domingo, 11 de janeiro de 2015

O FEITIÇO VIROU CONTRA OS SERVIÇAIS DOS VENDEDORES DE CAOS





[Critério para as demissões na mídia: "Primeiro, aqueles que demonstraram insuficiente aecismo na campanha eleitoral";
segundo, "quem bater mais na Dilma e no governo federal fica para mais adiante"]

VENDERAM O CAOS E QUEM PAGA SÃO OS JORNALISTAS

"No Rio, o jornal 'O Globo', dos irmãos Marinho, demite 100 profissionais; em São Paulo, a 'Abril', da família Civita, fecha revistas e entrega metade dos andares que ocupa; em Minas, o 'Estado de Minas', onde o diretor Zeca Teixeira da Costa fez campanha explícita por Aécio Neves, corta cabeças e coloca a própria sede à venda. Os meios de comunicação tanto fizeram para contaminar as expectativas empresariais, com o discurso de que "o Brasil rumava para o abismo", que foram os primeiros a cortar na carne. Venderam o fim do Brasil e estão morrendo antes dele.

Do "Brasil 247"


A semana que terminou escancarou a crise dos meios de comunicação brasileiros. Primeiro, foi a "Abril", em São Paulo, quem entregou metade dos andares que ocupa e viu o busto do fundador Victor Civita ser removido (leia aqui). Em seguida, o "Estado de Minas" demitiu 11 profissionais experientes e foi repreendido pelo sindicato dos jornalistas por ter misturado jornalismo e política, de forma tão explícita (leia aqui). Agora, é o "Globo" que corta 100 profissionais, dos quais 30 na redação (leia aqui).

Há um ponto em comum entre esses três grupos editoriais. Todos, no último ano, adotaram o discurso de que o Brasil rumava para o caos. Engajados na campanha do senador Aécio Neves (PSDB-MG) à presidência da República, o que foi feito de forma explícita por Zeca Teixeira da Costa, diretor do "Estado de Minas", esses veículos venderam a ideia de que a economia brasileira, mesmo com pleno emprego e inflação na meta (ainda que no topo), "mais cedo ou mais tarde afundaria".

Tal discurso contaminou as expectativas empresariais, reduzindo investimentos. E os primeiros a sofrer foram os grupos de comunicação. Os patrões venderam o caos, mas os jornalistas e profissionais de outras áreas é que pagam o pato.

Leia, abaixo, notícia do "Comunique-se sobre o Globo":

O jornal "O Globo" realizou mais de uma centena de demissões na quinta-feira, 8. Conforme informações extraoficiais repassadas à reportagem do "Comunique-se", ao todo, o veículo de comunicação dispensou cerca de 160 profissionais, atingindo vários departamentos da empresa, como administrativo e comercial. Na redação, os cortes alcançaram aproximadamente 30 pessoas, entre repórteres e diagramadores.

Na lista de jornalistas que se despediram do dia a dia do impresso mantido pela "Infoglobo", estão profissionais premiados e com longo tempo de casa, caso da editora-assistente de ‘Rio’, Angelina Nunes, que estava na empresa de comunicação desde 1991. Ela usou o perfil que mantém no Facebook para confirmar a sua saída. “A partir de hoje não estou mais no Globo. Vou concluir o mestrado e me preparar para quando o Carnaval chegar”, publicou. Durante os 23 anos de trabalhos dedicados ao "Globo", somou conquistas como Prêmio Esso, Prêmio Embratel e Prêmio Vladimir Herzog.

Integrante da galeria ‘Mestres do Jornalismo’ do "Prêmio Comunique-se" desde 2013, o colunista de cultura Artur Xexéo também foi dispensado pela direção do jornal. No "Globo" desde 2000, o articulista parece ter pressentido que iria deixar de colaborar com a publicação. No blog que leva o nome do jornalista, o último texto (publicado no domingo, 4) recebeu o título de “Despedidas”. No artigo, ressalta-se que a despedida era de 2014, mas o autor chega a citar a sua situação profissional em determinado trecho. “Se o assunto não for minha aposentadoria, o leitor sempre pode imaginar que fui demitido. Que demoraram 22 anos, mas, enfim, descobriram que sou uma farsa”, escreveu Xexéo.

Leia, abaixo, notícia do "Portal Imprensa" sobre a "Abril":

Lucas Carvalho*

"Após cortes de gastos e reestruturações em seus produtos editoriais, a editora 'Abril' tem esvaziado andares de sua sede em São Paulo (SP). Uma parte do prédio teria sido entregue a um fundo investidor do Banco do Brasil, dono do imóvel.

O principal motivo para as mudanças teria sido a diminuição de operações na editora desde 2013 - envolvendo desde a transferência de dez publicações para a Editora Caras até o fim da versão impressa da revista "Info". Em 2014, a editoria já havia divido parte de suas atividades com o prédio localizado na Marginal Tietê, que pertence à "Abril" e não é alugado.

"IMPRENSA" teve acesso ao comunicado interno divulgado pela empresa, que explica aos funcionários os detalhes das mudanças. Nele, a editora diz que decidiu não renovar o contrato de locação do primeiros andares da chamada Torre Alta. Assim, as atividades da "Abril" ficarão concentradas do 13º ao 26º andar do prédio, além do 8º piso.

Com a reorganização do espaço comum do condomínio, o busto de Victor Civita, fundador da "Abril", que ficava na recepção, foi transferido para o mezanino do prédio. O terraço e o auditório seguem sendo de uso exclusivo da editora. O corte de custos seria uma estratégia natural do grupo e não indicaria uma suposta "crise financeira". Com redações cada vez menores, a empresa decidiu "compactar" suas instalações.

Procurada, a "Abril" ainda não se posicionou oficialmente sobre o assunto.

Leia, abaixo, notícia do "Portal Imprensa" sobre o "Estado de Minas":

Vanessa Gonçalves, Jéssica Oliveira e Lucas Carvalho*

O jornal "O Estado de Minas", um dos principais veículos de comunicação de Minas Gerais, promoveu na quarta-feira (7/1) um corte em seu quadro de funcionários. De acordo com o sindicato dos jornalistas do "Estado", 11 jornalistas foram demitidos.

Segundo a entidade, os profissionais desligados tinham grande experiência profissional, sendo que alguns trabalhavam no jornal há décadas. Os cortes atingiram cinco editoriais, que perderam repórteres, editores, fotógrafos e um ilustrador. Uma secretária também foi demitida.

Em nota, o sindicato solidarizou-se com os demitidos e suas famílias e manifestou grande preocupação com os cortes, que "enfraquecem" o jornalismo mineiro."A preocupação do Sindicato não se limita à perda do emprego desses jornalistas e fechamento de postos de trabalho, mas também pelas circunstâncias recentes que cercam a decisão da empresa. No final de 2014, num ato que teve grande repercussão, o mesmo jornal dispensou o então editor de Cultura João Paulo Cunha, que se recusou a ter seus artigos censurados".

A entidade diz entender que o fortalecimento da profissão e da liberdade de imprensa passa pela produção de um jornalismo vigoroso, informativo e democrático, mas, ainda de acordo com ela, o jornal tem realizado "exatamente o oposto". "A renovação urgente do jornalismo mineiro não pode prescindir de profissionais experientes como esses que acabam de ser dispensados. O Sindicato informa ainda aos dispensados que transmitirá orientações jurídicas a serem tomadas e em relação ao plano de saúde, que também foi motivo de litígio recente dos jornalistas com a empresa".

À "IMPRENSA", Kerison Lopes, presidente do sindicato, afirma que as demissões ocorrem em decorrência da crise financeira enfrentada pela publicação, que vai além dos problemas enfrentados pelos veículos impressos em todo o mundo.

"O jornal passa por uma crise financeira, e uma crise de gestão e credibilidade. Nos últimos tempos, O 'Estado de Minas' adotou uma linha editorial atrelada a um grupo político e acabou perdendo assinantes e, consequentemente, diminuindo sua venda em bancas", disse ele.

Procurado por "IMPRENSA", o jornal não retornou as ligações para comentar os cortes."

FONTE: do jornal digital "Brasil 247"  (http://www.brasil247.com/pt/247/midiatech/166050/Venderam-o-caos-e-quem-paga-s%C3%A3o-os-jornalistas.htm).[Título e trecho entre colchetes acrescentados por este blog 'democracia&política']. 

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