quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

O CAMINHO QUE LEVA À CASA BRANCA

O site “Direto da Redação” publicou 2ª feira o seguinte artigo de John Hemingway. O autor é escritor e tradutor, formado em História na Universidade da Califórnia. É neto do célebre escritor Ernest Hemingway:

“Montréal (Canadá) - Eu nunca fui fã de Obama. Nem mesmo no auge da Obamania, quando comentaristas liberais e muitos dos meus amigos entravam literalmente em extase à simples menção de seu nome, eu era capaz de aceitar plenamente essa insidiosa forma de negação que as pessoas adotam quando elogiam o Presidente eleito.

Não tenho nada contra o homem pessoalmente. Como advogado e escritor ele tem sido muito bem sucedido. Foi um dos primeiros alunos na faculdade de Direito de Harvard, um autor de dois best sellers autobiográficos, é o exemplo típico do americano self-made man, um verdadeiro cara do tipo Horatio Alger (autor americano (1832-1899) que escreveu aproximadamente 135 novelas baratas). Mas, como politico, não vejo nada excepcional nele. Como todos que concorreram à presidência dos Estados Unidos, desde o final da II Guerra Mundial, ele fez promessas que sabia que nunca poderia cumprir.

Bajulou entusiasticamente sua base democrática, prometendo mudar tudo. Jurou que acabaria com a guerra no Iraque e traria de volta a paz ao Oriente Médio. Reformar o sistema de saúde e reconstruir nossas escolas, fazendo com que os americanos voltassem a sentir orgulho de serem americanos, eram suas prioridades. Iria em suma restaurar a honra e a dignidade do país no cenário mundial, fazendo-nos esquecer os anos de obscenidades de Bush.

Mas, mesmo antes de ser eleito, ele foi mostrando suas verdadeiras cores. Tão logo ele costurou sua indicação à corrida presidencial, esmagando o sonho de Hillary de ter outro Clinton no banco do motorista, ele declarou seu amor eterno ao sionismo numa reunião do AIPAC (Comitê Americano-Israelense de Assuntos Públicos), em Washington. Ajoelhar-se diante do lobby judaico na América é o imposto que qualquer politico que tenha ambições nos EUA tem que pagar, mas Barack foi um pouco mais longe do que a maioria. Sem se converter, mas vestindo um solidéu 24 horas por dia, sete dias na semana, ele fez a única coisa que certamente convenceria esses “kingmakers” (aqueles que têm poder politicos para influenciar a escolha de um candidato) do seu eterno apoio à causa sionista. Ele prometeu-lhes Jerusalém.

Atualmente, apenas dois países no mundo (Costa Rica e El Salvador) reconhecem Jerusalém como capital de Israel. Nem mesmo os Estados Unidos, que distribuem anualmente 2.4 bilhões de dólares em equipamentos militares para seus aliados israelenses, têm a sua embaixada em Jerusalém. O estatuto da cidade (pelo menos para as Nações Unidas) é aberto. Desde a guerra de 1967, Jerusalém Oriental é oficialmente um território ocupado, mas não para Obama. Em sua palestra no AIPAC ele disse: "Jerusalém continuará a ser a capital de Israel, e deve permanecer indivisível".

Desnecessário dizer que os palestinos e o resto do mundo árabe ficaram indignados.

Não era esse o homem que iria transformar tudo, que sozinho reverteria décadas de ocupação e de limpeza étnica por parte dos israelitas? Não era ele que promoveria mudanças reais e significativas? Não seria este filho de um intelectual islâmico africano, cujo nome do meio é Hussein, aquele que rejeitaria veementemente a política de qualquer outro país que refletisse o vergonhoso passado da política americana da colonização e o extermínio de sua população indígena?

Dificilmente. O homem é um americano afinal, e nos Estados Unidos um político não chega a nenhum lugar se ele apoia uma "visão equilibrada" da Faixa de Gaza, da Cisjordânia ou dos direitos da Palestina de retomada de suas terras. Obama pode ter tido amigos palestinos, no passado (o notável professor Edward Said me vem à mente), mas logo ele se tornou um senador americano e toda essa diversidade de opiniões terminou. Existe apenas uma visão real, um verdadeiro caminho que leva à Casa Branca, e esse caminho está com os sionistas.

Portanto, se bombardear bairros densamente populosos e escolas protegidas pela ONU (40 crianças de uma só vez, bom trabalho Forças de Defesa Isralenses!) não é das coisas que você mais goste, e se você pensa que a utilização de fósforo branco "Willy Pete" e munições DIME ilegais contra civis é um hediondo crime de guerra e deve ser interrompido, não espere qualquer simpatia do coroado Príncipe das Mudanças. Ele vendeu sua alma ao "status quo" anos atrás.”

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