sexta-feira, 4 de abril de 2014

O FIM INGLÓRIO DE JOAQUIM BARBOSA




Por Fernando Brito

"Poucas pessoas são tão exemplares do poder corrosivo do ódio quanto Joaquim Barbosa.

Reduz a figura de um ministro do Supremo – e seu presidente! – a mero carcereiro doentio, destes que se comprazem em provocar sofrimento.

Pior; subverte e usurpa funções autônomas do Judiciário, como faz agora, “tomando as dores” do pupilo que fez ascender à Vara de Execuções Penais do Distrito Federal, afastado pelo Tribunal Distrital por ter atropelado as regras e interpelado direta – e grosseiramente – o governador, o que é legalmente atribuição do Tribunal.

Produziu um despacho que reproduz, quase que ipsis literis, o ato ilegal.

Quer que o governador explique suposições que não estão mencionadas em lugar algum, a não ser em reportagens sensacionalistas e, pior ainda, se é capaz de cumprir suas funções.

Janio de Freitas, hoje, na Folha, descreve bem:

No despacho em que acusa o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, de não investigar as denúncias contra os presos do mensalão, o ministro Joaquim Barbosa ora lhes atribui “irregularidades”, como certeza consumada; ora “fatos narrados”, o que nada assegura sobre fatos reais; “aparentes regalias”, ou meros aspectos; e, de repente, seguro e definitivo, ‘ilegalidades’.

Mas é mais grave o que se passa.

Barbosa, segundo o "Estadão", “também quer saber quais medidas serão tomadas a curto prazo para a retomada do comando do sistema prisional.

O sistema prisional está desgovernado? Com que base o Dr. Joaquim faz essa afirmação?

Mesmo que tudo o que os jornais dizem, com base em informações vagas e anônimas, fosse verdade, um telefonema e um sanduíche do McDonald’s, por acaso, não são sintomas de um sistema prisional “descontrolado”, quando se sabe que tráfico, assassinatos e esquemas mafiosos são comandados de dentro das cadeias, sem que isso jamais tenha comovido o Dr. Joaquim.

Só uma coisa o move, aliás, o ódio.

E esse ódio o faz desrespeitar, com chicanas e pretextos, uma decisão judicial: a de que José Dirceu foi condenado a um regime semiaberto.

Decisão que Barbosa não aceita e sobre a qual, usando seu poder de Presidente do Supremo, despeja sua “sanha reformadora” para transformar, se puder, em prisão fechada, de preferência em solitária e perpétua.

Talvez não perceba, mas acabou o tempo em que a imprensa lhe dava a cobertura necessária para ser um atrabiliário.

O poder de Joaquim Barbosa chegou ao fim."

FONTE: escrito por Fernando Brito em seu blog "Tijolaço" (http://tijolaco.com.br/blog/?p=16183).


COMPLEMENTAÇÃO

Barbosa e a investigação dos supostos privilégios na Papuda, por Jânio de Freitas

Da "Folha"

MUITO À VONTADE

Janio de Freitas

"No despacho em que acusa o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, de não investigar as denúncias contra os presos do mensalão, o ministro Joaquim Barbosa ora lhes atribui "irregularidades", como certeza consumada; ora "fatos narrados", o que nada assegura sobre fatos reais; "aparentes regalias", ou meros aspectos; e, de repente, seguro e definitivo, "ilegalidades".

Tudo isso a propósito das "regalias" e "privilégios" de Delúbio Soares e José Dirceu, e agora, por denúncia na Folha, de Valdemar Costa Neto.

Em fins de fevereiro, Delúbio teve cassadas as suas saídas para trabalho externo, porque um carro da CUT, onde trabalhava, estacionou no pátio da penitenciária. De volta ao regime fechado por um mês, Delúbio recuperou agora o semifechado. No fim de fevereiro encerrou-se o prazo de uma "investigação" para saber se Dirceu, em 6 de janeiro, falou ou não em um celular. Está há muitos dias pendente de Joaquim Barbosa a decisão sobre o emprego de Dirceu em um escritório de advocacia. Valdemar será investigado porque repórteres o acampanaram durante dias, como fazem os tiras, e comprovaram que ele foi acompanhado pela mulher no percurso para o trabalho, aí recebeu dois deputados e, nada menos grave, compraram-lhe um sanduíche na volta à cadeia.

Os dois petistas, e alguns colegas de prisão, foram acusados ainda da "regalia e privilégio" de comer um churrasco na Papuda. Razão bastante para que promotoras brasilienses peçam as transferências de Dirceu e Delúbio para presídio federal.

Espanta que a tantos juzíes, promotores e jornalistas não haja ainda ocorrido, ao menos como hipótese, uma ideia simples. A de que o autor e responsável por "privilégios e regalias" não é quem os desfruta, mas quem os proporciona. Só os parlamentares brasileiros estão livres dessa regrinha.

Delúbio não dirigia o carro da CUT, Delíbio não abriu os portões para o carro. Nem se provou que o carro entrasse na penitenciária para pegá-lo. O churrasco, ao fim de importantes investigações, não saíra do açougue. O uso de celular por Dirceu foi negado pela penitenciária, mas teve depoimento do acusado por exigência do juiz Bruno Silva Ribeiro e duas diferentes sindicâncias. Para a conclusão de que no existiu.

Em que lei está a obrigação de que Valdemar Costa Neto almoce sozinho, não possa falar com a própria mulher a caminho do emprego, esteja proibido de comprar um sanduíche para suprir o jantar perdido no presídio? E quem adivinhou que os deputados fizeram com ele "reunião poltica"?

Dizer, publicar e dar despachos à vontade são "privilégios e regalias".

FONTE da complementação: "Jornal GGN" (http://jornalggn.com.br/noticia/barbosa-e-a-investigacao-dos-supostos-privilegios-na-papuda-por-janio-de-freitas).

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