“Ao receber o colega sírio Bashar Al-Assad, de quem ganhou elogios, presidente diz que Brasil pode ajudar a alcançar a paz, mas pede que Israel devolva as Colinas de Golã e cesse bloqueio a Gaza Isabel Fleck
Ao receber, semana passada, pela primeira vez, um chefe de Estado da Síria no Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva manteve o tom amistoso com que sempre recebe os colegas dos países árabes. Na presença de Bashar al-Assad, ele colocou Israel na berlinda.
Em discurso no Itamaraty, Lula reforçou a posição brasileira de que o país deve devolver as Colinas de Golã à Síria e suspender o bloqueio à Faixa de Gaza, além de repetir a necessidade da criação de um Estado palestino independente. O visitante, por sua vez, acusou o Estado judaico de "sempre colocar empecilhos" para chegar à paz e "ameaçar a segurança na região com suas armas Nucleares". As declarações em Brasília antecedem uma possível visita do premiê israelense, Benjamin Netanyahu, ao Brasil – segundo o assessor do Planalto para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, que pode ocorrer em agosto.
"Apoiamos o princípio de "terra por paz" para assegurar a devolução das Colinas de Golã à Síria", disse Lula, após o encontro bilateral, no qual se discutiu uma possível participação do Brasil nessa negociação com Israel. De acordo com Garcia, a visita de Netanyahu pode servir para colocar o assunto em pauta. Lula pediu ao colega que se empenhe "para ajudar a alcançar uma verdadeira reconciliação entre palestinos". "A Síria é um sócio indispensável na busca da pacificação, tem que ser ouvida e envolvida nas grandes discussões sobre o futuro do Oriente Médio", declarou Lula.
Segundo Garcia, Al-Assad não pediu diretamente ao Brasil que faça a intermediação nas conversas de paz entre israelenses e palestinos. "(Mas) Há uma expectativa de que o Brasil continue desempenhando função que teve até agora: de buscar uma paz que seja respeitosa na independência de Israel, respeitosa na existência do Estado palestino com fronteiras seguras", afirmou. “Defendemos um Estado palestino independente, soberano, coeso e economicamente viável, e que possa conviver em segurança e dignidade com Israel. Isso só será possível com unidade”, declarou Lula, acrescentando que "a paz no Oriente Médio é um dos pilares" do projeto no qual o Brasil quer ser parceiro.
O presidente sírio elogiou a "visão realista" do Brasil sobre o Oriente Médio, e seus posicionamentos desde o início do governo Lula. "O povo árabe não esquece a posição do Brasil perante a Guerra do Iraque, em 2003, que se iniciou por conta de armas Nucleares. Alguns tentam repetir esse mesmo cenário em vários assuntos internacionais", disse Al-Assad, em referência ao impasse sobre o programa Nuclear iraniano. "A Síria admira o papel do Brasil e da Turquia ao chegarem a um acordo no qual o Irã aceitou a troca de seu combustível Nuclear. Isso mostrou a boa vontade do Irã e abriu caminho para uma solução pacífica, enquanto Israel ainda ameaça a segurança e a paz na região, através de suas armas Nucleares", completou.
Os dois líderes condenaram o ataque à flotilha que seguia rumo à Faixa de Gaza, deixando nove mortos. "Israel sempre põe empecilhos para encontrar a paz. Em 2006, houve o ataque ao Líbano, em Gaza, muitos inocentes morreram, o cerco continua. O último empecilho foi a esse barco humanitário, que queria somente a paz e foi atacado em águas internacionais", disse Al-Assad. Para Lula, o "incidente" com a flotilha mostra que é "mais do que hora de levantar o bloqueio a Gaza".
HAMAS
A polícia israelense prendeu Muhammad Abu-Teir, parlamentar palestino do Hamas em Jerusalém Oriental. Segundo os policiais, ele estava na cidade ilegalmente, pois Israel havia revogado sua autorização de residência por ele ter se filiado ao partido radical islâmico. A prisão de Abu-Teir, que deve comparecer a um tribunal israelense hoje, provavelmente aumentará as críticas internacionais ao projeto do Estado judaico de deportá-lo de Jerusalém Oriental junto com outros três políticos do Hamas. Jerusalém é um dos maiores obstáculos para o diálogo entre israelenses e palestinos, já que Israel ocupa, desde a guerra de 1967, a parte oriental da cidade, reivindicada pelos palestinos para ser sua capital. O governo de Israel afirma que Jerusalém é a capital do Estado judaico, “única e indivisível”.
FONTE: publicado no jornal “Estado de Minas” .
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