“A Irlanda fechou um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) que prevê um aporte de 80 a 90 bilhões de euros para evitar a falência bancária e a moratória da dívida externa.
Fortemente afetada pela crise financeira mundial, o governo destinou 45 bilhões de euros ao longo do ano passado para resgatar os maiores bancos do país, ampliando o endividamento e incorrendo num déficit público colossal, estimado em 32% do PIB.
CAPITULAÇÃO
O dinheiro entregue aos banqueiros não foi suficiente para afastar o espectro da crise. Diante da bancarrota iminente e sem coragem para decretar a moratória e cair fora da conturbada zona do euro o governo irlandês, embora inicialmente relutante, acabou capitulando ao FMI e à cúpula da União Europeia, negociando o pacote.
A “ajuda” não se destina a combater o desemprego e a crise social, que avança de forma implacável e está provocando um êxodo de razoáveis proporções no país. Fugindo dos dramáticos efeitos da crise, que elevou a taxa de desemprego a 13%, cerca de 5% da população emigraram ou pretendem emigrar para outros países.
PRIVILÉGIOS E SACRIFÍCIOS
O dinheiro do FMI e da União Europeia será usado para saldar dívidas, ou seja, vai direto para os bolsos dos credores. O povo não verá a cor desta grana. Mas o “plano de estabilidade” que será imposto ao país cobrará ainda maiores sacrifícios à classe trabalhadora, a exemplo do que ocorre na Grécia, que, a mando do FMI, cortou salários, direitos (como 13º e 14º) e emprego.
Embora não tenha nenhuma responsabilidade pela crise do sistema capitalista, a classe trabalhadora é sua principal vítima. A conta da extravagância financeira e do “socorro” aos bancos é apresentada de forma cínica pelo governo ao povo, com alegações falsas de que não há outra saída e promessas vazias de recuperação e estabilidade econômica. Por aí se vê o caráter de classe do Estado capitalista, que é colocado claramente a serviços do capital financeiro.
NOTA DO PCP
O pacote vai aprofundar a crise econômica, uma vez que gera recessão, desemprego e reduz a taxa de consumo da classe trabalhadora. O Partido Comunista Português (PCP) divulgou segunda (22) uma nota esclarecedora sobre a “ajuda externa” à Irlanda, cuja íntegra o “Vermelho” reproduz abaixo:
“A chamada “ajuda externa” à Irlanda constitui uma nova drenagem de fundos públicos para o apoio ao grande capital financeiro, feito em função dos seus interesses e dos interesses das grandes potências da União Europeia e em nome da manutenção de uma cada vez mais insustentável política econômica e monetária da União Europeia. Uma intervenção que, ao contrário da “ajuda” que proclama, provoca novos e mais pesados sacrifícios sobre os trabalhadores e o povo irlandês e mais um golpe na soberania do estado irlandês.
“A situação da Irlanda – país que ainda há pouco tempo era dado como exemplo de sucesso de aplicação das receitas e dogmas neoliberais – confirma inteiramente que a insistência numa política ditada pelos interesses do grande capital, e em particular do capital financeiro, só pode conduzir à dependência e ao empobrecimento.
“Como o PCP tem sublinhado, é na mudança de rumo e na opção por uma política de crescimento econômico – sustentado no aumento da produção nacional, na valorização dos salários e numa justa política fiscal – que o PCP defende para Portugal, que se podem enfrentar e ultrapassar as dificuldades que a política de direita e a sua submissão ao processo de integração capitalista europeia tem arrastado o país.”
FONTE: escrito por Umberto Martins, da redação do portal “Vermelho”, com informações do Partido Comunista Português (http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=142108&id_secao=2).
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