Li ontem no site “Direto da Redação” o seguinte artigo do jornalista e escritor José Inácio Werneck.
“Bristol (EUA) – Há ocasiões em que a coisa mais atual que se pode dizer já foi dita no passado. Peço licença aos leitores para repetir o título de minha coluna de 28 de novembro de 2007 (“Blá, blá, blá, blá, blá – click”), com o competente sub-título: “Discursos inúteis e photo op em que o Brasil comparece como papagaio de pirata marcam tentativa de disfarçar fracasso da política externa dos Estados Unidos”.
A ocasião foi a reunião em Annapolis em que George W. Bush e sua vápida Secretária de Estado, Condoleezza Rice, fingiram que tinham um plano para estabelecer em definitivo a paz entre árabes e judeus antes do fim de seu (des)governo.
O chanceler brasileiro foi lá para sair no retrato (vanitas vanitatum, et omnia vanitas) mas errou, pois, como eu então afirmei, o fracasso do projeto estava mais do que garantido.
Afinal, não custa lembrar que o (des)governo Bush colocou o Hamas no poder, ao sabotar Yasser Arafat, e, depois da vitória eleitoral do partido islamista, optou por considerá-la ilegítima.
O Hamas é um partido de extremistas, mas extremistas democraticamente eleitos por esmagadora maioria, assim como há extremistas em Israel que nem eleitos foram mas mesmo assim têm êxito em seu objetivo de ocupar à força terras palestinas, com base em algo que Jeová teria dito a Abrãao um dia no deserto.
A única solução para o conflito é a da co-existência de dois estados, hipótese que o Hamas se recusa a aceitar, e a devolução aos palestinos dos territórios ocupados a partir de 1967, hipótese que os extremistas em Israel se recusam a admitir.
O problema é difícil, mas George W. Bush conseguiu torná-lo pior.
Ainda assim, creio que a história esquecerá tudo isso, e o Iraque também, no momento de apontar a mais trágica falha de seu (des)governo. Ela é a destruição do sistema financeiro internacional.
Diariamente surgem histórias mais horripilantes de corrupcão, incompetência e impunidade nas altas rodas das finanças americanas, tudo sob a égide da política de “livre mercado” de George W. Bush.
A Moody’s, a Standard & Poor’s e outras agências, tão severas ao avaliar os riscos de colocar dinheiro no Brasil e demais economias emergentes, davam sempre nota “triple-A” à AIG, Fannie Mae, Freddie Mac, General Electric, Ambac Financial e MBIA, que sabidamente se envolviam em investimentos sem lastro.
Por que? Porque seus serviços (pasmem!) eram pagos exatamente pelas firmas que elas avaliavam.
Agora estamos às vésperas de uma nova administração nos Estados Unidos. Pior do que a atual não pode ser. Mas ninguém sabe ao certo quanto tempo o mundo vai precisar para se recuperar das catástrofes do (des)governo de um trapalhão que um dia assumiu o poder no país mais rico do mundo em consequência de uma decisão marota da Suprema Corte.”
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