segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

PREOCUPA A CAPACIDADE DE DEFESA BRASILEIRA

Grumann C-1A Trader (sendo comprados no ferro-velho dos EUA pela nossa Marinha, para recuperação)

INTRODUÇÃO DESTE BLOG:

[Todo país, mesmo os sem ameaças evidentes (que hoje surgem inesperada e rapidamente), tem que investir em segurança, nas suas Forças Armadas. Exceto notórias exceções, com situação não aplicável ao Brasil (ex.: Porto Rico, Vaticano, Andorra, San Marino).

Comparemos metaforicamente o Brasil com uma casa grande, rico patrimônio, situada em rua tranquila, com bons vizinhos. Se o proprietário acreditar nessa paz e aceitar idéias “modernas” de terceiros, de seus “grandes amigos”, conselhos para não colocar muros, portas, janelas, trincos, visando a economizar despesas nesses itens de segurança para dedicá-las "ao social”, os perigos, os assaltos, as invasões com estupros dentro de sua casa invadida logo surgirão. Nada mais adiantará sair correndo para tentar encomendar grades, portas, janelas, trancas e fechaduras somente quando um grupo de malfeitores “da zona norte” aparecer na esquina ou já dentro de casa.

Da mesma maneira ficou e está vulnerável o Brasil.

Especialmente, agravou-se desde o início do governo FHC/PSDB/DEM. E a ‘Folha’ e a ‘grande imprensa’ em geral então davam todo apoio à intensa divulgação de conceitos capciosos proferidos até por altos governantes. Os argumentos constantemente martelados na imprensa eram: “gastar só com o social” (realmente, o governo gastava desmesuradamente com comunicação "social"...); “não temos ameaças”; “Forças Armadas no Brasil para quê!?!”.

Assim, ficamos ainda muito mais fracos, indefesos, submissos. Já não apresentávamos a menor capacidade de resistência à eventual ação contra patrimônio brasileiro por parte de força militar estrangeira de alguma potência.

A campanha nociva continuou no governo Lula. Por exemplo, a citada Folha de S. Paulo publicou em 02/05/2004, como “Opinião”: “O Brasil ter Forças Armadas é só por diletantismo, já que há décadas não há guerras e não há nenhuma guerra à vista”. No mesmo ano, na data magna da celebração da independência brasileira, o mesmo jornal publicou: “Parada militar para celebrar o chamado Dia da Pátria é, em país pacífico, uma imitação de países guerreiros e, acima de tudo, uma impropriedade absoluta e lamentável” (Jânio de Freitas, FSP, 07/09/2004).

Por isso, leio o artigo a seguir transcrito, da Folha de São Paulo, tentando descobrir “maldades” nas suas entrelinhas. Contém indícios suspeitos, porém aparenta, propositadamente ou não, ter sido escrito com espírito favorável à indispensável modernização das nossas Forças Armadas [coloquei alguns trechos entre colchetes e em itálico para tornar mais correta a informação]:

POLITIZAÇÃO E VERBA ESCASSA FREIAM RENOVAÇÃO MILITAR

Por Igor Gielow, na "Folha"

“Vulnerável, país busca defesa compatível com suas [dimensões, patrimônio e] pretensões internacionais. Cortes e falta de diálogo entre as Forças [existiria “falta de diálogo” na “opinião” da Folha] fazem o país pôr na geladeira projetos como compra de caças e de fragatas.

De um lado, 36 caças modernos e uma conta que não sai por menos de R$ 10 bilhões. Do outro, oito carcaças [de C1-A] estocadas no deserto do Arizona de um avião dos anos 1960, arrematadas por R$ 390 mil. Incomparáveis, os dois negócios ajudam a resumir problemas da modernização militar do Brasil.

Desde que começou a buscar espaço internacional comparável à sua crescente estatura econômica, e principalmente após descobrir um mar de petróleo sob a camada do pré-sal em 2007, o Brasil colocou em sua agenda a necessidade de ter Forças Armadas compatíveis [com o seu patrimônio e] às suas pretensões.

Hoje, o país não enfrenta ameaças, mas é vulnerável -e modernização militar é um processo de vários anos.

Aí entra o primeiro negócio, a concorrência para a compra dos novos aviões de combate da FAB, que já se arrastava havia dez anos, afetada por pressões políticas e falta de verba.

Depois de idas e vindas e de ter fechado ["fechado" segundo a "Folha", pois não houve a escolha oficial] com franceses e seu caro Rafale, contra a preferência da Aeronáutica pelo sueco Gripen [também na opinião da Folha], o governo Lula deixou a questão para Dilma Rousseff. Pesou na decisão a contrariedade com a falta de apoio francês à posição brasileira [assumida com indesejável (para os EUA) êxito do Brasil em busca de paz e entendimento entre as nações] sobre o programa nuclear do Irã [até o presente estágio, o programa iraniano é comprovadamente pacífico, para fins de geração de energia e médicos, mas é acusado como pretexto, especialmente pelos EUA e Israel, dois países hipócrita e fortemente armados com bombas atômicas. Acusam eventual futura intenção bélica do Irã para justificar ataque norte-americano que objetiva lá controlar a produção e exportação de petróleo, como os EUA e seus aliados fizeram no Iraque].

[Continua a "Folha"]:

Os EUA reforçaram então o lobby de seu F-18. Mas nada será gasto este ano, já que o governo está decidindo o corte de R$ 50 bilhões do Orçamento. Mesmo sendo uma conta a ser paga em vários anos, não há clima [creio ser essa “opinião desprendida” o "caroço" da maligna mensagem do artigo do jornal] para um anúncio desses -estão na geladeira caças, novas fragatas e controle de fronteiras.

"POLITIZAÇÃO"

"É o maior exemplo de politização de um contrato de compra militar no Brasil. Isso causa preocupação para as empresas internacionais de defesa que buscam explorar oportunidades no país. E, claro, isso causa impacto nas capacidades militares brasileiras", resumiu à Folha Guy Anderson, analista-chefe da Jane"s Defence Industry", unidade da principal consultoria inglesa de defesa do mundo. Ele assina um detalhado estudo sobre o Brasil, publicado no dia 27 passado, no qual prevê um aumento de 35% nas encomendas militares do país até 2015 [a conotação inglesa e da Folha é de ser muito 35% no total, distribuídos ao longo de cinco anos. Contudo, seria índice muito baixo, pois parte do ridículo nível baixo ao qual o Brasil chegou].

O relatório aponta questões como corrupção e burocracia [corrupção na indevida opinião” da Folha e do seu “analista” inglês, pois até hoje, felizmente, não surgiu esse caso em compras de armamento efetuadas pelas nossas Forças Armadas], e um ponto central: "A modernização só será bem-sucedida se houver uma mudança nos processos de compra. Hoje elas são feitas pelas três Forças, em vez de um órgão central no Ministério da Defesa".

Aí entram os aviões estocados desde 1985 no deserto do Arizona. A Marinha decidiu que tinha de colocar um aparelho de apoio em seu porta-aviões, o "São Paulo", para adquirir capacidade de operação. O navio acaba de passar cinco anos parado para reparos, e seus [velhos] caças A-4 servem somente para treino.

Assim, a Força comprou em agosto as carcaças do velho americano [Grumann] C-1A Trader. Quer colocar quatro deles voando até 2014, e canibalizar o resto. Segundo estimativas, a modernização pode custar até R$ 6,5 milhões a unidade.

"A Marinha terá o status orgulhoso [deboche da "Folha"] de possuir o mais antigo porta-aviões e os mais velhos aviões em atividade nele", ironizou a publicação russa "Periskop".

Na Marinha, argumenta-se que ou é isso ou é esperar o governo dispor de dezenas de bilhões para um porta-aviões que use os caças que serão comprados pela FAB.

O jeitinho parece funcionar para os almirantes, que modernizaram navios antigos com recheio eletrônico novo. "A Marinha é a mais equipada das Forças", diz Felipe Salles, editor da "Base Militar Web Magazine". [Esse falso elogio da "Folha" à Marinha é sutil indução para não haver gastos com Defesa Nacional, mas somente paliativas e baratinhas soluções de "jeitinho" que, diz maldosamente o jornal, "parecem funcionar"].

A Defesa [o Ministério da Defesa], que não respondeu à Folha sobre o tema, criou em 2010 um órgão centralizado de compras. Mas só este ano ele será implantado.

Nem tudo é má notícia. A compra em 2009 de 50 helicópteros franceses para Aeronáutica, Marinha e Exército é um divisor de águas. Na rigorosa COPAC, órgão da FAB que seleciona aeronaves, as três Forças discutem juntas pontos do programa.

A compra não impediu a FAB de ter adquirido, a conta-gotas, modelos de transporte Black Hawk americanos, com logística diversa. Mas é um começo.

A falta de dinheiro é outra questão. O orçamento militar brasileiro vem crescendo na década, saindo do patamar regional de 1,5% do PIB para 2,3% para 2011. Só que os números enganam: dos R$ 60,2 bilhões previstos para defesa neste ano, 73% são para pagamento de pessoal, 45% só para pensões. [Transparece que a "Folha" acha errado haver pagamentos de pessoal e pensões para os militares, apesar de eles já serem relativamente reduzidos, individualmente]. [Continua a Folha:] Para comprar equipamento, apenas R$ 2,5 bilhões. Isso se não caírem nos cortes.”

FONTE: baseado em artigo escrito por Igor Gielow na "Folha de São Paulo". Transcrito no portal da FAB (http://www.fab.mil.br/portal/capa/index.php?datan=20/02/2011&page=mostra_notimpol) [título, imagem do google e trechos entre colchetes adicionados por este blog].

2 comentários:

Unknown disse...

Senhor Igor: deveria saber que o Brasil não precisa se armar até os dentes, como fizeram no teu país, porque, nós já estamos " protegidos" pelos EUA que consideram isso aqui, o seu quintal.Esse conceito de hegemonia militar já não funciona mais, meu caro.A maior defesa que o Brasil precisa enfrentar é da ignorância e do analfabetismo escolar.Um país sem massa crítica de pouco adianta andar armado até os dentes.O assunto é por demais polêmico, mas se tiver um tempinho converse com o pessoal das ONGs e vai ver que o que disse é a mais pura realidade. Eles não tem nenhum estilingue, mas mesmo assim, impõem barreiras em seus " territórios" da Amazônia até para os milicos fardados.Daí, o que adianta se armar, hein meu chapa ?! ...

Unknown disse...

Dermeval,
Eu não conheço, mas pelos artigos do Igor Gielow que já li na "Folha', ele me parece brasileiro e americanófilo. Talvez esse prenome russo seja de fantasia.
Quanto a já estarmos "protegidos" pelos norte-americanos, se o Brasil não tiver alguma capacidade militar de dissuasão, confiando 100% no "dono do quintal", nos EUA, seremos escravos das vontades deles. O mundo sempre foi assim. Não são somente os EUA os vilões que se aproveitam dos fracos.
Concordo com a importância de eliminarmos o analfabetismo no Brasil, principalmente o predominante semianalfabetismo, que acarreta às pessoas lerem e não compreenderem as mensagens explícitas e ocultas nos textos. Porém, mesmo se eliminado, se paralelamente não tivermos adequada capacidade de defesa, seremos escravos alfabetizados e cultos das grandes potências militares.
Como você mencionou, muitas ONGs atuam no Brasil, especialmente na Amazônia. As principais e mais atuantes têm sede no Exterior e são orientadas por interesses de seus países. Quem propicia a "força" delas em "seus territórios" na Amazônia é a "força" das ameaças implícitas desses poderosos interesses estrangeiros. Contudo, prefiro o Brasil armado e combatente pela sua soberania. Não concordo com a covardia de, sem luta, já assumir a rendição e submissão incondicional ao mais forte e armado.
Maria Tereza