Queda do PIB é “prévia” do que o mercado quer: Aécio. Mas como não deu, vai Marina
Por Fernando Brito
"O presidente do BC, Alexandre Tombini, estava errado quando disse, outro dia, que faltava “espírito animal” aos empresários do (ou devo dizer no) Brasil.
Existe, sim, ao menos na maioria dos grandes.
O de animal réptil, que não consegue elevar os olhos mais que alguns centímetros do chão, jamais o de águia, que mira ao longe suas oportunidades.
Claro que não me refiro aos milhões de micro, pequenos e até a grande maioria dos médios, que vivem lutando para fechar o mês.
Falo dos grandes, que ganham mais nas finanças do que nos produtos e que, nada discretamente, “comemoram” a desaceleração da economia registrada hoje nos números do PIB porque isso não lhes fez perder dinheiro e, politicamente, abre-lhes espaços para que se instale um governo que acabe com essa “mania” de tornar o Brasil um país de 203 milhões de cidadãos – e não apenas 203 milhões de habitantes, apenas – que seja desenvolvido e autônomo.
Eles, ao contrário da dona de casa e do trabalhador modesto, sabem que há uma crise no mundo e que só escaparemos a ela, como fizemos em 2008, se apelarmos para nosso próprio mercado, para o nosso próprio povo e não para a “confiança do investidor estrangeiro”, vagamente.
Aliás, esse não foge do Brasil, porque enxerga as oportunidades, e o investimento estrangeiro direto no país não dá mostras de ter enfraquecido significativamente.
E esse sabe que a desaceleração econômica não é aqui. Apenas.
O Japão teve uma queda do PIB anualizado de 6,8%. A Europa patina. Os EUA cresceram, mas porque a comparação com o primeiro trimestre ajudou, já que houve uma queda fortíssima naquele período, superior a 2%.
Em qualquer dessas nações, a esta altura, o Governo está sendo instado a gastar mais, a estimular o crédito, a reduzir os juros para facilitar o consumo e o investimento.
Aqui, ao contrário, pedem cortes nos gastos e juros mais altos.
São loucos?
Não, são répteis, porque pretendem viver assim, do que lhes traz a atividade financeira, não a produtiva.
Será que todos esqueceram-se de que, em 2008/2009, foi preciso que Lula fosse à televisão pedir que as pessoas comprassem e questionar, nas barbas do Banco Central de Henrique Meirelles, porque os 'spreads' dos bancos brasileiros eram estratosféricos. Eram e voltaram a ser.
É para isso que querem a autonomia completa (porque ela já é imensa) do Banco Central, para que ele diga, diante da orientação macroeconômica de um presidente eleito pelo povo um solene f…-se
E, sobretudo, que o povo e o país, idem.
Por isso, estavam com um candidato que soltará todas as poucas amarras que ainda tem o capital financeiro. Por isso, agora, estão com uma candidata que, além disso, vai arruinar todo o programa de investimentos em energia, estradas de ferro, rodovias, portos, em nome de uma falsa defesa do meio-ambiente.
Porque o país com mais área verde no mundo, a maior fonte de água doce do planeta e, agora, uma das maiores reservas de petróleo no mundo tem de ser estagnado, para continuar a seu uma espécie de “reserva técnica” do mundo desenvolvido.
Administrado por uma elite que aceita, de bom grado, as migalhas gordas que lhe rendem a administração da colônia."
FONTE: escrito por Fernando Brito em seu blog "Tijolaço" (http://tijolaco.com.br/blog/?p=20575). [Título adicionado por este blog 'democracia&política'].
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