Diálogo EUA x Paquistão
Por MK Bhadrakumar, no “Indian Punchline Blog”
MK Bhadrakumar
“US-PAKISTAN TANGO RESUMES”
Obama
“A roda do destino da parceria entre EUA e Paquistão começou a girar. O presidente Barack Obama aplicou-lhe boa dose de lubrificante, em reunião com o primeiro-ministro do Paquistão Yusuf Gilani, que aconteceu na 4ª feira (28), às margens da Cúpula sobre Segurança Nuclear em Seul. Dia seguinte, James Mattis, chefe do Comando Central dos EUA, e John Allen, comandante das forças de coalizão no Afeganistão, chegaram ao quartel-general paquistanês em Rawalpindi.
O Paquistão ouviu alto e claro que os EUA querem desesperadamente a reabertura das rotas de passagem para suprimentos para a OTAN. E o Paquistão está inclinado a ceder. As estradas podem ser reabertas afinal, depois de permanecerem fechadas por cerca de quatro meses. O que os EUA cederam em troca ao Paquistão permanece secreto, mas deve ter sido algo valioso.
A velocidade com que todos chegaram a um consenso na reunião presidida por Gilani ontem, 6ª-feira (30), é impressionante – especialmente a mudança de posição da Liga Muçulmana Paquistanesa liderada pelo ex-primeiro ministro Nawaz Sharif.
Realmente interessante é a facilidade com que algumas mãos ocultas conseguem calibrar o “antiamerianismo” no Paquistão. Até o grupo “Jamiat Ulema-e-Islam” liderado pelo “pai dos Talibã” Fazlur Rehman entrou rapidamente na linha. Quase se poderia concluir que, afinal, a liderança civil estaria começando a assumir a condução da política exterior. Nada disso. São os militares, estúpido!
Paquistão - Fronteira fechada para os EUA-OTAN
Mas, diz o bardo, nem o mais verdadeiro amor navega sempre em mar sem procelas. Os ataques dos aviões-robôs norte-americanos, os drones, prosseguem no Paquistão, e é preciso encontrar um modus vivendi. O Paquistão pressiona pelo fim dos ataques dos drones. Os líderes civis exigem o fim daqueles ataques. Obama concordará? É possível que sim, porque ajudaria a seduzir a opinião pública paquistanesa e os militares em Rawalpindi ficariam mais à vontade para ajudar na rápida evacuação do armamento de guerra norte-americano que precisa sair sem mais delongas do Afeganistão.
Quer dizer, então, que o “reengajamento” EUA-Paquistão recomeçou. Para abril, já está prevista uma chusma de visitas de altos funcionários dos EUA a Islamabad, antes do encontro de cúpula da OTAN, um mês depois, em maio, em Chicago. Mas, de fato, ainda não se sabe a que levará tudo isso. Não será fácil restaurar o relacionamento EUA-Paquistão. Os EUA continuam de dedos cruzados.
Talibã
Washington, finalmente, aceitou a exigência dos Talibã, de que, quando os seus líderes que continuam presos em Guantánamo forem transferidos para o Qatar, sejam deixados absolutamente livres, sem as limitações de “prisão domiciliar”. É concessão que os EUA fazem, para atrair os Talibã de volta às conversações de paz. Mas a trilha da reconciliação continua a correr paralela aos resultados do diálogo EUA-Paquistão. O Paquistão tem todos os meios necessários para, no momento em que decidir fazê-lo, pôr fim à festa dos encontros entre EUA e Talibã.
Verdade é que um quarto protagonista assiste a tudo, mas ainda não se manifestou sobre os acertos da semana passada entre EUA e Paquistão e o presidente afegão Hamid Karzai. É criticamente importante, para o sucesso daqueles acertos, que Karzai não se sinta posto à margem dos acontecimentos. Mas os Talibã recusam-se a conversar com Karzai. E, na 5ª-feira (29), o grupo “Hizb-e-Islami”, comandado por Gulbuddin Hekmatyar, também “suspendeu” suas conversações com Karzai; Hekmatyar declarou que “nenhum de vocês [Washington e Kabul] tem qualquer proposta aceitável e exequível” que leve a algum acordo.”
FONTE: escrito por MK Bhadrakumar, no “Indian Punchline Blog” com o título original “US-PAKISTAN TANGO RESUMES”. O autor foi diplomata de carreira do Serviço Exterior da Índia. Prestou serviços na União Soviética, Coreia do Sul, Sri Lanka, Alemanha, Afeganistão, Paquistão, Uzbequistão e Turquia. É especialista em questões do Afeganistão e Paquistão e escreve sobre temas de energia e segurança para várias publicações, dentre as quais “The Hindu”, “Asia Online” e “Indian Punchline”. É o filho mais velho de MK Kumaran (1915–1994), famoso escritor, jornalista, tradutor e militante de Kerala. Artigo traduzido pelo “pessoal da Vila Vudu” e postado no blog “redecastorphoto” (http://redecastorphoto.blogspot.com.br/2012/03/recomeca-o-tango-eua-paquistao.html). [Imagem do Google adicionada por este blog ‘democracia&política’].
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