Será que a gente não sabe fazer sanduíche?
Por Fernando Brito
"Uma notícia, no UOL, chama atenção.
Quer dizer que os negócios, no Brasil, não dão certo por conta da pesada carga tributária, pela burocracia, porque não há mercado, porque falta tecnologia, e blá, blá, blá…
Então, como é que um negócio como refeições fast-food, com baixo nível de sofisticação técnica e alavancado em investimentos de terceiros, como todo os negócios de franquia, se dá tão bem aqui?
O Brasil respondeu por por 45,7% a receita da rede "McDonald´s" na América Latina, mesmo detendo 33% da população de região.
A receita cresceu para US$ 1,82 bilhão aqui, 6,9% acima da inflação e 2,5% a mais em dólares, mesmo com a forte desvalorização cambial.
Com uma boa ajuda, claro, dos preços elevadíssimos que cobra aqui e da ditadura publicitária que faz, com seu peso de gigante.
Mas a verdade é que vende, e vende muito.
O crescimento do poder de consumo do brasileiro leva a isso, mas tem muito empresário nacional que não acredita nisso.
Redes como "Cacau Show" e "Spoletto" se tornaram gigantes porque passaram a investir, de forma organizada, em alimentação.
Quem não teve a ‘mente manaird’ e acreditou em investimentos no Brasil se deu bem.
Nos anos 90 [FHC/PSDB], os grandes empresários brasileiros que remanesciam saíram vendendo suas empresas, pressionados pelos seus herdeiros e gerentes yuppies.
Tornou-se moda empresário e executivo reclamar todo o tempo do Brasil, choramingar e fazer coro dom as previsões catastróficas.
Parecem, alguns deles, incomodados de o povão ter entrado no mundo do consumo, como se o dinheiro dos pobres não estivesse lhes dando lucros e mais lucros.
Acham normalíssimo o Itaú se entupir de dinheiro aqui dentro e ir lá a Genebra dizer que o Brasil vai mal.
O "McDonald’s", gringo e semiescravocrata até a medula do hamburger, não vacilou: aumentou em 110% sua rede, com mais 81 lojas. E isso mesmo tendo de acertar um termo de ajuste de conduta com o Ministério Público do Trabalho, para reduzir os abusos com o horário de seus trabalhadores.
Parece que, para as nossas elites empresariais, “é feio” acreditar no Brasil."
FONTE: escrito por Fernando Brito em seu blog "Tijolaço" (http://tijolaco.com.br/blog/?p=15233).[Título adicionado por este blog 'democracia&política'].
2 comentários:
Quanto a relação apresentada entre preço e oportunidade, acredito que a crítica é muito superficial. De fato a carga tributária do país ainda poderia ser usado como justificativa do gráfico comparativo de preço entre países, mas se balisarmos na ótica da oportunidade, o mercado nacional ainda possui muita demanda, mas parece que falta ousadia (para enfrentar concorrência, mesmo que já haja líder de mercado) e técnica (conhecimento e aperfeiçoamento).
Dante,
Sim. Falta técnica para o empresário brasileiro. A "carga tributária" é muito usada para ser a "vilã" dos altos preços. Contudo, a gigantesca sonegação dos tributos devidos é que acarreta a sobrecarga para o povo em geral.
Maria Tereza
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