Por Juliana Prado, no "Terra"
“Durante o ‘Congresso Brasileiro de Oceanografia’, ocorrido semana passada, no Rio de Janeiro, o professor de Estruturas Oceânicas da Coppe/UFRJ, Segen Estefen, disse em entrevista ao “Terra” que, em período entre 10 e 20 anos, o Brasil poderá virar referência mundial em pesquisas de energia renovável e não poluente.
Para o coordenador de pesquisas sobre energias advindas das ondas e marés, que coordenou uma das mesas de debates do evento, com a escassez de outras fontes como o petróleo, e com a cobrança por energia limpa, está definitivamente traçado o caminho para o desenvolvimento dos estudos nos oceanos.
Confira a seguir a entrevista completa:
Terra - Quais os principais pontos a se destacar com relação à obtenção de energias vindas de marés e oceanos?
Segen Estefen - O ponto principal a se destacar é que o Brasil tem grande oportunidade de desenvolver tecnologia de classe mundial nessa área. E isso se deve, em parte, à experiência que nós temos de pesquisa, desenvolvimento e inovação oriunda da produção de petróleo e gás em águas profundas. Se soubermos usar bem essa tecnologia disponível e a transferirmos para energias renováveis dos oceanos, poderemos ser líderes dessa tecnologia num período entre 10 e 20 anos.
Terra - Qual a importância de se aprofundar essas pesquisas de energias vindas do oceano com relação à questão econômica e também à substituição de energias que produzimos hoje?
Estefen - O Brasil é muito rico em energia, mas vamos ter que encarar uma fase, que é a fase em que as reservas de petróleo ficarão mais escassas e, mais do que isso, atingirão preços muito altos. Nesse momento, haverá espaço, do ponto de vista de mercado, para as fontes renováveis. Porque elas não têm implicação no aquecimento global e vão contribuir para revertermos esse processo. Então, é importante que estejamos preparados para ter fontes de geração de energia elétrica que não sejam associadas com geração de gás do efeito estufa.
Terra - Qual o potencial para abastecimento que tem a energia captada do oceano, para, possivelmente, substituir mesmo outros métodos convencionais?
Estefen - Isso depende do país, depende das condições locais. No Brasil, nossa estimativa é que o potencial dos oceanos é de mais de 100 Gigawatts na costa brasileira, o que equivale a toda a potência instalada hoje no Brasil. Só que o aproveitamento é em torno de uns 20% disso. Então, teríamos alguma coisa em torno de 25 GW aproveitáveis já em médio prazo. Isso equivale a duas Itaipu (uma das maiores hidrelétricas do mundo, localizada na fronteira entre Brasil e Paraguai). Então eu acho que é importante porque o Brasil tem condição de já começar a pensar nisso.
Terra - Além da substituição do uso do petróleo, há também o caminho natural de, aos poucos, substituir as próprias hidrelétricas?
Estefen - Tem. A hidrelétrica ocupa grandes espaços. Ela é uma fonte renovável, limpa, que tem emissões relativamente baixas, mas que ocupa território, tem problemas com a população em terra e, no caso da energia do mar, o reservatório é o próprio mar. Isso é um dado interessante. Na medida em que a gente otimiza essas fazendas marinhas, elas não vão trazer impactos nem para a população nem para o meio ambiente. Ao contrário, vão trazer oportunidades de emprego para, por exemplo, pescadores artesanais.
Terra - E por que se demorou tanto a iniciar esse estudo mais profundo com relação a essas energias? Os estudos são mais difíceis?
Estefen - É, eu acho que esses estudos estão acoplados ao avanço do conhecimento. Na medida em que o homem começa a conhecer mais o mar, as potencialidades do mar, os sistemas elétricos e a proteção de estrutura, todos os avanços tecnológicos contribuem para que a gente seja mais competitiva do que era há 20, 30 anos, quando essas estruturas já até haviam sido estudadas. Mas agora elas estão voltando com mais chance e, mais do que tudo, com uma cobrança da sociedade por fontes mais limpas e renováveis e por maior sustentabilidade do planeta.
Terra - Existem países que são referência nesses estudos de energias renováveis utilizando as ondas e marés?
Estefen - Tem um que está liderando esse processo que é o Reino Unido, mas eu diria que nós também estamos com uma atuação importante. A COPPE dispõe de laboratórios de ponta e nós estamos fazendo uso desses laboratórios que foram construídos com objetivo inicial no petróleo para pensar na era pós-petróleo.”
[P.S. deste blog ‘democracia&política’:
Vídeos complementares:
FONTE: reportagem de Juliana Prado no portal “Terra” (http://noticias.terra.com.br/ciencia/noticias/0,,OI6326929-EI238,00-Brasil+pode+liderar+tecnologia+em+energia+oceanica+preve+especialista.html).
FONTE (dos vídeos): YouTube (http://www.youtube.com/watch?v=K8YKYLnqIPQ) e (http://www.youtube.com/watch?v=K8YKYLnqIPQ
[Imagem do Google e vídeos adicionados por este blog ‘democracia&política’].
“Durante o ‘Congresso Brasileiro de Oceanografia’, ocorrido semana passada, no Rio de Janeiro, o professor de Estruturas Oceânicas da Coppe/UFRJ, Segen Estefen, disse em entrevista ao “Terra” que, em período entre 10 e 20 anos, o Brasil poderá virar referência mundial em pesquisas de energia renovável e não poluente.
Para o coordenador de pesquisas sobre energias advindas das ondas e marés, que coordenou uma das mesas de debates do evento, com a escassez de outras fontes como o petróleo, e com a cobrança por energia limpa, está definitivamente traçado o caminho para o desenvolvimento dos estudos nos oceanos.
Confira a seguir a entrevista completa:
Terra - Quais os principais pontos a se destacar com relação à obtenção de energias vindas de marés e oceanos?
Segen Estefen - O ponto principal a se destacar é que o Brasil tem grande oportunidade de desenvolver tecnologia de classe mundial nessa área. E isso se deve, em parte, à experiência que nós temos de pesquisa, desenvolvimento e inovação oriunda da produção de petróleo e gás em águas profundas. Se soubermos usar bem essa tecnologia disponível e a transferirmos para energias renováveis dos oceanos, poderemos ser líderes dessa tecnologia num período entre 10 e 20 anos.
Terra - Qual a importância de se aprofundar essas pesquisas de energias vindas do oceano com relação à questão econômica e também à substituição de energias que produzimos hoje?
Estefen - O Brasil é muito rico em energia, mas vamos ter que encarar uma fase, que é a fase em que as reservas de petróleo ficarão mais escassas e, mais do que isso, atingirão preços muito altos. Nesse momento, haverá espaço, do ponto de vista de mercado, para as fontes renováveis. Porque elas não têm implicação no aquecimento global e vão contribuir para revertermos esse processo. Então, é importante que estejamos preparados para ter fontes de geração de energia elétrica que não sejam associadas com geração de gás do efeito estufa.
Terra - Qual o potencial para abastecimento que tem a energia captada do oceano, para, possivelmente, substituir mesmo outros métodos convencionais?
Estefen - Isso depende do país, depende das condições locais. No Brasil, nossa estimativa é que o potencial dos oceanos é de mais de 100 Gigawatts na costa brasileira, o que equivale a toda a potência instalada hoje no Brasil. Só que o aproveitamento é em torno de uns 20% disso. Então, teríamos alguma coisa em torno de 25 GW aproveitáveis já em médio prazo. Isso equivale a duas Itaipu (uma das maiores hidrelétricas do mundo, localizada na fronteira entre Brasil e Paraguai). Então eu acho que é importante porque o Brasil tem condição de já começar a pensar nisso.
Terra - Além da substituição do uso do petróleo, há também o caminho natural de, aos poucos, substituir as próprias hidrelétricas?
Estefen - Tem. A hidrelétrica ocupa grandes espaços. Ela é uma fonte renovável, limpa, que tem emissões relativamente baixas, mas que ocupa território, tem problemas com a população em terra e, no caso da energia do mar, o reservatório é o próprio mar. Isso é um dado interessante. Na medida em que a gente otimiza essas fazendas marinhas, elas não vão trazer impactos nem para a população nem para o meio ambiente. Ao contrário, vão trazer oportunidades de emprego para, por exemplo, pescadores artesanais.
Terra - E por que se demorou tanto a iniciar esse estudo mais profundo com relação a essas energias? Os estudos são mais difíceis?
Estefen - É, eu acho que esses estudos estão acoplados ao avanço do conhecimento. Na medida em que o homem começa a conhecer mais o mar, as potencialidades do mar, os sistemas elétricos e a proteção de estrutura, todos os avanços tecnológicos contribuem para que a gente seja mais competitiva do que era há 20, 30 anos, quando essas estruturas já até haviam sido estudadas. Mas agora elas estão voltando com mais chance e, mais do que tudo, com uma cobrança da sociedade por fontes mais limpas e renováveis e por maior sustentabilidade do planeta.
Terra - Existem países que são referência nesses estudos de energias renováveis utilizando as ondas e marés?
Estefen - Tem um que está liderando esse processo que é o Reino Unido, mas eu diria que nós também estamos com uma atuação importante. A COPPE dispõe de laboratórios de ponta e nós estamos fazendo uso desses laboratórios que foram construídos com objetivo inicial no petróleo para pensar na era pós-petróleo.”
[P.S. deste blog ‘democracia&política’:
Vídeos complementares:
FONTE: reportagem de Juliana Prado no portal “Terra” (http://noticias.terra.com.br/ciencia/noticias/0,,OI6326929-EI238,00-Brasil+pode+liderar+tecnologia+em+energia+oceanica+preve+especialista.html).
FONTE (dos vídeos): YouTube (http://www.youtube.com/watch?v=K8YKYLnqIPQ) e (http://www.youtube.com/watch?v=K8YKYLnqIPQ
[Imagem do Google e vídeos adicionados por este blog ‘democracia&política’].
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