segunda-feira, 23 de março de 2009

COMO FOI A DEPOSIÇÃO DO PRESIDENTE LULA

Li hoje no site “Conversa Afiada” o seguinte texto com a fina ironia do jornalista Paulo Henrique Amorim:

“Conversa Afiada tenta registrar aqui, amigo navegante, os passos que levaram à deposição do presidente trabalhista Luis Inácio Lula da Silva, eleito duas vezes de forma esmagadora: 61% a 39%.

Lula foi o primeiro presidente trabalhista desde a deposição em 1964 do presidente eleito constitucionalmente, João Goulart.

Clique aqui para ler o memorável discurso de Jango na Central do Brasil, pouco antes de cair

Os que derrubaram Jango e os que derrubaram Lula, porém, dessa vez, em 2010, não conseguirão colocar no poder um representante da UDN.

A UDN não ganha eleição. A UDN dá golpe.

Neste momento, segundo as pesquisas triunfais (*) da Folha, o derrotado em 2010 será Zé Pedágio.

Lula fará o sucessor, mesmo que não governe mais.

Nesse momento, o presidente Lula é uma espécie de Príncipe Charles.

Vai a inaugurações, faz discursos, cumprimenta autoridades, admira as cabrochas em evolução, e administra, de certa forma, a política externa, porque, até agora, o Golpe de Estado de Direita ainda não resolveu tomar a política externa dele.

Quem governa o Brasil é a velha elite de sempre, branca e golpista e, no caso de São Paulo, separatista, como a Liga Norte, da base de apoio de Berlusconi.

A elite branca, golpista e separatista se exprime no PiG e no Presidente Supremo do Supremo, Gilmar Dantas, segundo Ricardo Noblat.

Ele é o nosso Berlusconi, como disse João Pedro Stédile

O presidente Lula começou a cair quando comprou a “transição civilizada” que o

Fernando Henrique Cardoso lhe propôs. O Farol de Alexandria saiu bem na foto.

E Lula se encolheu: não investigou a privatização de FHC, aquela de que Daniel Dantas foi o herói máximo.

Como diz a professora Marilena Chauí, na “transição civilizada”, Lula deixou de fazer a reforma tributária – tirar dos ricos para dar aos pobres.

E foi fazer a reforma que os neoliberais, a Miriam Leitão e o Farol de Alexandria não conseguiram fazer: a da Previdência, que tira dinheiro dos pobres.

Na “transição civilizada”, Lula não enfrentou o PiG, que pregou o impeachment desde o dia em que tomou posse.

Lula achou que era mais ele: deixa a Globo comigo !

Ele achou que ia “charmar” a Globo e que o PiG ia se afundar sozinho.

Quem sabe que o PiG é um poderoso instrumento político é o Farol de Alexandria, que usou o PiG para difundir as idéias (?) do Quanto Pior Melhor.

O PiG não ganha eleição, o PiG está em crise terminal, mas, ainda é capaz de se apropriar, nesta sub-democracia sem povo, dos temas centrais, da agenda política.

“Na transição civilizada”, Lula escolheu um Presidente do Banco Central que ele jamais poderia demitir. Um representante legítimo do “mercado”.

E deu no que deu: a mais desastrosa gestão do Banco Central, desde os tempos iluminados de FHC, quando as taxas de juros iam além dos 40%…

Lula começou a cair quando a Polícia Federal, que, àquela altura, era uma Polícia Republicana, dirigida pelo ínclito delegado Paulo Lacerda, pediu o indiciamento do Vavá, o irmão do Presidente. Ali, Lula decidiu demitir Lacerda.

E demitiu também porque percebeu que Lacerda ia pegar – como pegou – Daniel Dantas.

Lula começou a cair quando, depois de mandar, por três vezes, o PT e os fundos de pensão pegar Daniel Dantas, fugiu com medo de Dantas.

E fez a BrOi, uma patranha, cujo único objetivo era calar a boca de Dantas, com um bom-bocado de US$ 1 bilhão.

Na BrOi, Lula chegou para o Fernando Henrique e disse: você segura no meu Daniel Dantas que eu seguro no teu.

Lula concluiu a privatização como FHC tinha começado: com o dinheiro do povo depositado no bolso de meia dúzia de espertalhões (Dantas ganha deles todos).

Não é à toa que o Farol de Alexandria chama o bandido condenado Daniel Dantas de “brilhante”!!!

Nem o Serra faz isso.

Zé Pedágio manda a filha conversar com a irmã de Dantas e fica de bico calado.
Ou manda o Naji Nahas vender a CESP – como está registrado na Satiagraha.

Mas, Lula começou a cair mesmo quando depôs de forma ignóbil o ínclito Ministro Waldyr Pires e trouxe para o Ministério da Defesa um simulador de produtividade, o tucano serrista Nelson Jobim.

Com medo do mensalão, Lula se aconselhou com Jobim.

Lula gosta de “juristas”. Antes, era Marcio Thomas Bastos, também, como Jobim, amigo dos amigos de Dantas.

Jobim botou na cabeça de Lula que era preciso tratar o Gilmar Dantas, segundo Noblat, a pão-de-ló.

Porque o Gilmar poderia derrubar Lula quando o mensalão chegasse ao Supremo.

Jobim demonstrou que Lula era refém de Gilmar, por causa das patifarias de Daniel

Dantas com o PT e José Dirceu no mensalão.

Jobim trancou Lula e entregou a chave a Gilmar.

E com a ajuda do PiG, o Supremo Presidente do Brasil passou a ser, de fato e de direito, Gilmar Dantas, segundo Noblat.

A última humilhação é a que o Estadão descreveu na sexta e no sábado. Lula pediu ao Presidente Supremo do Supremo que mude a Lei e faça com que a última palavra numa deportação seja do Supremo – dele, Gilmar – e, não, como manda a Lei, do Presidente da República.

Lula quer livrar a cara, depois que embarcou na canoa furada que José Dirceu, o “Gomes” e o Tarso Genro construíram para ele: o criminoso italiano Cesare Battisti.

Para não parecer que recuou, Lula se ajoelhou diante de Gilmar, mais uma vez.

Você deporta o Battisti e diz que só você poderia fazer isso.

E eu vou inaugurar aquela bica do PAC lá em Garanhuns.

Gilmar Dantas, segundo Noblat, reeditou o “decreto secreto”.

Ele põe o que quiser no “decreto secreto”. E Ele decide sobre qualquer coisa.

O Conselho Nacional de Justiça ratifica e o PiG diz que ele é “corajoso”, como sentenciou FHC, na mesma inesquecível entrevista.

Em que Ele se baseia, o Supremo Presidente, para decidir sobre tudo e todos ? Na forma muito peculiar que ele tem de interpretar a Lei. . Ou, por meio de decretos secretos.

O que dizem os decretos secretos? São secretos.

Ele vai depor o Lula? Não precisa.

Lula já caiu para dentro.

Mas, se precisar, ele depõe e põe o Sarney no lugar.

Viva o Brasil!"

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