O jornal Folha de São Paulo ontem publicou o seguinte texto de Clara Fagundes:
"Tanto Israel quanto o Hamas violaram os termos da trégua acertada em junho de 2008, afirma o Itamaraty. Articulador da resolução do Conselho de Direitos Humanos (CDH) da ONU que condena a ofensiva à faixa de Gaza e cria uma missão internacional para investigar violações humanitárias israelenses, o Brasil rechaça acusações de viés pró-palestino.
"A posição do Brasil é legalista. Se há parcialidade, é uma parcialidade a favor dos direitos humanos", diz o diplomata brasileiro Sílvio Albuquerque, lembrando que Israel não suspendeu o bloqueio econômico a Gaza. Alburquerque representou o Itamaraty no evento da Comissão Teotônio Vilela de Direitos Humanos (CTV) que lançou ontem, em São Paulo, uma carta aberta por um cessar-fogo em Gaza.
Aprovada por 33 votos a 1, com 13 abstenções, a resolução do CDH foi rejeitada pelo Canadá e não recebeu endosso dos países europeus, que criticaram a ausência de condenação explícita ao Hamas. A única referência ao grupo é diluída em uma exortação a "todos os envolvidos" para não usarem violência contra civis.
O documento resulta de uma delicada negociação com o grupo de países latino-americanos e do Caribe no CDH, muitos favoráveis a uma versão mais dura. O texto demanda que Israel "pare de alvejar civis e instalações médicas", mas excluiu do rascunho uma evocação da "responsabilidade de proteger populações do genocídio, crimes de guerra, limpeza étnica e crimes contra a humanidade".
A crítica à atuação em Gaza não afeta a "relação amistosa" com Israel, único país não latino-americano a firmar acordo de livre comércio com o Mercosul, contemporiza o Itamaraty.
Para o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), membro da CTV, manter "a melhor relação possível" com Israel é crucial para facilitar as negociações de paz na região. Cético quanto às grandes convenções de paz no Oriente Médio, ele diz que "a modéstia, e não o grande protagonismo, pode ser a grande virtude do Brasil" na mediação.
Em viagem ao Oriente Médio, destinada a oferecer apoio ao cessar-fogo, o chanceler Celso Amorim encontrou-se com o rei da Jordânia, Abdullah 2º. O Itamaraty também articula a saída dos "três ou quatro brasileiros" que estão em Gaza, mas conta que eles desistiram de deixar a zona conflagrada, preferindo ficar com suas famílias, impedidas de deixar a área.”
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