O blog “Cidadania” postou ontem artigo de Eduardo Guimarães sobre a entrevista concedida pelo Presidente Lula à revista Piauí (jornalista Conti), publicada este mês na edição nº 28. A íntegra da entrevista pode ser lida no blog “Por um novo Brasil”. No blog “Cidadania”, consta o texto completo do artigo de Eduardo Guimarães, do qual selecionei o seguinte trecho:
“(...) A entrevista do presidente à Piauí, em síntese, não passou de uma tentativa da revista de arrancar dele ataques à mídia, mas pareceu-me que de forma a comprazer seus agressores por estarem provocando nele um dos efeitos que lhes compensaria (aos agressores) a ineficácia da estratégia de desmoralizá-lo publicamente: queriam que Lula se mostrasse atingido e magoado, demonstrando falta de tranqüilidade ou algum outro sinal de estar se deixando combalir pelos insultos, deboches e calúnias que saem na grande imprensa escrita, falada, televisada, na internet, no rádio, em telejornais, programas humorísticos, novelas e onde mais se puder imaginar.
Bem, o tal Conti, que o entrevistou, não conseguiu arrancar o que queria. Lula tripudiou, inclusive com palavras que literalmente arrasaram a mídia, sem, no entanto, parecerem duras.
O fato é que li a entrevista e depois ouvi sua gravação em áudio. Traduzindo para o literal as palavras de Lula sobre a imprensa, ditas com uma habilidade quase sobre-humana de suavizar críticas extremamente sérias, o que ele disse foi que:
-- O comportamento manipulador e partidário dos meios de comunicação, é “histórico”, o que ficou claro que foi alusão a um Jango Goulart ou a um Getúlio Vargas.
-- A mídia nunca teve preocupação de fazer coisas “favoráveis” por ele, Lula, em outra alusão clara, só que agora ao seu antecessor Fernando Henrique Cardoso.
-- O cidadão Lula nunca se preocupou muito com a falta de favorecimento da imprensa, por mais que esta pense o contrário.
-- O cidadão Lula acredita, intimamente, na inteligência do público, que saberia discernir tentativas de favorecimento ou má vontade – e má fé – contra o governo.
-- Jornalistas que o criticam parecem achar que suas críticas são recebidas por todo o público como verdade absoluta, e esses jornalistas não acreditam na capacidade de “análise” desse público.
-- A mídia perdeu poder, porque a informação hoje é muito plural, existindo várias alternativas de informação, sobretudo na internet – e, nesse contexto, ressaltou, por duas vezes, o valor dos blogs.
-- A mídia se deixa usar por determinados políticos para “plantarem” nela o que querem ver no noticiário.
-- Essa relação entre políticos e jornalistas é “promíscua”.
-- A mídia inventa “fontes” para divulgar o que lhe interessa
-- A tática da mídia de atribuir ataques e acusações a “fontes” anônimas, é “indigna”
-- O cidadão Lula não lê jornais porque lhe dão “azia”, preferindo receber de assessores só as matérias que forem “importantes”
-- A maior parte do que sai na mídia, não é importante (insinuação)
-- O cidadão Lula “raramente” vê tevê, porque não tem tempo
-- Assistir tevê é perda de tempo (insinuação)
-- A mídia “deforma” a notícia com a própria opinião, sem se importar com o fato como ele é
-- Os empresários do setor de comunicações não são melhores do que os empresários da construção civil, por exemplo, e por isso não recebem nenhum tipo de tratamento especial, mas eles querem que seja diferente (insinuação)
-- A imprensa publica mentiras e não diz que era mentira o que publicou quando se descobre que assim era.
-- Acusação de ser “chapa-branca” é usada para coagir meios de comunicação a não divulgarem fatos positivos sobre o governo
--Nunca foi provada qualquer culpa de José Dirceu, e seu acusador (Roberto Jefferson) foi cassado porque não provou a acusação que fez ao ex-ministro, que, portanto, seria inocente, apesar de a mídia tê-lo condenado com insinuações
-- A mídia só difunde o que dá “Ibope” em detrimento do que é importante, e não promove debate público sobre questões sérias.
-- A mídia trocou gente que entende de economia pelas Mirians Leitão da vida (insinuação)
-- Alegando não querer ser “chapa-branca”, mídia se transforma em “chapa-marrom”
-- Merval Pereira, do Globo, é jornalista de um pensamento só: contra o governo
-- Ali Kamel , usando o Jornal Nacional, tentou impedir a reeleição dele, Lula, em 2006 (insinuação)
-- Globo é o maior anti-Lula – conclusão por depreensão das menções particulares a meios de comunicação
-- Lula não vai às festas da Globo porque a Globo não gosta de Lula e porque este aprendeu a se respeitar, não indo aonde não gostam dele.
-- O governo gasta com publicidade oficial proporcionalmente ao público que tem cada veículo, sendo mentira que investe mais na Caros Amigos ou na Carta Capital, que recebem publicidade do governo tanto quanto os veículos que falam mal dele.
-- Um dos motivos de a mídia não gostar de Lula é porque o governo parou de aplicar mais recursos de publicidade nos grandes veículos do que a audiência que cada um tem, ou seja, ao distribuir a verba de publicidade por critérios técnicos, os que “mamavam” ficaram bravos.
-- O cidadão Lula não julga a imprensa; a história é que irá julgar...
-- Se a mídia acha que atinge Lula, segundo ele ela está enganada. Ele diz que dá muito menos importância a ela do que ela pensa.
Essas foram as críticas mais importantes que Lula fez à mídia numa entrevista que não girou sobre outro assunto. E a maior de todas as esculhambações da mídia nessa entrevista, e que algumas pessoas podem não ter notado, foi o Palácio do Planalto ter gravado a sua íntegra, revelando desconfiança do que a revista Piauí faria com as palavras do presidente."
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário