”O mundo está se tornando multipolar e praticamente nenhum país conseguirá sobreviver sozinho neste novo cenário, nem mesmo as superpotências como os Estados Unidos ou a China, provocando a formação de blocos mundiais. Daí a importância de um processo de integração na América Latina para garantir presença forte em um mundo em transformação, sobretudo em época de crise global, afirmou o professor Marco Aurélio Garcia, vice-presidente nacional do PT e assessor especial de política externa da Presidềncia da República.
Ele participou da mesa de debates América Latina: lutas populares e governos progressistas frente à crise, durante o segundo dia do Seminário Internacional sobre a Crise Mundial, realizado pelo PT, PCdoB e Fundações em São Paulo neste domingo (21). A mesa contou ainda com a participação do economista Teotônio dos Santos, professor da UFF. A mesa foi coordenada por Valter Pomar, secretário de Relações Internacionais do PT.
Segundo Marco Aurélio, é fundamental que o processo de integração no continente latino-americano não se restrinja apenas a uma integração comercial, que poderá assimetrias importantes devido ao peso econômico de países como Brasil e Argentina.
“Por isso, o Brasil atua para a construção de um processo de integração que seja produtiva e que promova um desenvolvimento harmônico entre os países da região. Além disso, é preciso se evitar uma tendência protecionista que esteve na raiz das grandes crises que vivemos em décadas passadas.
“Quem hoje se opõe a essa integração são setores conservadores da grande mídia e alguns diplomatas aposentados que insistem que o Brasil deve fortalecer relações comerciais com os EUA e a União Européia. Eles se esquecem que durante o governo Lula o nosso comércio com os norte-americanos e europeus triplicou e atinge 20% ao ano. O primeiro parceiro comercial do Brasil hoje é a China, em segundo os EUA e em terceiro a Argentina. Temos um volume de negócios de 7 bilhões de dólares com a Venezuela e eles são contrários à entrada do país no Mercosul”, afirmou.
Ele afirmou ainda que é preciso haver uma preocupação cm relação às mudanças ocorridas no mundo nos últimos anos, não somente com relação aos aspectos econômicos, mas também é necessário uma compreensão dos processos políticos verificados nos países.
“O G-20 como condomínio internacional não se sustenta mais, sem a presença dos BRICs e de países como a Argentina, que poderão dar um suporte maior no enfrentamento dos desafios colocados no mundo atual”, disse.
CAPITALISMO DE ESTADO
Em sua exposição sobre o tema Crise e alternativas socialistas, o economista e professor Teotônio dos Santos fez um resgate cronológico das diversas crises do capitalismo desde o início do século XX.
Ele alertou para a forte intervenção estatal e uma tendência forte de estatização que vêm ocorrendo no mundo, onde, segundo ele, de dez das maiores empresas do mundo sete receberam investimentos dos governos, sendo a maioria na China.
Segundo ele, com a crise atual, o capitalismo de Estado atingiu um grau fora de qualquer cálculo razoável para subsidiar e manter o sistema financeiro.“O que se busca no momento é a preservação do setor privado, então será que essa estatização significará socialização”, indagou ele”.
FONTE: Site do PT em 22/06/2009
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