Li hoje no site “Vermelho” o seguinte texto produzido com informações do Jornal Expresso:
“Os indianos celebraram na semana passada o “Holi”, apesar do choque dos atentados terroristas em Mumbai ainda perdurar, e pareceram ter mais motivos para comemorar este festival hindu do que os chineses quando puseram o pé no novo ano do Búfalo. A Índia parece ser uma exceção à crise que o diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI) garantiu recentemente que empurrará a economia mundial para uma recessão global este ano.
Segundo o jornal The New York Times, as previsões são de desaceleração econômica suave — de 9,3% em 2007, para 7,8% em 2008 e talvez 6,9% este. Mesmo com tantas nuvens e incerteza, algumas previsões dizem que a Índia pode ficar acima da China, que tem sido a campeã do crescimento no Bric (grupo das quatro potências “emergentes”, Brasil, Rússia, Índia e China, criado pela Goldman Sachs em 2003).
A longo prazo, diz o professor Rajesh Chakrabarti, da Indian School of Business, em Hyderabad, ''a Índia será o Bric com a trajetória de crescimento mais longa, dada a sua demografia — o país estará em muito boa posição quando a crise passar. O otimismo moderado sobre a Índia não resulta da ficção “Slumdog Millionaire” ter sido premiada em Hollywood com oito estatuetas do Oscar e prometer dar mais um empurrão no negócio de Bollywood. Advém do fato da teoria econômica do desenvolvimento rápido ter sido virada do avesso.
ORIENTAÇÃO “PARA DENTRO”
O que ontem era um ponto forte para um crescimento rápido dos famosos ''tigres'' e candidatos a tal — o papel motor das exportações —, hoje parece ser uma dependência que só dá dor de cabeça porque o comércio internacional, já o disse o Banco Mundial há algum tempo, vai quebrar este ano. Os chineses certamente vão sentir mais essa reviravolta. ''As exportações em relação ao PIB pesam apenas 15%, comparado com 35 a 40% na China, Filipinas e Coreia do Sul ou 60% na Tailândia e Taiwan, ou quase 90% na Malásia e Singapura'', observa Ashutosh Sheshabalaya, consultor e autor do livro Made in Índia.
Analisando pela óptica da ''abertura ao exterior'', incluindo todo o comércio internacional realizado pelo país (ou seja, importações e exportações), ''o peso no PIB é de apenas 44%, um valor muito mais baixo do que nos outros países asiáticos'', sublinha Mohandas Pai, responsável pela área de Recursos Humanos da Infosys, uma das ''estrelas'' do setor tecnológico.
Na Índia, a orientação dominante ''para dentro'' levou as empresas indianas a disporem de um enorme ''mercado cativo'', diz P.A.Narayan, um empreendedor da área farmacêutica, fundador da Cleatus Laboratories, em Bangalore. O que, aparentemente, surge como uma ''almofada'' para o embate com a crise mundial.
“LIXO” FINANCEIRO
Na verdade, a Índia escapa aos maiores rigores da crise sobretudo no que diz respeito aos impactos na economia real porque está menos exposta às oscilações da exportação e porque dispõe de um mercado interno com mais de 300 milhões de consumidores da “classe média”. Mas mesmo na exportação a Índia tem uma particularidade que a pode imunizar relativamente: ''alguma inelasticidade'', diz Sheshabalaya.
Uma parte muito dinâmica são as exportações de serviços de alto valor (nomeadamente serviços às empresas apoiados em tecnologias de informação), joalheria e pedras preciosas (um valor de refúgio em tempos de crise), turismo de saúde, indústria farmacêutica e biotecnologia, manufatura flexível e produtos e tecnologias desenhadas propositadamente para o mundo “em desenvolvimento”.
No entanto, globalmente a exportação caiu 20% nos últimos quatro meses, afetando os setores de confecção e automóvel. Também o sistema financeiro é tido como mais sólido do que em grande parte da Ásia. A Índia conseguiu um bom equilíbrio entre poupanças (35%) e investimento — o sistema bancário do país é intrinsecamente forte. O chamado ''lixo'' financeiro deve ser inferior a 2%. Em suma, no Bric, a Índia é o caso mais intrigante. Merece ser observado de perto.”
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