RISCO-PAÍS BLINDA CÂMBIO CONTRA VOLATILIDADE
“O mercado de câmbio, hoje escorado num estoque espetacular de reservas, ainda é o mais sensível a situações de risco econômico ou político. Mas, diferente do que ocorreu em 2002, o comportamento recente do dólar não sugere tensão com a campanha eleitoral em curso que selará a passagem de bastão do presidente Lula para o sucessor, após oito anos de mandato e índices inéditos de aprovação.
Há oito anos, ante o temor de que Lula, se eleito, poderia romper com a política econômica vigente, o dólar chegou a subir 70%. Em outubro de 2001, o dólar encostou em R$ 4. Nos seis primeiros meses daquele ano, a cotação avançou quase 24%. Agora, em 2010, o dólar ganhou pouco mais de 3% e a alta acumulada no ano até outubro – sinalizada pelo mercado futuro – nem chega a 3,5%.
A melhora dos fundamentos econômicos do país explica, em parte, o comportamento do câmbio. Mas a calmaria do momento, vai além. Também indica confiança na continuidade do atual governo. O mercado não está embutindo nos preços dos ativos a possibilidade do candidato do PSDB, José Serra, vencer as eleições.
Outra indicação de que em oito anos mudaram o país e o mundo é a medida de risco internacional das diversas economias.
Em 2002, o termômetro considerado relevante de risco-país para os grandes investidores globais era representado pelo EMBI+, o Emerging Markets Bond Index Plus calculado pelo JP Morgan, desde 1994.
Com a crise financeira de 2008, tornaram-se mais relevantes as cotações do Credit Default Swap (CDS) que indicam as expectativas do mercado quanto à capacidade de empresas e países em cumprir seus pagamentos.
O CDS é um instrumento financeiro que permite ao comprador proteger-se do não cumprimento de determinado crédito. O mesmo JP Morgan, responsável pelo cálculo do EMBI+, liderou um grupo de bancos que criou o mercado de CDS em 1994.
Em 2002, com Lula a caminho do Planalto, o EMBI+ dobrou e chegou à cotação máxima histórica de 2.436 pontos. Oito anos depois, o EMBI+ vale 10 vezes menos e navega em estabilidade.”
FONTE: publicado hoje (14/07) no jornal Valor Econômico e postado no blog de Luis Favre.
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