucram os produtores e a rede de comercialização, as empresas químicas que produzem herbicidas e componentes do processo de fabricação, a indústria aeroespacial que abastece helicópteros e aviões de “combate” ao negócio, os fabricantes de armas e, em geral, todo o complexo militar-industrial dos EUA e aliados. Os bilhões de dólares que o tráfico ilegal de drogas gera a cada ano também sustentam o poder financeiro das corporações financeiras transnacionais, inclusive os paraísos fiscais]

“Após várias décadas da “guerra contra as drogas” [sic], acompanhada por custo colossal em vidas humanas e recursos materiais, os narcotraficantes hoje são mais fortes do que nunca e controlam território maior do que em qualquer época.

Por Salvador Capote, em “Alai.net”, Agência Latino-americana de Informacão:

Nos últimos seis anos, ocorreram no México mais de 47 mil assassinatos relacionados ao tráfico de drogas. O número de mortes foi de 2.119, em 2006, para cerca de 17 mil em 2011.

Em 2008, o Departamento de Justiça estadunidense advertiu que as OTD (Organizações de Tráfico de Drogas), vinculadas a cartéis mexicanos, estavam ativas em todas as regiões dos Estados Unidos. Na Flórida, atuam máfias associadas ao cartel do Golfo, aos Zetas e à Federação de Sinaloa. Miami é um dos principais centros de recepção e distribuição de drogas. Além dos mencionados, outros cartéis, como o de Juárez e o de Tijuhana operam nos Estados Unidos.

Os cartéis do México ganharam maior força depois que substituíram os colombianos de Cali e Medellín nos anos 1990, e controlam agora 90% da cocaína que entra nos Estados Unidos. O maior estímulo ao narcotráfico é o alto consumo estadunidense. Em 2010, uma pesquisa nacional do Departamento de Saúde dos EUA revelou que, aproximadamente, 22 milhões de estadunidenses maiores de 12 anos consomem algum tipo de droga.

Esses, que são apenas alguns dos mais inquietantes dados estatísticos, permitem questionar a eficácia da chamada “guerra contra as drogas”. É impossível crer que exista, realmente, vontade política para por fim a esse flagelo universal quando observamos o papel desempenhado pelo narcotráfico a serviço da contrarrevolução, para a expansão das transnacionais e para as ambições geopolíticas dos Estados Unidos e outras potências.

TRÁFICO DA CIA

Repassemos, em síntese, a história recente. A administração de Richard Nixon, ao iniciar a “guerra contra as drogas” (1971), desenvolveu, ao mesmo tempo, o tráfico de heroína no Sudeste Asiático, com o propósito de financiar suas operações militares nessa região.

A heroína produzida no Triângulo de Ouro (onde se unem as zonas montanhosas do Vietnã, Laos, Tailândia e Myanmar) era transportada em aviões da “Air America”, propriedade da CIA (Agência Central de Inteligência). Em conferência de imprensa televisionada, em primeiro de junho de 1971, um jornalista perguntou a Nixon: “Senhor presidente, o que você fará com as dezenas de milhares de soldados estadunidenses que regressam viciados em heroína?

As operações do “Air America” continuaram até a queda de Saigon em 1975. Enquanto a CIA transportava ópio e heroína do Sudeste Asiático, o tráfico e consumo de drogas nos Estados Unidos se convertia em tragédia nacional. O presidente Gerald Ford solicitou ao Congresso, em 1976, a aprovação de leis que substituíssem a liberdade condicional com a prisão, estabelecessem condenações mínimas obrigatórias e negassem as fianças para determinados delitos envolvendo drogas.

O resultado foi aumento exponencial do número de condenados por delitos relacionados com o tráfico e consumo de drogas e, por conseguinte, conversão de Estados Unidos no país com maior população prisional do mundo. O peso principal dessa política punitiva caiu sobre a população negra e outras minorias.

As administrações estadunidenses, durante os anos 1980 e 1990, apoiaram a governos sul-americanos envolvidos diretamente no tráfico de cocaína. Durante a administração Carter, a CIA interveio para evitar que dois dos chefes do cartel de Roberto Suárez ("rei da cocaína") fossem levados a juízo nos Estados Unidos. Ao ficar livres, puderam regressar à Bolívia e atuar como protagonistas no golpe de estado de 17 de julho de 1980, financiado pelos barões da droga. A sangrenta tirania do general Luis García Meza foi apoiada pela administração de Ronald Reagan.

A participação mais conspícua da administração Reagan no narcotráfico foi o escândalo conhecido como “Irã-Contras”, cujo eixo mais propagandeado foi a obtenção de fundos para financiar o conflito nicaraguense mediante a venda ilegal de armas ao Irã, mas está bem documentado, ademais, o apoio de Reagan, com esse mesmo propósito, ao tráfico de cocaína dentro e fora dos Estados Unidos.

O jornalista William Blum explica essas conexões em seu livro “Rogue State”. Na Costa Rica, que servia como “Frente Sul” dos “contras” (Honduras era a “Frente Norte”) operavam várias redes “CIA-contras” envolvidas com o tráfico de drogas.

Essas redes estavam associadas com Jorge Morales, colombiano residente em Miami. Os aviões de Morales eram carregados com armas na Flórida, voavam à América Central e regressavam carregados de cocaína. Outra rede com base na Costa Rica era operada por cubanos anticastristas contratados pela CIA como instrutores militares. Essa rede utilizava aviões dos “contras” e de uma companhia de venda de camarões que lavava dinheiro da CIA, no translado da droga aos Estados Unidos.

Em Honduras, a CIA contratou Alan Hyde, o principal traficante nesse país (“o padrinho de todas as atividades criminais” de acordo com informações do governo dos Estados Unidos), para transportar em suas embarcações abastecimento aos “contras”. A CIA, de volta, impediria qualquer ação contra Hyde por parte de agências antinarcóticos.

Os caminhos da cocaína tinham importantes estações, como a base aérea de Ilopango, em El Salvador. Um ex-oficial da CIA, Celerino Castillo, descreveu como os aviões carregados de cocaína voavam em direção ao norte, aterrissavam impunemente em vários lugares dos Estados Unidos, incluindo a base da Força Aérea no Texas, e regressavam com dinheiro abundante para financiar a guerra.

Tudo sob o guarda-chuva protetor do governo dos Estados Unidos”. A operação de Ilopango se realizava sob a direção de Félix Rodríguez (Max Gómez) em conexão com o então vice-presidente George H. W. Bush e com Oliver North, que formavam parte da equipe do Conselho de Segurança Nacional de Reagan.

Em 1982, o diretor da CIA, William Casey, negociou um “memorando de entendimento” com o fiscal geral, William French Smith, que exonerava a CIA de qualquer responsabilidade relacionada às operações de tráfico de drogas realizadas por seus agentes. Esse acordo esteve em vigor até 1995.

Reagan e seu sucessor, George H. W. Bush, patrocinaram o “homem da CIA no Panamá”, Manuel Noriega, vinculado ao cartel de Medellín e à lavagem de grandes quantidades de dinheiro procedentes da venda da droga. Quando Noriega deixou de ser útil e se converteu em estorvo, os Estados Unidos invadiram o Panamá ("Operação Justa Causa", 20 de dezembro de 1989) em bárbaro ato sem precedentes contra o direito internacional e a soberania de um país pequeno.

Michael Ruppert, jornalista e ex-oficial do setor de narcóticos, apresentou em 1997 larga declaração, acompanhada de provas documentais, aos comitês de inteligência (“Select Intelligence Committees”) de ambas Câmaras do Congresso. Em um dos parágrafos afirma: “A CIA traficou drogas não só durante a época dos “Irã-contras”, mas o tem feito durante todos os cinquenta anos de sua história. Hoje, lhes apresentarei evidências que demonstrarão que a CIA, e muitas figuras que se fizeram célebres durante o ‘Irã-contras’, como Richard Secord, Ted Shackley, Tom Clines, Félix Rodríguez e George H. W. Bush , venderam drogas aos estadunidenses desde a época do Vietnã.”

Em 1999, sob a administração de Bill Clinton, os Estados Unidos bombardearam impiedosamente o povo iugoslavo durante 78 dias. De novo, ali aparece o narcotráfico no fundo das motivações. Os serviços de inteligência dos Estados Unidos e seus homólogos da Alemanha e Grã-Bretanha utilizaram o tráfico de heroína para financiar a criação e o equipamento do Exército de Libertação de Kosovo.

A heroína proveniente da Turquia e da Ásia Central passava pelo Mar Negro, Bulgária, Macedônia e Albânia (Rota dos Balcãs) com destino à Itália. Com a destruição da Sérvia e o fortalecimento – desejado ou não – da máfia albanesa, a administração Clinton deixava livre o caminho da droga desde o Afeganistão até a Europa Ocidental. De acordo com informes da DEA e do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, cerca de 80% da heroína que se introduz na Europa passa através de Kosovo.

“PLANOS” COLÔMBIA

Várias administrações estadunidenses, e em particular a de George W. Bush, foram cúmplices do genocídio na Colômbia. A “guerra contra as drogas” sustentada pelos Estados Unidos com recursos financeiros multimilionários, assistência técnica e volumosa ajuda militar, "não conseguiu deter" o fluxo de cocaína e, pelo contrário, tem sido determinante no surgimento e desenvolvimento dos grupos paramilitares a serviço dos proprietários de terras com plantações de drogas, e também como pretexto para manter o domínio sobre os trabalhadores e a população camponesa.

O “Plano Colômbia” resultou num completo fracasso, mas serviu como tela de fundo para a ingerência dos Estados Unidos no país e mostrou claramente seu verdadeiro objetivo, a contrarrevolução.

Muitas vezes, se esquece que o narcotráfico é, provavelmente, o negócio mais lucrativo dos capitalistas. Com a guerra na Colômbia, lucram as empresas químicas que produzem os herbicidas, a indústria aeroespacial que abastece helicópteros e aviões, os fabricantes de armas e, em geral, todo o complexo militar-industrial. Os bilhões de dólares que gera o tráfico ilegal de drogas também incrementam o poder financeiro das corporações transnacionais e da oligarquia local.

A recente declaração do Secretariado de Estado Maior Central das FARC-EP, em vista do quadragésimo oitavo aniversário do início da luta armada rebelde, denuncia esse vínculo drogas-capital: “os dinheiros do narcotráfico se convertem em terras, inundam a banca, as finanças, os investimentos produtivos e especulativos, a hotelaria, a construção e a contratação pública, resultando funcionais e necessários no jogo de captação e circulação de grandes capitais que caracteriza a capitalismo neoliberal de hoje. Igualmente, ocorre na América Central e no México.”

O Tratado de Livre Comércio Estados Unidos-México (NAFTA) obrigou numerosos camponeses, ante a competitividade de produtos agrícolas estadunidenses, a cultivar em suas terras papoula e maconha. Outros, frente à alternativa de trabalho escravo nas indústrias “maquiladoras”, preferem ingressar nas redes mafiosas da droga.

O grande aumento do tráfico de mercadorias através da fronteira e dos controles bancários para combater o terrorismo provocou a lavagem de dinheiro dos bancos até às corporações comerciais. A complexidade e o volume das operações financeiras, e o fluxo instantâneo e constante de capitais “on line”, tornam extremamente difícil seguir o rastro das transações ilícitas.

Uma das consequências do NAFTA é a impunidade quase total que acompanha o fluxo de narcodólares em ambos os lados da fronteira. Igualmente como no México, o Tratado de Livre Comércio recentemente em vigor na Colômbia estimulará a violência, o narcotráfico e a repressão sobre os trabalhadores e camponeses. A “Iniciativa Mérida”, por sua vez, é somente a versão ‘México--Centro-americana’ do Plano Colômbia.

Devemos meditar sobre o fato de que em todos os cenários de onde os Estados Unidos têm intervindo militarmente, principalmente naqueles onde têm ocupado a sangue e fogo o território, o narcotráfico, sem diminuir, como seria de esperar, está multiplicado e fortalecido. No Afeganistão, o cultivo de papoula se reduziu drasticamente durante o governo dos talibãs para alcançar logo, sob a ocupação estadunidense, crescimento acelerado. O Afeganistão é, atualmente, o primeiro produtor de ópio do mundo, mas, ademais, já não exporta somente em forma de pasta para seu processamento em outros países, mas fabrica a heroína e a morfina em seu próprio território.

Se nos atemos aos fatos históricos, poderíamos afirmar que a política dos Estados Unidos não tem sido a de “guerra contra as drogas”, senão a de ‘drogas para a guerra’.”

FONTE: escrito por Salvador Capote, em “Alai.net”, Agência Latino-americana de Informacão –ALAI. A ALAI tem status consultivo especial na Comissão Econômica e Social (ECOSOC) das Nações Unidas. É membro do Conselho Internacional do Foro Social Mundial. Artigo transcrito no portal “Vermelho”  (http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=185316&id_secao=9 [Imagem do Google adicionada por este blog ‘democracia&política’].

2 comentários:

Unknown disse...

Kkkkkkkkkkk nem li essa merda comunista mas, pelo tituko,na veneVenez não existe tráfico,nem maduro enriquece pelo narcotráfico hahahahahaaho

Anônimo disse...

Uns babacas não leem nada, não aprendem nada, este é nosso problema, deixam se levar pela midia. Mania de acusar quem é de esquerda ou de direita, babacas, a verdade foi dita e esta muito bem documentada. Agora acho interessante uma coisa, povo Brasileiro não apoia o trafico de drogas, mas apóia o Pais que o apóia ! Duvidas!!!!! Uma pergunta para o Jorge Pelicílas ai em cima, tu sabe porque 80% da droga mexicana abastece os EUA? e pq o EUA não o combate da mesma forma com que faz suas guerras? e pq os eua abastece os narcotraficantes com suas armas? Idiota.