sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

"TEM GENTE REZANDO PARA QUE A CRISE PEGUE O PAÍS", DIZ LULA

O texto a seguir apresentado, de Simone Iglesias, enviada especial a Colinas do Tocantins, foi publicado pela Folha de São Paulo de 4ª feira:

EM DISCURSO, LULA AFIRMA QUE HÁ GENTE "TORCENDO" PARA O PRESIDENTE "SE LASCAR'

PRESIDENTE VOLTA A PEDIR A TRABALHADORES QUE NÃO REDUZAM O CONSUMO, PARA EVITAR IMPACTO MAIOR DA CRISE MUNDIAL NA ECONOMIA


“O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que tem gente torcendo para que a crise econômica mundial tenha reflexos mais fortes no país para prejudicá-lo.

"Não quebramos nem vamos quebrar. Mas tem gente torcendo. Tem gente que vai deitar rezando "tomara que a crise pegue o Brasil para esse Lula se lascar'", disse, em discurso para funcionários da Odebrecht, que estão fazendo as obras da Ferrovia Norte-Sul, no Tocantins.

Lula explicou aos trabalhadores sobre a necessidade de aumentarem o consumo para que a economia não se desaqueça e aumente o desemprego. Brincando, foi didático com o público: "Quando vocês ouvirem esta palavra durável, é um carro, uma casa, uma máquina. E semiduráveis são uma geladeira, um fogão", afirmou. Na realidade, são classificados como bens semiduráveis itens como vestuário e calçados. Geladeira e fogão são bens duráveis.

Quando informado pela equipe econômica sobre o resultado do PIB no terceiro trimestre, Lula comemorou e disse, de acordo com assessores, que os índices indicam que a economia brasileira se encontrava num momento excelente quando da chegada da crise financeira internacional. O Planalto não comentou oficialmente os números do PIB.

Em discurso improvisado -o texto entregue pela assessoria estava voando do púlpito e Lula decidiu não utilizá-lo-, o presidente fez um desabafo ao lembrar das dificuldades que enfrentou para chegar à Presidência. Disse que depois de 1989, quando perdeu a eleição para Fernando Collor de Mello, percorreu o país na "Caravana da Cidadania" e depois foi impedido de usar o material colhido em sua campanha.

"Quando eu terminei as caravanas, eu tinha consciência de que eu estava preparado para ser presidente. Mas construíram a maior aliança que a elite já construiu nesse país para evitar que eu ganhasse as eleições em 1994", declarou.
Lula disse que, depois de eleito, o país estava praticamente quebrado.

"Pegamos o Brasil em 2003 e estava realmente quase quebrado. Mas decidi que iria consertar [o Brasil] como um peão consegue domar um cavalo bravo", afirmou.

Quanto às críticas aos programas sociais, citou que os recursos pagos pelo governo ao Bolsa Família servem para ajudar na alimentação e comparou a gorjetas. "Mais R$ 70 ou R$ 80 para uma dona de casa é menos que uma gorjeta que o rico dá no bar depois de encher a cara de uísque", afirmou.”

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