Meirelles e Sobel (à direita): um pedido vergonhoso, mas óbvio
(clicar para ver a imagem, caso ela não já esteja exposta)
Por Brizola Neto
“Não tenho como saber se os termos em que o ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, pediu ajuda aos Estados Unidos para “pressionar discretamente” o Governo Lula para dar mais liberdade ao BC para criar uma regulamentação mais favorável aos investidores estrangeiros no Brasil estão ou não distorcidos, como ele alega.
E, francamente, acho que isso é o menos importante.
O que Meirelles fez –embora deprimente para um dirigente público- é o que os tais defensores da “autonomia total” dos bancos centrais desejam: deixar o “mercado” tornar-se a própria autoridade monetária do país e reger como bem lhe aprouver o funcionamento da economia.
A governança financeira de um país é parte –e cada vez mais essencial, num mundo onde as finanças são a essência da ordem econômica– do próprio Governo nacional.
Pretender que parte deste governo seja autônoma é querer que ela não se subordine à vontade popular, expressa no voto popular.
Óbvio que opor-se a isso não é pretender que a função de presidente (ou diretor) de um banco central seja um cargo eletivo ou mesmo político. É, sim, técnico. Mas não pode ser desvinculado, absolutamente, do projeto econômico e social que, nas urnas, a população defina para o país.
O suposto pedido de Henrique Meirelles ao embaixador dos EUA, Clifford Sobel, mais ou menos indecorosos que tenham sido seus termos, é o mesmo que fazem, todos os dias, de público, os grandes jornais e a maioria dos seus festejados analistas econômicos.
Aliás, é de se registrar que a imprensa não tenha dado destaque, como agora, ao fato de que os mesmos telegramas diplomáticos vazados pelo Wikileaks tenham revelado os diálogos de alguns deles com a embaixada americana.
Ambos os episódios são, como disse, vergonhosos.
Mas é bom que reflitamos –no meio dessa campanha de explorações sobre a saída de Roger Agnelli do trono da Vale– sobre o que se esconde por detrás do discurso de uma “gestão técnica e independente” de instituições que lidam com questões essenciais para a população.
Muitas vezes, quem quer se “libertar” do alinhamento de um Governo eleito –nada a ver com transformar em partidárias as decisões administrativas– quer, mesmo, é ser servo de outros interesses.”
FONTE: escrito por Brizola Neto e publicado em seu blog “Tijolaço” (http://www.tijolaco.com/segredo-do-wikileaks-sobre-bc-e-uma-triste-obviedade/)
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário