Por MK Bhadrakumar, no “Indian Punchline"
“Na primeira conferência de imprensa em Washington depois da reeleição, o presidente Barack Obama reiterou, na 4ª-feira (14), que sua “máxima prioridade” será a recuperação da economia dos EUA – “empregos e crescimento”. As únicas questões de política externa lembradas foram o problema do Irã e a Síria.
Para o problema do Irã, Obama destacou, enfaticamente, uma solução diplomática. A fórmula oficial é a seguinte:
“Tem de haver um modo pelo qual o Irã possa beneficiar-se dos usos pacíficos da energia nuclear e, ao mesmo tempo, satisfazer suas obrigações internacionais e dar garantias claras à comunidade internacional de que não trabalham para construir arma nuclear.”
Parece que, afinal, o Irã será autorizado a fazer o baixo enriquecimento de urânio, sob estrito controle pela “Agência Internacional de Energia Atômica”? É. Parece que sim. Mais importante, Obama confirmou sua intenção de “encaminhar movimento forte, nos próximos meses, para ver se conseguimos abrir um diálogo” entre os EUA e o Irã “para ver se, afinal, resolvemos essa história”.
Bravo! Obama disse que cabe ao Irã “dar o passo decisivo” [para aceitar a oferta de diálogo dos EUA]. Deu sinais muito claros de que fazia o possível para não manifestar qualquer sentimento de coerção ou de imposição. Falou em tom muito visivelmente conciliatório, destacando que os EUA não se prenderão em “detalhes ou protocolos diplomáticos”, no trabalho para construir conversações diretas com o Teerã, e que, “se o Irã quiser mesmo, seriamente, resolver tudo isso, haverá condições reais para resolver”.
Sobre a Síria, Obama disse que os EUA conversarão com o grupo-guarda-chuva das oposições que foi formado em Doha no final de semana e que o considera “representante legítimo das aspirações do povo sírio”, mas que Washington “ainda não está preparada para reconhecer aquele grupo como alguma espécie de governo no exílio”, apesar de vê-lo como “grupo representativo de base ampla”.
Explicou:
“Uma das questões sobre as quais continuaremos a pressionar é assegurar que aquela oposição trabalhe, de fato, a favor de uma Síria democrática, inclusiva e moderada. Já vimos elementos extremistas que se infiltram na oposição, e uma das coisas contra as quais temos de nos precaver — sobretudo se se começa a falar sobre armar grupos da oposição — é não estarmos, nós mesmos, a entregar armas em mãos de grupos que podem atacar os EUA, ou Israel, ou engajar-se em ações que agridam nossa própria segurança nacional”.
Assim se vê, afinal, que, sim, o assassinato do embaixador Christopher Stevens em Benghazi foi, mesmo, momento de virada definitória na estratégia dos EUA para o Oriente Médio. Obama disse, claramente, que os EUA estão longe de decidir armar grupos da oposição síria.
Essa fala de Obama deve ter ficado entalada em muitas gargantas em Riad, Doha e Ancara. Interessante, também, que Obama não endossou o entusiasmo “bélico” manifestado por Grã-Bretanha e França. Obama disse, exatamente, que:
... “os EUA querem garantir que só encorajaremos elementos da oposição que se comprometam com a moderação, com o respeito aos direitos humanos e que queiram trabalhar cooperativamente conosco, no longo prazo”.
Evidentemente, as repetidas referências que Obama fez a uma “transição inclusiva” na Síria serão bem claramente ouvidas e anotadas em Moscou e Pequim. A transcrição da fala de Obama na conferência de imprensa (vídeo abaixo) pode ser lida em: “Remarks by the President in a News Conference” [em inglês].”
FONTE: escrito por MK Bhadrakumar, no “Indian Punchline”, sob o título original “Obama’s transformative agenda for Middle East”. Artigo traduzido pelo “pessoal da Vila Vudu” e postado por Castor Filho no blog “Redecastorphoto”. O autor é diplomata de carreira do Serviço Exterior da Índia. Prestou serviços na União Soviética, Coreia do Sul, Sri Lanka, Alemanha, Afeganistão, Paquistão, Uzbequistão e Turquia. É especialista em questões do Afeganistão e Paquistão e escreve sobre temas de energia e segurança para várias publicações, dentre as quais “The Hindu”, “Asia Online” e “Indian Punchline” (http://redecastorphoto.blogspot.com.br/2012/11/nova-agenda-de-obama-para-o-oriente.html). [Imagem do Google adicionada por este blog ‘democracia&política’].
MK Bhadrakumar
“Na primeira conferência de imprensa em Washington depois da reeleição, o presidente Barack Obama reiterou, na 4ª-feira (14), que sua “máxima prioridade” será a recuperação da economia dos EUA – “empregos e crescimento”. As únicas questões de política externa lembradas foram o problema do Irã e a Síria.
Para o problema do Irã, Obama destacou, enfaticamente, uma solução diplomática. A fórmula oficial é a seguinte:
“Tem de haver um modo pelo qual o Irã possa beneficiar-se dos usos pacíficos da energia nuclear e, ao mesmo tempo, satisfazer suas obrigações internacionais e dar garantias claras à comunidade internacional de que não trabalham para construir arma nuclear.”
Parece que, afinal, o Irã será autorizado a fazer o baixo enriquecimento de urânio, sob estrito controle pela “Agência Internacional de Energia Atômica”? É. Parece que sim. Mais importante, Obama confirmou sua intenção de “encaminhar movimento forte, nos próximos meses, para ver se conseguimos abrir um diálogo” entre os EUA e o Irã “para ver se, afinal, resolvemos essa história”.
Bravo! Obama disse que cabe ao Irã “dar o passo decisivo” [para aceitar a oferta de diálogo dos EUA]. Deu sinais muito claros de que fazia o possível para não manifestar qualquer sentimento de coerção ou de imposição. Falou em tom muito visivelmente conciliatório, destacando que os EUA não se prenderão em “detalhes ou protocolos diplomáticos”, no trabalho para construir conversações diretas com o Teerã, e que, “se o Irã quiser mesmo, seriamente, resolver tudo isso, haverá condições reais para resolver”.
Sobre a Síria, Obama disse que os EUA conversarão com o grupo-guarda-chuva das oposições que foi formado em Doha no final de semana e que o considera “representante legítimo das aspirações do povo sírio”, mas que Washington “ainda não está preparada para reconhecer aquele grupo como alguma espécie de governo no exílio”, apesar de vê-lo como “grupo representativo de base ampla”.
Explicou:
“Uma das questões sobre as quais continuaremos a pressionar é assegurar que aquela oposição trabalhe, de fato, a favor de uma Síria democrática, inclusiva e moderada. Já vimos elementos extremistas que se infiltram na oposição, e uma das coisas contra as quais temos de nos precaver — sobretudo se se começa a falar sobre armar grupos da oposição — é não estarmos, nós mesmos, a entregar armas em mãos de grupos que podem atacar os EUA, ou Israel, ou engajar-se em ações que agridam nossa própria segurança nacional”.
Assim se vê, afinal, que, sim, o assassinato do embaixador Christopher Stevens em Benghazi foi, mesmo, momento de virada definitória na estratégia dos EUA para o Oriente Médio. Obama disse, claramente, que os EUA estão longe de decidir armar grupos da oposição síria.
Essa fala de Obama deve ter ficado entalada em muitas gargantas em Riad, Doha e Ancara. Interessante, também, que Obama não endossou o entusiasmo “bélico” manifestado por Grã-Bretanha e França. Obama disse, exatamente, que:
... “os EUA querem garantir que só encorajaremos elementos da oposição que se comprometam com a moderação, com o respeito aos direitos humanos e que queiram trabalhar cooperativamente conosco, no longo prazo”.
Evidentemente, as repetidas referências que Obama fez a uma “transição inclusiva” na Síria serão bem claramente ouvidas e anotadas em Moscou e Pequim. A transcrição da fala de Obama na conferência de imprensa (vídeo abaixo) pode ser lida em: “Remarks by the President in a News Conference” [em inglês].”
FONTE: escrito por MK Bhadrakumar, no “Indian Punchline”, sob o título original “Obama’s transformative agenda for Middle East”. Artigo traduzido pelo “pessoal da Vila Vudu” e postado por Castor Filho no blog “Redecastorphoto”. O autor é diplomata de carreira do Serviço Exterior da Índia. Prestou serviços na União Soviética, Coreia do Sul, Sri Lanka, Alemanha, Afeganistão, Paquistão, Uzbequistão e Turquia. É especialista em questões do Afeganistão e Paquistão e escreve sobre temas de energia e segurança para várias publicações, dentre as quais “The Hindu”, “Asia Online” e “Indian Punchline” (http://redecastorphoto.blogspot.com.br/2012/11/nova-agenda-de-obama-para-o-oriente.html). [Imagem do Google adicionada por este blog ‘democracia&política’].
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