Muro construído por Israel para "defender" os novos territórios palestinos que invadiu e incorporou
RECONHECIMENTO DO ESTADO PALESTINO É TEMA EM PAUTA PARA A EUROPA
“Brasil, Chile e Argentina já reconheceram o Estado dentro das frontreiras de 1967. Para palestinos, a União Europeia (EU) também deve fazê-lo em breve. [Contudo,] ex-diplomata israelense acredita que a UE não irá contra vontade dos EUA.
Na América do Sul, Brasil, Chile e Argentina já declararam reconhecer a Palestina como Estado independente, segundo as fronteiras definidas em 1967. Mais recentemente, Irlanda, França, Portugal, Espanha e Noruega alteraram a posição oficial da representação palestina em seus respectivos países, nomeando o chefe da delegação diplomática como embaixador.
"Tudo isso não passa de jogo de palavras. O que realmente importa é a definição das fronteiras por Israel e pelo futuro Estado palestino", diz Avi Primor, ex-embaixador de Israel na UE e na Alemanha, e atual presidente do Conselho Israelense de Relações Internacionais [Israel quer, pela sua maior força, definir sozinho com os palestinos, sem interferência de outros países ou da ONU, qual será sua nova fronteiras após as invasões perpetradas nos últimos cinquenta anos].
Salah Abdel Shafi, que encabeça a delegação palestina na Alemanha desde 2010, diz que "não temos a ilusão de que o reconhecimento mudará fundamentalmente as coisas". Em entrevista à “Deutsche Welle”, ele falou sobre a expectativa de que a União Europeia (UE) declare publicamente a existência da Palestina como Estado independente.
Segundo Shafi, não há nada, contudo, que assegure quando isso acontecerá. "A certeza que temos é a de que a União Europeia declarou que reconhecerá o Estado palestino no momento adequado. No entanto, acreditamos que os membros da UE irão nos reconhecer", confessa.
[O israelense] Avi Primor, por outro lado, demonstra ceticismo: "Não acho que a União Europeia fará isso, porque o bloco quer permanecer alinhado com os Estados Unidos e, enquanto os Estados Unidos não o fizerem –e eles não podem fazê-lo porque têm uma política diferente–, suponho que a UE não tomará iniciativa própria."
SOBRE OS OMBROS NORTE-AMERICANOS
Em seu discurso na Assembléia Geral das Nações Unidas, em setembro de 2010, Barack Obama havia dito, porém, contar com um novo membro para a próxima reunião, em setembro próximo: o representante de um Estado palestino. "Estamos levando a sério as palavras de Obama", comentou Shafi.
O representante dos palestinos na Alemanha aponta "um forte lobby pró-Israel nos Estados Unidos. Mas, se, no fim das contas, cada vez mais países do mundo reconhecerem o nosso Estado e se fizerem isso não só pela Palestina, mas também por Israel, então acho que os Estados Unidos não poderão se manter contra a maioria no mundo", analisa o palestino.
POSTURA DE BERLIM
Na visão de Shafi, Berlim só reconhecerá a Palestina como Estado autônomo caso a UE determine tal medida de forma coesa entre seus países-membros. "Não achamos que a Alemanha dará algum passo dentro da UE que ameace a relação especial que o país tem com Israel. Pelo contrário, acho que reconhecer o Estado palestino é, no fim, exatamente, uma atitude em prol dos interesses de Israel", diz ele.
Avi Primor, por sua vez, pontua que "apesar do forte apoio aos palestinos, e do fato de Angela Merkel, na sua última visita a Israel, ter exigido oficial e claramente, pela primeira vez, que Israel negocie com os palestinos, não acho que haverá uma decisão alemã unilateral."
Primor ressaltou ainda o peso histórico da relação entre alemães e israelenses. "A Alemanha é muita cuidadosa quando o assunto é Israel, e também muito consciente de sua responsabilidade frente ao país. Berlim não tomará iniciativa sozinha em assunto que seja controverso para Israel."
FONTE: escrito por Michael Knigge e Nádia Pontes (revisão: Soraia Vilela) Publicado no “Dw-Word.De” e transcrito no site “DefesaNet”
(http://www.defesanet.com.br/11_02/110211_07_dw_om_palestina.html) [trechos entre colchetes adicionados por este blog]
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