quarta-feira, 24 de novembro de 2010
CELSO AMORIM DEFENDE ABSTENÇÃO BRASILEIRA EM MOÇÃO SOBRE O IRÃ
“O chanceler brasileiro, Celso Amorim, afirmou segunda-feira (22) que o governo do Irã deu garantias de que Sakineh Ashtiani, condenada por adultério e por participação na morte do marido, não será apedrejada. O Brasil e mais 56 países se abstiveram em resolução proposta pelo Canadá às Nações Unidas contra o Irã, tendo como mote os Direitos Humanos.
Defendendo a posição do Brasil, que se absteve na semana passada de votar na Organização das Nações Unidas (ONU) uma resolução que pedia a condenação do Irã por violações dos direitos humanos e pela questão do apedrejamento de mulheres, Amorim disse que "não havia uma resolução sobre apedrejamento. Houve uma resolução sobre o Irã onde havia a questão do apedrejamento. Claro que a condenamos e já falamos isso muitas vezes e de forma muito mais efetiva que outros países, pois falamos diretamente e temos condições de diálogo com o governo do Irã. Não posso atribuir ao Brasil, pois seria pretensioso, mas em vários casos já nos foi assegurado que o apedrejamento não vai ocorrer", afirmou o chanceler.
A resolução da ONU foi apresentada pelo Canadá. Além do Brasil, outros 56 países se abstiveram da votação. O texto foi aprovado por 80 votos a favor e 44 contra. O governo brasileiro alega que a resolução tem motivação política e a meta de pressionar o Irã sobre assuntos que não têm a ver com os direitos humanos, mas principalmente a questão nuclear.
DIPLOMA NA PAREDE
"Obviamente condenamos o apedrejamento. Mas conseguimos falar com o interlocutor e isso é mais importante para a senhora (Sakineh) do que colocar um diploma na parede e dizer: "veja, aqui está, recebemos o aplauso", afirmou Amorim. "Há maneiras de atuar. É fácil seguir o que quer a imprensa e dizer "nós condenamos", mas sem nenhum efeito prático", disse. Amorim garantiu que não tomará "nenhuma decisão apenas para agradar ou um meio de comunicação [os EUA e Israel] ou uma ONG".
Amorim ainda destacou que sua diplomacia tem tido resultado e lembrou que o Brasil já obteve a libertação de uma jovem francesa detida pelo iranianos, além de um cineasta. Ele disse que uma americana também foi libertada graças a sua intervenção. "Hillary Clinton me pediu diretamente pelo telefone", disse. Dois colegas da americana que também foram detidos continuam em Teerã. "Vamos seguir atuando pelos outros dois."
ENTENDA O CASO
Sakineh foi condenada em 2006 por manter relações com dois homens após ficar viúva, o que, segundo a lei islâmica, também é considerado adultério. Ela foi condenada a 99 chibatadas. Depois, esta pena foi convertida em morte por apedrejamento.
Em julho deste ano, seu advogado Mohammad Mostafaei tornou público o caso em um blog na internet, o que chamou a atenção da comunidade internacional. Perseguido pelas autoridades iranianas, ele fugiu para a Turquia, de onde buscou asilo político na Noruega.
A sentença de apedrejamento foi suspensa, mas ainda pode ser retomada pela Justiça. Um tribunal de apelações acrescentou ao caso a acusação de conspiração para o assassinato do marido, da qual ela continua condenada a morte por enforcamento.
APELOS BRASILEIROS
O governo brasileiro já havia feito apelos humanitários em favor de Sakineh Mohammadi Ashtani, como o que foi reiterado pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, em conversa com o chanceler do Irã, Manouchehr Mottaki, no dia 22 de outubro. Na conversa, Amorim falou também sobre a questão nuclear e sobre os alpinistas norte-americanos que se encontram presos no Irã.
Em julho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ofereceu asilo à iraniana Sakineh Ashtiani, de 43 anos. O governo iraniano suspendeu a pena de apedrejamento, mas rejeitou a oferta de Lula, alegando que ela tinha cometido um homicídio e deveria ser punida pelo crime. Lula disse que fez a oferta por questões humanitárias.
Depois de eleita presidente da República, Dilma Rousseff também repudiou o apedrejamento, classificando-o como "uma coisa muito bárbara".
Ontem, o chefe do Conselho de Direitos Humanos iraniano, Mohammad Javad Larijani, disse que há uma boa chance de que a vida de Sakineh seja salva. Ele não deu mais detalhes.”
FONTE: texto de Luana Bonone da redação do portal “Vermelho”, com informações do Estadão e da Folha (http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=142120&id_secao=1) [palavras e trechos entre colchetes e imagem adicionados por este blog].
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