domingo, 20 de fevereiro de 2011
O TREM-BALA DEVE SER CONSTRUÍDO?
SIM: O BRASIL PRECISA E MERECE
Por Bernardo Figueiredo
“O projeto do Trem de Alta Velocidade (TAV) ligando Rio de Janeiro, São Paulo e Campinas foi incluído no PAC em janeiro de 2007, num momento em que se evidenciava a necessidade de intervir estruturalmente no equacionamento do transporte de passageiros, por causa da saturação da infraestrutura aeroportuária e rodoviária nesse eixo que concentra boa parte da população e da renda nacional.
O TAV nessa distância é concorrente implacável com os transportes aéreo e rodoviário. O mesmo não ocorre com trens de média velocidade, que também têm custos elevados de implantação, mas não são competitivos por causa do tempo maior das viagens.
A interligação dos aeroportos do Galeão, de Guarulhos e de Viracopos e destes com as regiões centrais do Rio e São Paulo permitirá a otimização do uso dessas infraestruturas e viabilizará a exploração da capacidade potencial de Viracopos. As alternativas que se apresentavam para esse corredor eram a construção de novos aeroportos e a de uma nova rodovia ligando o Rio a São Paulo, como chegou a ser proposto pelo governador de São Paulo na época.
Essas opções, além de não resolverem estruturalmente o problema, porque rapidamente estariam saturadas, implicavam graves custos ambientais e sociais, pelos efeitos negativos que o incremento do tráfego aéreo e rodoviário gera na qualidade de vida e no meio ambiente nos aglomerados urbanos.
Quantos aeroportos ainda podem ser construídos nas áreas urbanas do Rio de Janeiro e de São Paulo? Quantas rodovias ainda cabem no Vale do Paraíba?
O transporte ferroviário de alta velocidade é a solução tecnológica mais moderna, adotada mundialmente em função da qualidade dos serviços que oferece e de ser uma alternativa de transporte capaz de expandir sua capacidade com investimentos marginais.
O eixo Rio-São Paulo é considerado por especialistas internacionais como caso típico em que se encontram todos os atributos necessários à implantação de trens de alta velocidade.
Os estudos técnicos do projeto foram feitos por especialistas reconhecidos internacionalmente e a modelagem de concessão adotada é inovadora, desafiante para os investidores e a que menos recursos públicos exige dentre as adotadas em todos os sistemas semelhantes.
As exigências de transferência de tecnologia garantem o domínio desse conhecimento pelo poder público e níveis crescentes de nacionalização da produção de equipamentos e sistemas. Os custos do investimento dimensionados para o projeto exigem padrões elevados de competitividade dos fornecedores, especialmente do segmento de construção civil, e a modelagem da concessão garante que os impactos de eventuais aumentos nos custos dos investimentos terão efeitos apenas na rentabilidade do capital dos investidores, majoritariamente privados. O projeto do TAV Rio-São Paulo-Campinas tem por objetivo oferecer serviço de transporte de qualidade, seguro, confiável e sustentável à população da região.
O TAV não concorre com outras necessidades de investimento. O governo está construindo 5 mil km de ferrovias, investimento inédito no país, e está apoiando todas as iniciativas estaduais e municipais de construção de sistemas urbanos de transporte de massa.
O fato de existirem outras carências na nossa infraestrutura de transportes não justifica negligenciar no atendimento às necessidades de transporte do maior aglomerado urbano do mundo. O Brasil precisa se atualizar tecnologicamente no transporte de passageiros, e Rio e São Paulo merecem serviço de transporte à altura de sua importância.”
FONTE: escrito por Bernardo Figueiredo, diretor-geral da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres). Publicado na Folha de São Paulo (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz1902201108.htm) [imagem do Google adicionada por este blog].
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