O site “Vi o Mundo”, do jornalista Luiz Carlos Azenha, postou 6ª feira o seguinte artigo:
“Quando os Estados Unidos se viram livres das amarras da guerra fria e foram atacados... retaliaram contra um país que não os atacou. Usaram as armas de destruição em massa fajutas para "promover a democracia" no Iraque, ampliar sua presença militar na região e eliminar um dos rivais de Israel.
Quando os Estados Unidos se viram atolados em duas guerras e claramente não tinham apetite nem estômago nem dinheiro nem capacidade militar para intervir, a Rússia acertou as contas com o vizinho incômodo.
Foi o Hamás que provocou Israel ou vice-versa? Seja como for, o fato concreto é que Israel decidiu mudar a equação regional à força e, ainda que sob alguma pressão internacional, prossegue na ofensiva militar enquanto tenta arrancar concessões políticas do inimigo. Um leitor deixou uma mensagem há pouco: Israel deu uma demonstração de força perante o futuro governo Obama, disse ele. Concordo. Talvez eu não tenha me expressado bem em um texto anterior, quando escrevi que Israel tinha dado uma demonstração de independência "dos Estados Unidos". Foi nesse sentido: com a invasão da faixa de Gaza Israel deu o recado para toda a região e para os Estados Unidos: faremos tudo o que considerarmos necessário para garantir nossa segurança, independentemente do que pensarem os vizinhos ou o mundo como um todo.
A Colômbia, com apoio dos Estados Unidos, atacou o acampamento das FARC em território do Equador. Foi, regionalmente, um avanço da chamada "relativização das fronteiras". Ou da doutrina da guerra preventiva inaugurada pelo governo Bush.
Eu não sei se essa doutrina foi formulada por um diplomata brasileiro: a de que seria necessário, num mundo unipolar, "amarrar" os Estados Unidos em organismos multilaterais. De certa forma na invasão do Iraque Washington rompeu com isso.
Atropelou a ONU. E é a tal história: dá para "desatropelar"? No caso da Geórgia os apelos externos pouco importaram. Os russos só se retiraram depois de "fazer o serviço". É o que vai acontecer em Gaza.
Meu ponto é que esse conflito mostra, mais uma vez, como as Nações Unidas estão desmilinguidas. A ONU vai assumindo cada vez mais o papel de agência humanitária. É a UTI dos pobres. A quem serve o tal princípio de "fronteiras flexíveis"? A quem tem força.
E o Brasil, convenhamos, não tem. A política externa brasileira é 100% conversa. Faz sentido. O cálculo é de que um país grande como o Brasil engole os vizinhos economicamente. Como está acontecendo, aliás. É só visitar as regiões fronteiriças, especialmente no Uruguai, Paraguai, Bolívia e Venezuela.
O Brasil tem um dos melhores corpos diplomáticos do mundo. Isso é reconhecido pelas melhores chancelarias do planeta. E o país ainda aposta em uma reforma das Nações Unidas e na retomada do multilateralismo. Tenho lá minhas dúvidas. Depois do Iraque, da Colômbia, da Geórgia e de Gaza... sei não. Como escrevi outro dia, exagerando, acho que as coisas caminham mais para um "cada um por si". Até porque isso rende venda de armas e o complexo industrial militar sobre o qual nos alertou o presidente Dwight Einsenhower, em seu famoso discurso, está mais forte do que nunca.”
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