domingo, 4 de novembro de 2012

DUAS ELEIÇÕES DEFINITÓRIAS: ALEMANHA E EUA

Obama e o Bundestag (ao fundo)

Do “Policy Network - State of the Left” [Estado da Esquerda]

O mundo político está às vésperas de duas eleições definitórias, uma de cada lado do Atlântico: Obama vs Romney nos EUA, nesta semana; e, em 2013, Merkel vs Steinbrück, na Alemanha.

Nos dois casos, a disputa acontece segundo linhas cada vez mais claramente partidarizadas: no centro do palco, travam-se batalhas políticas e ideológicas em torno de um eixo-pivô esquerda/direita.

Nos EUA, o debate está sendo feito em torno do papel do governo e do tamanho do orçamento federal. Na Alemanha, a eleição ocorre em momento de decisão crucial sobre o projeto europeu: os últimos seis meses dão testemunho dos limites da luta solitária de François Hollande para alterar a rota; uma vitória de Steinbrück na Alemanha pode garantir o espaço necessário para abordagem genuinamente nova na crise da eurozona.

A mesma superdivisão partidarizada vê-se hoje em toda a Europa depois de uma era definida pelo consenso político e pela "triangulação" [1]. Partidos políticos de centro-esquerda na oposição endureceram o jogo, mas, como mostram os analistas do blog “State of the Left” [Estado da Esquerda], ainda têm longo caminho a trilhar, para efetivamente escapar ao golpe devastador de outra derrota, na sequência de período que se deve prever longo, de ‘austeridade’ comandada pela direita.

Sinal positivo é a entrada do Partido Trabalhista Alemão no governo de coalizão e a deriva “pós-populista” das tendências eleitorais dominantes. Como alerta, no contra-pé dessa deriva bem-vinda, deve-se considerar a extrema vulnerabilidade do sistema político italiano, ainda sem meios para proteger-se contra o massacre por atores antipolíticos e populistas.

Em “Policy Network” reunimos fatos e personagens chaves, relacionados aos partidos da social-democracia em todo o mundo. Os internautas encontram ali resultados de pesquisas recentes de intenção de voto em vários países europeus, opinião e tendências ao longo do tempo e podem ler ou reler os manifestos dos partidos.”

NOTA DOS TRADUTORES

[1] Orig. “Triangulation”: é o nome dado ao que faz o candidato, em disputa política, que se apresente como “acima” e “entre” a esquerda e a direita do espectro político tradicional nos EUA e na Grã-Bretanha. Implica adotar parte das ideias de algum adversário (quase sempre adversário apenas aparente). A lógica desse tipo de movimento é que os dois lados recebem créditos pelas ideias do oponente e o “triangulador” fica protegido contra ataques mais virulentos relacionados ao tema “triangulado”.

FONTE: artigo do “Policy Network - State of the Left” [Estado da Esquerda], sob o título original “Two Defining Contests”. Traduzido pelo “pessoal da Vila Vudu” e postado por Castor Filho no blog “Redecastorphoto”  (http://redecastorphoto.blogspot.com.br/2012/11/duas-eleicoes-definitorias-alemanha-e.html).

Um comentário:

Crítico disse...

A triangulação foi a estratégia adotada pela esquerda para sobreviver ao fim da Guerra Fria. O exemplo mais antigo e mais radical de triangulação política é o do Partido Comunista Chinês, que usa a alcunha de "comunista" mas na prática adota a economia de mercado.