sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

INFLAÇÃO FICOU DENTRO DA META, MAS O PROBLEMA É O MUNDO





Inflação dentro da meta aqui. Mas é a deflação na Europa que a arrasta à crise

Por Fernando Brito

"Nossa inefável Míriam Leitão jogou a toalha no combate que travou durante todo o ano dizendo que a inflação iria estourar o teto da meta (6,5%) e publicou, quarta-feira (6), a previsão da consultoria Tendências de que, afinal, o IPCA de 2004 fechará em 6,4%.

6,4%, 6,5% ou 6,6%, do ponto de vista econômico, não representam qualquer diferença, é obvio.

Mas o fetiche por casas decimais de nossos comentaristas econômicos dá uma importância imensa a isso.

Muito mais importante é o despencar dos preços do petróleo, que altera não apenas o desempenho das relações de troca – comércio e câmbio – de todo o mundo.

Décimos de um por cento importantes foram os divulgados quarta-feira (6), os menos 0,2% de variação dos preços na Europa.

Deflação.

Que, ao contrário do que muitos possam pensar aqui, pode significar o caos.

Sinal de um escorregar do quadro da economia europeia da estagnação para a recessão.

E que, do outro lado do Atlântico, trava também os norte-americanos, o que levou o "Federal Reserve" a deixar claro que não haverá, ao menos até abril, o aumento dos juros do Tesouro, não apenas por razões internas, mas também para não drenar mais ainda os recursos da Europa, onde os juros cobrados eram quase zero, com leve inflação e que, agora, com deflação, não têm possibilidade de fazer dinheiro ir para a produção e, de outro lado, permitir que os países pensem em, via receita tributária, fazer frente ao financiamento de seus títulos.

São os países mais endividados da Zona do Euro que estão pressionando o Banco Central da Europa a fazer um movimento contrário, injetando liquidez na economia do continente com uma cópia do “quantitative easing” usado pelos EUA após a crise de 2008/09, como forma de atenuar os dramas trazidos pela paralisia econômica.

O desemprego segue alta. Na Itália, subiu para 13,4% e em Portugal para 13,9%. Na Espanha e na Grécia, cerca de um quarto da força de trabalho permanece desempregado. O desemprego entre os jovens com menos de 25 anos é espantoso: na Espanha é de 53,5% e, na Grécia, 50% estão fora do mercado de trabalho. A Croácia vem seguida, com 45,5% dos seus jovens desempregados e Itália, com 43,9%.

A moeda europeia perdeu, em quatro meses, 15% de seu valor frente ao dólar.

A ordem econômica mundial tornou-se insustentável também para os europeus - com ressalvas aos alemães que, mal e mal, ainda conseguem sustentar um ligeiro crescimento – e mesmo sem a força do passado, a velha dama europeia ainda é essencial para o equilíbrio de forças no mundo.

Recessão na Europa, desastre na Rússia com a queda no preço do petróleo, esfriamento do dragão chinês e outras ameaças potenciais deveriam estar chamando nossa atenção neste momento e ajudando a desenhar nossas opções estratégicas.

Mas nossa imprensa econômica está muito preocupada com mais ou menos zero vírgula zero qualquer coisa na taxa de inflação..."


FONTE: escrito por Fernando Brito em seu blog "Tijolaço"   (http://tijolaco.com.br/blog/?p=24163).

COMPLEMENTAÇÃO 1

APESAR DE TODA A HISTERIA, INFLAÇÃO FECHA 2014 NA META



"Depois de capas na imprensa usando o tomate como símbolo da inflação, e de a apresentadora da 'Globo' Ana Maria Braga aparecer com um colar da fruta para criticar seu preço, 2014, como tantas vezes previu a presidente Dilma Rousseff, fechou com o 'Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo' (IPCA), que mede a inflação, dentro do teto da meta do governo. O índice subiu 0,78% em dezembro e encerrou o ano com alta acumulada de 6,41%. A meta oficial era de 4,5%, com margem de dois pontos para mais ou menos.

Do "Brasil 247"

O clima era de histeria em boa parte dos meses de 2014, em relação ao cumprimento do teto da meta estipulada pelo governo para a inflação. Depois de as revistas "Veja" e "Época" usarem na capa o tomate como símbolo dos altos preços dos alimentos, a apresentadora da "Globo" Ana Maria Braga apareceu com um colar feito da fruta.

Nesta sexta-feira 9, dados do IBGE apontaram que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação, fechou o ano com alta acumulada de 6,41%, dentro do teto da meta oficial, que era de 4,5% com margem de dois pontos percentuais para mais ou para menos. 

Abaixo, reportagem da agência norte-americana de notícias "Reuters":

IPCA acumula alta de 6,41% em 2014 e fica dentro da meta

RIO DE JANEIRO (Reuters) - O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,78 por cento em dezembro e encerrou 2014 com alta acumulada de 6,41 por cento, cumprindo a meta oficial do governo, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira.

Em novembro, o IPCA havia avançado 0,51 por cento sobre o mês anterior. Em 2013 o indicador oficial de inflação terminou com avanço de 5,91 por cento, também abaixo da meta de 4,5 por cento com margem de dois pontos percentuais para mais ou menos.

A expectativa em pesquisa da Reuters era de que o IPCA subisse 0,78 por cento em dezembro na mediana de 23 projeções, que foram de alta de 0,73 a 0,92 por cento.

Para 2014, a projeção era de avanço de 6,42 por cento na mediana de 20 estimativas, num intervalo de 6,35 a 6,56 por cento."


FONTE da complementação 1: reportagem de Walter Brandimarte e Pedro Fonseca; texto de Camila Moreira; edição de Patrícia, da agência norte-americana de notícias "Reuters". Transcrito e comentado no "Brasil 247"  (http://www.brasil247.com/pt/247/economia/166056/Apesar-de-toda-a-histeria-infla%C3%A7%C3%A3o-fecha-2014-na-meta.htm).

COMPLEMENTAÇÃO 2

Mais uma “bola fora” dos urubólogos. Inflação dentro da meta pelo 11° ano…
Por Fernando Brito


Em azul: teto da meta
Em pretocentro da meta
Em cinza: inflação real
 
"Saiu o índice de inflação do IBGE para dezembro, com a alta que se esperava: 0,78%.

Alto, mas menor do que o registrado em 2013: 0,92%.

Com isso, o teto da meta de inflação, esta “linha sagrada” de nossos economistas e comentaristas econômicos neoliberais – a turma do “tripé macroeconômico” – foi respeitada pelo 11° ano consecutivo.

Estourar meta de inflação, está provado, é especialidade tucana.

Nos quatro anos em que governou sob o regime de metas inflacionárias, Fernando Henrique/PSDB o rompeu em nada menos que a metade.

Nos Governos Lula e Dilma, só uma vez, no 1º ano, como parte da “herança maldita” feagaceana:

1999 = (Inflação: 8,94%) (Meta: 8,0%) (Teto da Meta:10,0%) (FHC)
2000 = (Inflação: 5,97%) (Meta: 6,0%) (Teto da Meta: 8,0%) (FHC)
2001 = (Inflação: 7,67%) (Meta: 4,0%) (Teto da Meta: 6,0%) (FHC)
2002 = (Inflação:12,53%) (Meta: 3,5%) (Teto da Meta: 5,5%) (FHC)

2003 = (Inflação: 9,30%) (Meta: 4,0%) (Teto da Meta: 6,5%) (Lula)
2004 = (Inflação: 7,60%) (Meta: 5,5%) (Teto da Meta: 8,0%) (Lula)
2005 = (Inflação: 5,69%) (Meta: 4,5%) (Teto da Meta: 7,0%) (Lula)
2006 = (Inflação: 3,14%) (Meta: 4,5%) (Teto da Meta: 6,5%) (Lula)
2007 = (Inflação: 4,46%) (Meta: 4,5%) (Teto da Meta: 6,5%) (Lula)
2008 = (Inflação: 5,90%) (Meta: 4,5%) (Teto da Meta: 6,5%) (Lula)
2009 = (Inflação: 4,31%) (Meta: 4,5%) (Teto da Meta: 6,5%) (Lula)
2010 = (Inflação: 5,91%) (Meta: 4,5%) (Teto da Meta: 6,5%) (Lula)

2011 = (Inflação: 6,50%) (Meta: 4,5%) (Teto da Meta: 6,5%) (Dilma)
2012 = (Inflação: 5,84%) (Meta: 4,5%) (Teto da Meta: 6,5%) (Dilma)
2013 = (Inflação: 5,91%) (Meta: 4,5%) (Teto da Meta: 6,5%) (Dilma)
2014 = (Inflação: 6,41%) (Meta: 4,5%) (Teto da Meta: 6,5%) (Dilma)

Vamos ter um começo de ano difícil em 2015, e não se descarte uma taxa próxima a 1% no IPCA de janeiro por conta de reajustes sazonais, preços de verão e mudança das datas de reajuste de passagens de ônibus, além da implantação das bandeiras tarifárias de energia elétrica.

Mas um quadro que deve ser atenuado se, depois dos aumentos que sofreu, o dólar se mantiver estável e São Pedro ajudar com chuvas melhores, que segurem os preços de vegetais, carne e da energia elétrica, porque os do petróleo não vão subir ao consumidor.

A demanda mundial está reprimida pela crise.

Não há razão para aumento de preços internos, sobretudo depois do ajuste cambial do final do ano."

FONTE da complementação 2: 
Por Fernando Brito no seu blog "Tijolaço"  (http://tijolaco.com.br/blog/?p=24188).

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