terça-feira, 5 de junho de 2012

AVIAÇÃO REGIONAL BRASILEIRA CRESCE COM TURBOÉLICES

ATR-72-600

ATÉ 2015, BRASIL VAI SE TORNAR O MAIOR OPERADOR MUNDIAL DESSE TIPO DE AERONAVE, BEM MAIS ECONÔMICA QUE OS JATOS

Alta do petróleo tem impulsionado as vendas dos ATRs, uma espécie de fusquinha repaginado da aviação

Por Mariana Barbosa

“Eles são uma espécie de ‘New Beetle’ da aviação, versão moderna de velhos turboélices do passado. E quem voa ou pretende voar para o interior do Brasil ainda vai embarcar num desses.

No país da Embraer, o crescimento da aviação regional na próxima década não se dará com jatos regionais, mas com turboélices da fabricante ATR, empresa europeia do grupo EADS, dona da Airbus.

Azul, Trip e Passaredo investem milhões na compra de ATRs, que consomem bem menos combustível que os jatos. A capacidade deles varia conforme o modelo, entre as faixas de 40 e 80 assentos.

Assim como o novo fusquinha, as novas versões dos turboélices ATRs estão repaginadas, com painel de controle digital e cheiro de novo.

Já são 51 voando no país entre modelos novos e antigos. Outros 56 entrarão em operação até 2015, o que fará do Brasil o maior operador de ATRs do mundo, ultrapassando os EUA e a Índia.

A Embraer, que iniciou com o [bem-sucedido] “Bandeirante” e depois conquistou o mercado americano com o “Brasília”, largou [erradamente, logo após a sua privatização] o segmento para se dedicar a aviões com motores a jato nos anos 1990, quando lançou os ERJ 140/145 -até 50 lugares [que já havia sido desenvolvido no tempo de empresa estatal].

ERJ 145

Rápidos, espaçosos e silenciosos, os jatos regionais de até 80 assentos tiveram sua era de ouro da década de 1990 até meados dos anos 2000, quando o preço do petróleo, abaixo dos US$ 50, estava longe de ser um problema.

"Com o barril do petróleo acima de US$ 120, um jato de menos de 80 lugares não se paga", diz Gianfranco Beting, diretor da Azul, que opera 12 ATR-72 e tem 23 a receber.

Azul e Trip, que anunciaram fusão na semana passada, contabilizam 50 ATRs juntas. Os da Azul são praticamente todos modelo 600, a versão mais moderna -os que não o são estão sendo substituídos. Já a Trip tem modelos novos e antigos.

VOO COMPLEMENTAR

A estratégia de Azul e Trip é usar o turboélice de forma complementar à operação do jato Embraer 190/195. Elas levam o tráfego das cidades pequenas e médias para seus principais "hubs" (centros de conexão) em Campinas, Belo Horizonte ou Brasília. Desses "hubs", levam os passageiros de jato para outras capitais.

Embraer 195

A ATR reina sozinha no mercado de turboélices. Com a falência da Fokker e a Embraer optando pelos motores a jato, restaram a ATR e a Bombardier. Mas a ATR foi a única que investiu na modernização do avião, que chegou ao mercado repaginado em agosto do ano passado.

RECORDE DE VENDAS

Com um bom produto e o barril do petróleo na faixa de US$ 100, a ATR bate recorde de vendas. Dos 164 turboélices vendidos no ano passado, 157 eram da ATR.

Os jatos Embraer 170/175, de até 86 lugares, já viveram melhores momentos. Das 378 encomendas recebidas desde 2001, 327 foram entregues, restando 51 por entregar.

Situação diferente da família 190/195, carro-chefe da aviação comercial da Embraer, de 90 a 122 lugares. Lançado em 2005, os 190/195 contam com 496 unidades entregues e uma carteira de 189.

O presidente da Embraer Aviação Comercial, Paulo Cesar Silva, diz que ainda tem muito mercado para os jatos 170/175. "Vem aí nova onda de companhias americanas recompondo frota, substituindo jatos de 50 lugares por jatos de 70 a 86 lugares."

O executivo diz que a Embraer não cogita hoje voltar a produzir turboélice por ser um mercado pequeno -120 aviões ao ano- e já dominado pela ATR.

"Não faz sentido desenvolver algo para um mercado relativamente pequeno, dada a tecnologia que se tem hoje. Se surgir nova tecnologia de motores, o que é esperado lá para 2020, e se esta for realmente inovadora, a gente vai olhar com outros olhos."


[Se a empresa tivesse continuado a ampliar e aperfeiçoar o seu bem-sucedido EMB 120 Brasília, que dominava o mercado mundial quando sua linha de fabricação foi desfeita logo após a privatização,  hoje teria valido a pena. Recomeçar do destruído é bem mais dispenndioso].

EMB 120 Brasília
FONTE: reportagem de Mariana Barbosa na “Folha de São Paulo”  (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/46512-aviacao-regional-cresce-com-turboelices.shtml) [Imagens do Google e trechos entre colchetes adicionados por este blog ‘democracia&política’].

3 comentários:

iurikorolev disse...

MT
Muito pertinentes suas observações.

Mas estou preocupado com o mercado de Ejets da Embraer, cada vez mais diminuindo e cercado pelos novos concorrentes.

Unknown disse...

Iurikorolev,
Obrigada. Depois de amanhã postarei texto que abrange a sua preocupação.
Maria Tereza

Probus disse...

Eu me arrepio todo, se tem um cabra que ama Turbo-Hélices, sou EU. Custo/Benefício é TUDO.