segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

OU DILMA VAI PRA CIMA, OU SERÁ DERROTADA




OU DILMA VAI PRA CIMA, OU SERÁ DERROTADA

"O clima de enterro empregado pelos meios de comunicação para divulgar os números do emprego de 2014 é vergonhoso", diz o jornalista Paulo Moreira Leite, diretor do "247" em Brasília. "É correto lembrar que a criação de 391.000 empregos foi o menor desempenho desde a chegada de Luiz Inácio Lula da Silva no Planalto", diz ele. No entanto, ele destaca que o número é positivo, numa situação bem diferente do que ocorreu na era PSDB/FHC. Eis alguns dados: 1996 (271.339 empregos a menos), 1997 (36.000 empregos a menos), 1998 (582.000 empregos a menos) e 1999 (196.000 empregos a menos). "Nesse universo desigual, ou o governo começa a falar, ou será calado para sempre. Irá perder os debates que se avizinham sobre os rumos da economia e sobre empregos, sobre energia, sobre a Petrobras e o que você pensar"

Por Paulo Moreira Leite

O clima de enterro empregado pelos meios de comunicação para divulgar os números do emprego de 2014 é vergonhoso.

É correto lembrar que a criação de 391.000 empregos foi o menor desempenho desde a chegada de Luiz Inácio Lula da Silva no Planalto. Num país com 200 milhões de habitantes, com as carências que conhecemos, sempre haverá gente em busca de emprego — e de empregos melhores.

Mas é absurdo deixar de ponderar que, entre 2003 e 2014, período dos governos Lula e Dilma Rousseff, o país criou 16 milhões de novos empregos. O país vive o menor desemprego de sua história. Em nenhum momento, nesses 12 anos, o mercado de trabalho encolheu. Nunca. (*)

Entre 1995 e 1999, durante o governo do PSDB, o país perdia milhares empregos anos após ano. O mercado de trabalho decresceu por cinco anos consecutivos — uma tragédia pentacampeã.

Foram 129.339 empregos a menos em 1995, quando o presidente Fernando Henrique Cardoso/PSDB assumiu a herança econômica do ministro da Fazenda FHC. Nos quatro anos seguintes, o país seguiu perdendo empregos no seguinte ritmo:

– 1996: 271.339 empregos a menos
– 1997: 36.000 empregos a menos
– 1998: 582.000 empregos a menos
- 1999: 196.000 empregos a menos

O dado real a ser lembrado é este: o país perdeu empregos em cinco dos oito anos de governo PSDB/FHC — mais da metade da gestão, portanto. No total, as perdas em cinco anos chegaram a 1 milhão e 85 mil empregos.

Em 1994, o ano de lançamento do Plano Real [pelo Presidente Itamar Franco], foram criados 301.928 empregos — 30% a menos do que as vagas abertas em 2014, total apresentado em tom fúnebre na semana passada. Alguém protestou?

Nos três últimos anos de governo PSDB/FHC, foram criados 2 milhões e 10.000 empregos. Se você abater as vagas fechadas, o saldo tucano é de pouco mais de 900 mil empregos. 


Nos oito anos de Lula, o saldo foi de 10,8 milhões. No primeiro mandato de Dilma, 5,2 milhões.

Se o número de 2014 não precisa motivar uma festa, deve ser visto de forma ponderada. Num país que vive a mais baixa taxa de desemprego de sua história, a geração de novas vagas torna-se mais complicada do que antes.

O país nunca deixou de criar empregos após a posse de Lula e seguiu na mesma situação com Dilma.

Os dados sobre emprego sempre são delicados, pois envolvem o eleitorado tradicional do Partido dos Trabalhadores, que permitiu a Dilma resistir a uma campanha brutal no ano passado. Esses números não só ajudam a refletir sobre as prioridades de cada governo e o empenho para garantir benefícios à maioria da população, mas também confirmam a mistificação diária que se costuma oferecer à população. Apoiar ou combater um governo faz parte dos direitos democráticos de qualquer veículo e de cada cidadão.

O lamentável é constatar, mais uma vez, que isso costuma ser feito sem respeito pela isenção nem pelos fatos.

A experiência de viver num país de pensamento único garante toda atualidade ao debate sobre a democratização dos meios de comunicação, que Dilma Rousseff comprometeu-se, muito corretamente, a encaminhar durante o segundo mandato.

A necessidade de encaminhar essa discussão, que envolve um debate deorado, que deve chegar a toda sociedade e ao Congresso, é inegável.

Mais urgente, contudo, é a necessidade de o governo fazer a disputa política na conjuntura, oferecendo respostas a cada inverdade e a toda distorção.

Temos um governo silenciado compulsoriamente pela mídia alinhada a seus adversários. A circulação de informações está submetida a uma ditadura exótica. Não é feita a partir de um Estado forte, como se aprende nos manuais de história, mas por empresas privadas de comunicação que reinam com poderes absolutos, como demonstra o insubstituível Manchetômetro.

Nesse universo desigual, ou o governo começa a falar, ou será calado para sempre. Irá perder os debates que se avizinham sobre os rumos da economia e sobre empregos, sobre energia, sobre a Petrobras e o que você pensar. Mesmo a democratização dos meios de comunicação, que não quer diminuir a liberdade de ninguém, mas apenas ampliar a voz daqueles que não possuem, já foi atingida. É apresentada como "bolivarianismo".

Já deu para entender a urgência de fazer a disputa política, concorda?"

(*) "Vinte anos de Economia Brasileira", Gerson Gomes e Carlos Antonio Silva da Cruz


FONTE: escrito pelo jornalista Paulo Moreira Leite no jornal digital "Brasil 247" (http://www.brasil247.com/pt/247/economia/167702/PML-ou-Dilma-vai-pra-cima-ou-ser%C3%A1-derrotada.htm).

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