sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

CUBA-EUA: UM CONFLITO DE VÁRIOS SÉCULOS




CUBA-EUA: UM CONFLITO DE VÁRIOS SÉCULOS 

"Havana, (Prensa Latina) A recente decisão do presidente Barack Obama de iniciar um processo para restabelecer as relações com Cuba pôs o tema em questão entre ambos os países no centro do debate da opinião pública internacional.

Apesar de estar pendente o principal obstáculo à aproximação mútua, que é o bloqueio econômico, comercial e financeiro que Washington mantém contra a ilha caribenha há mais de 50 anos, amplos setores nos Estados Unidos e em todo mundo viram nesse anúncio uma esperança para maior tranquilidade entre os dois países.

No entanto, muitos dos artigos e estudos sobre o tema publicados nas últimas semanas evidenciam a opinião equivocada de que o confronto entre a maior das ilhas das Antilhas e o vizinho do Norte começou em 1º de janeiro de 1959, depois do triunfo da Revolução Cubana, liderada por seu líder histórico Fidel Castro.

Uma luta de longa data

As origens do conflito Cuba-Estados Unidos se remontam aos inícios da formação da nacionalidade cubana, a luta por sua independência e autodeterminação e o crescente expansionismo do vizinho do Norte.

Na medida em que se consolidava a nação cubana e a luta contra a ocupação espanhola, crescia também entre os setores mais avançados da ilha uma aversão contra as tentativas dos governos dos Estados Unidos de anexá-la.

A seguir, a "Prensa Latina" oferece aos seus leitores uma cronologia com alguns dos principais episódios que, nos últimos dois séculos, marcaram as relações entre ambos os países, e portanto, fazem parte de uma pequena demonstração do desenvolvimento do conflito histórico.

1898

11 de abril: O presidente William McKinley pede ao Congresso estadunidense autorização para intervir militarmente em Cuba, quase no final da guerra pela independência iniciada pelos cubanos em 24 de fevereiro de 1895.

18 de abril: O Congresso aprova a chamada Resolução Conjunta que pretendia estabelecer as bases legais para a intromissão norte-americana na guerra de independência iniciada pelos cubanos três anos antes contra a Espanha, a ponto de concluir com a derrota das forças espanholas.

10 de dezembro: Estados Unidos e Espanha assinam o Tratado de Paris, que põe fim ao domínio colonial espanhol sobre Cuba, Porto Rico, ilhas Guam e Filipinas, mas abre passo à autoridade norte-americana sobre esses territórios.

1899

1 de janeiro: Foi arriada em Havana a bandeira espanhola e içada a dos Estados Unidos, o que deu início à ocupação militar da ilha sob o comando do general John P. Brooke, substituído em 23 de dezembro de 1899 por Leonard Wood.

1901

28 de fevereiro: O senado estadunidense aprova a conhecida "Emenda Platt", que estabelece o direito dos Estados Unidos de intervirem nos assuntos internos de Cuba e que serviu de instrumento para a criação de instalações militares e de depósitos de carvão em território cubano.

1902

20 de maio: Proclama-se oficialmente a Independência de Cuba e começa o que os historiadores apontam como a pseudo-república, devido ao domínio que, a partir de então, Washington exerceu sobre a ilha.

1906

Agosto: Sob o pretexto de distúrbios que ocorriam na ilha, o presidente Teodore Roosevelt ordena nova intervenção militar em Cuba. A ocupação militar se alonga até 28 de janeiro de 1909.

1934

Maio: Cuba e Estados Unidos assinam o Tratado sobre as Relações entre Cuba e Estados Unidos

1952:

10 de março: Golpe de estado do então sargento Fulgencio Batista contra o presidente Carlos Prío Socarrás. Foi instalado um governo de fato com o apoio dos Estados Unidos.

1953

Janeiro: Dwight D. Eisenhower assume a presidência dos Estados Unidos.

1959

1 de janeiro: Triunfa a força antiditatorial liderada por Fidel Castro, Batista foge do país. Uma greve geral revolucionária faz fracassar as tentativas propiciadas por Washington para escamotear a vitória.

8 de janeiro: Fidel Castro faz sua entrada triunfal em Havana, fica oficialmente instalado o Governo Revolucionário.

15 a 27 de abril: Fidel Castro realiza uma visita aos Estados Unidos, convidado pela Sociedade Norte-americana de Diretores de Jornais. No dia 19, realiza uma reunião com o vice-presidente norte-americano, Richard Nixon.

17 de maio: Proclamada a Lei de Reforma Agrária, que recuperou enormes extensões de terras, algumas delas em mãos de empresas estadunidenses ou de sócios destas.

11 de dezembro: O presidente Eisenhower aprova um plano de ação contra Cuba proposto pelo Departamento de Estado e a Agência Central de Inteligência (CIA).

1960

4 de março: Produto de uma sabotagem, explodiu no porto de Havana o navio a vapor francês La Coubre, carregado com equipamentos militares, deixando 101 mortos e mais de 200 feridos.

29 de junho: Cuba nacionaliza as refinarias de petróleo diante da recusa de seus diretores executivos de processar o produto enviado pela União Soviética.

6 de agosto: Fidel Castro anuncia a nacionalização das refinarias de petróleo, centrais açucareiras, empresas de eletricidade e telefones norte-americanas.

30 de outubro: A Casa Branca proíbe todas as exportações a Cuba, exceto comestíveis e medicamentos.

1961

3 de janeiro: Os Estados Unidos rompem relações diplomáticas com Cuba e fecham sua embaixada em Havana.

Janeiro: John F. Kennedy assume a presidência dos Estados Unidos.

13 de abril: Sabotagem e destruição da loja de departamento El Encanto, em Havana, deixando um morto, várias dezenas de feridos e a total destruição do shopping.

15 de abril: Aviões pilotados por mercenários norte-americanos e de origem cubana bombardeiam os aeroportos de San Antonio de los Baños, Ciudad Libertad (Columbia), em Havana bem como o de Santiago de Cuba.

16 de abril: Fidel Castro adverte que este é o prelúdio de uma invasão e declara o caráter socialista da Revolução.

17 de abril: Desembarca na Playa Girón e Playa Larga, na Baía dos Porcos, uma brigada mercenária de uns mil 500 homens de origem cubana, organizados e treinados pela CIA, que foram derrotados em menos de 72 horas.

1962

22 de janeiro: Durante uma reunião em Punta del Este, Uruguai, a Organização de Estados Americanos (OEA) expulsa Cuba desse organismo regional.

3 de fevereiro: O presidente Kennedy ordena a implementação do bloqueio econômico, comercial e financeiro contra Cuba.

14 de março: A administração Kennedy aprova a Operação Mangosta, destinada a realizar um amplo espectro de operações encobertas contra o governo cubano.

22 de outubro: Começa a chamada Crise de Outubro ou dos Mísseis. O presidente Kennedy ordena o bloqueio naval da ilha para obrigar a retirada dos mísseis nucleares da União Soviética.

Em poucos dias, e sem consultar às autoridades cubanas, Nikita Krushov, máximo líder soviético, decide a retirada unilateral dos mísseis, enquanto Kennedy faz uma vaga promessa verbal de não invadir a Cuba.

1963

22 de novembro: Assassinam na cidade de Dallas, estado do Texas, o presidente Kennedy. Lyndon B. Johnson assume a presidência da Casa Branca.

1966

2 de novembro: O Congresso estadunidense aprova a Lei de Ajuste Cubano, que outorga mordomias aos residentes na ilha que cheguem ao território norte-americano.

1969

Janeiro: Richard M. Nixon assume a presidência.

1974

8 de agosto: Como resultado do escândalo Watergate, Nixon renuncia e é substituído pelo vice-presidente Gerald Ford.

1976

6 de outubro: Um avião da empresa Cubana de Aviación explode no ar em frente à costa de Barbados, vítima de uma sabotagem que provocou a morte de 72 pessoas que estavam a bordo da aeronave.

1977

Janeiro: James Carter toma posse como presidente.

1 de setembro: Sob o mandato de Carter, os Estados Unidos e Cuba decidem abrir caminho à Seção de Interesses, em Washington e Havana.

1981

Janeiro: Ronald Reagan assume a presidência dos Estados Unidos, recrudece a política hostil contra Cuba.

1984

Dezembro: Assina-se o primeiro acordo migratório entre Cuba e Estados Unidos.

1985


Começam as transmissões da chamada Rádio Martí e posteriormente da televisão de mesmo nome, ambos projetos fracassados devido à interferência do Governo cubano.

1994

Agosto: Diante das constantes provocações, estímulo às saídas ilegais e os reiterados descumprimentos dos acordos migratórios por parte de Washington, Cuba decide dar autorização a todos os cubanos que queiram viajar aos Estados Unidos. Produz-se a chamada Crise dos balseiros.

Setembro: Estados Unidos e Cuba assinam um novo acordo migratório na cidade de Nova York.

1996

12 de março: O presidente William Clinton promulga a Lei Helms-Burton.

1998

12 de setembro: Detidos em Miami, Flórida, cinco cubanos infiltrados em grupos extremistas com a missão de combater o terrorismo contra Cuba. Trata-se de Gerardo Hernández, René González, Ramón Labañino, Antonio Guerrero e Fernando González, conhecidos internacionalmente como "Os Cinco".

1999

Novembro: O menino Elián González é resgatado no Estreito da Flórida, depois da morte de sua mãe e outras 10 pessoas que tentavam chegar ao território norte-americano. Depois de um complicado processo legal, o Tribunal Supremo estadunidense recusa que Elián possa pedir asilo político nos Estados Unidos e, em 28 de junho, o menino voltou para Cuba para estar junto ao seu pai.

2001

Janeiro: George W. Bush assume a presidência; durante sua campanha eleitoral, prometeu maior rigor na aplicação do bloqueio contra a ilha caribenha.

11 de setembro: Atentados terroristas em Nova York e Washington deixam mais de três mil mortos. O presidente cubano Fidel Castro condena energicamente os ataques e oferece às autoridades estadunidenses facilidades de acesso aos aeroportos cubanos.

2003

Outubro: O presidente Bush cria uma comissão para dirigir as ações desestabilizadoras contra a ilha.

2004

8 de maio: A Casa Branca anuncia restrições para as viagens dos cubano-americanos a Cuba e destina 36 milhões de dólares aos grupos subversivos internos.

2009

Em abril, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, levanta as restrições às viagens dos cubano-americanos e os envios de remessas a Cuba.


3 de dezembro: É detido em Cuba o norte-americano Alan Gross, com equipamentos de alta tecnologia para uso ilegal na ilha.

2014

28 de outubro. A Assembleia Geral das Nações Unidas condena, pela vigésima-terceira vez consecutiva e com uma votação de 188 votos a favor, o bloqueio econômico, comercial e financeiro que Washington mantém contra a ilha caribenha desde há de 50 anos. Só votaram contra os Estados Unidos e Israel.

17 de dezembro: O presidente cubano, Raúl Castro, e o presidente estadunidense, Barack Obama anunciaram o início de um processo para restabelecer as relações diplomáticas entre ambos os países, após 50 anos de ruptura.

Obama informou a libertação dos três antiterroristas cubanos presos em cárceres norte-americanos desde setembro de 1998: Antonio Guerrero, Ramón Labañino e Gerardo Hernández, e que tomaria medidas para aumentar o intercâmbio comercial e flexibilizar as permissões de viagens dos cidadãos de seu país à Ilha.

Em sua intervenção, o chefe da Casa Branca anunciou seu desejo de trabalhar com o Congresso para eliminar o principal obstáculo para normalizar os acordos bilaterais, que é o bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto a Cuba há mais de meio século.

Raúl Castro reiterou a vontade de dialogar com o país do Norte em clima de respeito, comunicou a decisão de libertar o agente norte-americano Alan Gross e disse que ainda resta eliminar as sanções unilaterais contra Cuba, que provocam enormes prejuízos humanos e econômicos à ilha."

FONTE: do site "Patria Latina"  (http://www.patrialatina.com.br/editorias.php?idprog=d41d8cd98f00b204e9800998ecf8427e&cod=14876). 

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