A MORTE DO NEOLIBERALISMO [NO BRASIL AINDA DEFENDIDO PELO MERCADO FINANCEIRO, OPOSIÇÃO E MÍDIA...]
Para Duménil o neoliberalismo morreu mas não se sabe o que virá
Por Luis Nassif
"Em visita ao Brasil, para o lançamento do seu livro "A crise do neoliberalismo" (em parceria com seu colega Dominique Lévi) o economista francês Gérard Duménil é um reflexo das perplexidades dos pensadores contemporâneos com o fim do chamado "ciclo neoliberal da economia".
Duménil foi diretor de pesquisa do "Centre National de la Recherche Scientifique", na Universidade de "Paris X", Nanterre, onde atualmente leciona.
Na sua visão, há que se distinguir os modelos de política econômica dos seus beneficiários.
Antes da grande crise de 2008, era amplamente vitorioso o modelo do neoliberalismo, com a liberalização do capital, a redução do poder de controle dos estados nacionais, visando garantir o máximo de lucro para o capital financeiro.
A crise determinou o fim desse modelo, mas não o predomínio político do mercado financeiro, agora sob o guarda-chuva dos Estados nacionais, através de seus Bancos Centrais.
Duménil defende a ideia de que o modelo neoliberal não produz desenvolvimento. O pacto entre investidores e CEO faz com que a maior parte das energias das empresas seja empregada na busca obsessiva de dividendos; e dos esforços do Estado no aumento da rentabilidade imediata do capital, em detrimento do investimento, da renda e do emprego.
Para Duménil, com a crise de 2008, o modelo neoliberal esgotou e não será possível mantê-lo por muito tempo, justamente por não gerar novos investimentos e riqueza. Do mesmo modo, não será possível manter indefinidamente o modelo híbrido atual, especialmente nos Estados Unidos, com o FED bancando a atividade econômica à custa de déficits fiscais crescentes.
Mas o que colocar em seu lugar?
Ele considera a crise de 2008 similar à de 1929, com uma diferença: não se repetiu a quebradeira generalizada devido ao hiperativismo dos Bancos Centrais dos Estados Unidos e da Europa.
Em comum com 1929, tem-se a perda de rumo. Um ciclo chega ao fim, antes que modelos alternativos estejam consolidados.
Além disso, o ciclo do neoliberalismo teve dois propagandistas-chave, Margareth Thatcher e Ronaldo Reagan. Agora, ainda não amadureceu nenhum modelo.
No pós-29, vicejaram modelos nacionais bastante heterogêneos, com a França e a Espanha mais à esquerda, Alemanha e Itália mais à direita, um pesado sentimento nacionalista estimulando guerras cambiais e tudo eclodindo na Segunda Guerra.
Esse mesmo sentimento nacionalista de ultradireita se observa na Europa atualmente, diz Duménil. E levará bom tempo até que a poeira baixe e um novo modelo seja instituído.
Para ele, esse novo modelo passa pela articulação das nações em torno de organismos multilaterais. Há que se estabelecer controles mais amplos sobre os mercados financeiros e sobre a forma de atuar das grandes corporações.
Nos anos 30, só foi possível a mudança do modelo depois de dois desastres mundiais, a crise de 29 e a Segunda Guerra Mundial. Seguiram-se três décadas de ouro para o capitalismo, com controles de fluxos de capital, desenvolvimento generalizado e redução da pobreza [somente nos países desenvolvidos].
A crise atual não terá desfecho semelhante, felizmente. A contrapartida será um tempo muito maior até que se encontre a embocadura de um novo modelo."
FONTE: escrito por Luis Nassif no "Jornal GGN" (http://jornalggn.com.br/noticia/para-dumenil-o-neoliberalismo-morreu-mas-nao-se-sabe-o-que-vira). [Título, subtítulo e trecho entre colchetes adicionados por este blog 'democracia&política'].
Por Luis Nassif
"Em visita ao Brasil, para o lançamento do seu livro "A crise do neoliberalismo" (em parceria com seu colega Dominique Lévi) o economista francês Gérard Duménil é um reflexo das perplexidades dos pensadores contemporâneos com o fim do chamado "ciclo neoliberal da economia".
Duménil foi diretor de pesquisa do "Centre National de la Recherche Scientifique", na Universidade de "Paris X", Nanterre, onde atualmente leciona.
Na sua visão, há que se distinguir os modelos de política econômica dos seus beneficiários.
Antes da grande crise de 2008, era amplamente vitorioso o modelo do neoliberalismo, com a liberalização do capital, a redução do poder de controle dos estados nacionais, visando garantir o máximo de lucro para o capital financeiro.
A crise determinou o fim desse modelo, mas não o predomínio político do mercado financeiro, agora sob o guarda-chuva dos Estados nacionais, através de seus Bancos Centrais.
Duménil defende a ideia de que o modelo neoliberal não produz desenvolvimento. O pacto entre investidores e CEO faz com que a maior parte das energias das empresas seja empregada na busca obsessiva de dividendos; e dos esforços do Estado no aumento da rentabilidade imediata do capital, em detrimento do investimento, da renda e do emprego.
Para Duménil, com a crise de 2008, o modelo neoliberal esgotou e não será possível mantê-lo por muito tempo, justamente por não gerar novos investimentos e riqueza. Do mesmo modo, não será possível manter indefinidamente o modelo híbrido atual, especialmente nos Estados Unidos, com o FED bancando a atividade econômica à custa de déficits fiscais crescentes.
Mas o que colocar em seu lugar?
Ele considera a crise de 2008 similar à de 1929, com uma diferença: não se repetiu a quebradeira generalizada devido ao hiperativismo dos Bancos Centrais dos Estados Unidos e da Europa.
Em comum com 1929, tem-se a perda de rumo. Um ciclo chega ao fim, antes que modelos alternativos estejam consolidados.
Além disso, o ciclo do neoliberalismo teve dois propagandistas-chave, Margareth Thatcher e Ronaldo Reagan. Agora, ainda não amadureceu nenhum modelo.
No pós-29, vicejaram modelos nacionais bastante heterogêneos, com a França e a Espanha mais à esquerda, Alemanha e Itália mais à direita, um pesado sentimento nacionalista estimulando guerras cambiais e tudo eclodindo na Segunda Guerra.
Esse mesmo sentimento nacionalista de ultradireita se observa na Europa atualmente, diz Duménil. E levará bom tempo até que a poeira baixe e um novo modelo seja instituído.
Para ele, esse novo modelo passa pela articulação das nações em torno de organismos multilaterais. Há que se estabelecer controles mais amplos sobre os mercados financeiros e sobre a forma de atuar das grandes corporações.
Nos anos 30, só foi possível a mudança do modelo depois de dois desastres mundiais, a crise de 29 e a Segunda Guerra Mundial. Seguiram-se três décadas de ouro para o capitalismo, com controles de fluxos de capital, desenvolvimento generalizado e redução da pobreza [somente nos países desenvolvidos].
A crise atual não terá desfecho semelhante, felizmente. A contrapartida será um tempo muito maior até que se encontre a embocadura de um novo modelo."
FONTE: escrito por Luis Nassif no "Jornal GGN" (http://jornalggn.com.br/noticia/para-dumenil-o-neoliberalismo-morreu-mas-nao-se-sabe-o-que-vira). [Título, subtítulo e trecho entre colchetes adicionados por este blog 'democracia&política'].
Nenhum comentário:
Postar um comentário