Soldado do exército iraquiano dispara obus contra posições rebeldes
Exportação forçada de "democracia" para o Iraque resultou em guerra
"Os peritos estão seriamente preocupados com a crescente tensão na região do Oriente Médio. O início de uma guerra em larga escala está cada vez mais próximo, devido aos êxitos militares dos islamistas, cuja pressão faz o Iraque pós-Saddam se desmoronar como um castelo de cartas.
Por Serguei Duz, na "Voz da Rússia"
Exportação forçada de "democracia" para o Iraque resultou em guerra
"Os peritos estão seriamente preocupados com a crescente tensão na região do Oriente Médio. O início de uma guerra em larga escala está cada vez mais próximo, devido aos êxitos militares dos islamistas, cuja pressão faz o Iraque pós-Saddam se desmoronar como um castelo de cartas.
Por Serguei Duz, na "Voz da Rússia"
Os combatentes da formação "Estado Islâmico do Iraque e do Levante" (EIIL) estão se aproximando cada vez mais da capital do país. Na opinião dos militares, seu objetivo final é Bagdá, de onde os estrangeiros estão sendo rapidamente evacuados. Das regiões já ocupadas pelos islamistas, é a população civil que foge.
A situação no Iraque se agravou bruscamente no princípio da semana passada depois de os combatentes sunitas do EIIL, e das formações radicais locais que lhes são leais, terem iniciado uma ofensiva contra uma série de cidades no norte do Iraque, tendo conquistado completamente a província de Nínive e o seu centro administrativo Mossul. A entrega das posições foi favorecida pela completa inação das forças de segurança e do exército, que abandonaram a cidade, com seus paióis de armamento e habitantes, à mercê dos radicais.
Ao desenvolver sua ofensiva, os combatentes se aproximaram da cidade de Kirkuk (no nordeste do país). No entanto, aí eles esbarraram com a milícia curda "Peshmerga" e os islamistas foram travados. Na prática, os curdos acabaram por ser a única verdadeira força no Iraque capaz de se opor a uma ameaça séria.
Mas Bagdá não deve contar realmente com eles, considera o presidente da "Academia de Problemas Geopolíticos" Konstantin Sivkov: “Os curdos querem criar um Estado próprio e por isso eles aproveitam a ocasião e a posição a que assistimos. Além disso, esse cenário é útil para os Estados Unidos, os quais estão realmente por trás dos curdos iraquianos. Ao se separarem do Iraque, os curdos tentarão arrancar uma série de territórios à Turquia, ao Irã e à Síria, o que irá enfraquecer todos esses países.”
Entretanto, ninguém poderá se manter à margem da crise, refere o presidente do "Centro Iraquiano para o Desenvolvimento de Mídia", Adnan al-Sarraj: “A posição dos curdos causa estranheza. Ela não corresponde nem aos princípios de unidade do Iraque, nem à constituição iraquiana. Seria ingênuo supor que o EIIL se fique [se limite] às regiões ocupadas. Numa perspetiva a curto prazo, os extremistas dessa formação podem também visar o Curdistão. Não podemos esquecer que esses combatentes divulgaram um mapa com a marcação das fronteiras do Estado que eles querem criar. Elas incluem tanto o Curdistão, como a Jordânia e a Palestina.”
Por enquanto, e tendo em consideração a neutralidade curda, não parece possível para o "agrupamento Estado Islâmico do Iraque e do Levante" sem recurso a forças externas. Tudo indica que essas forças existem e que elas são o Irã e os EUA. Unidades de elite do "Exército dos Guardiães da Revolução Islâmica" e drones estadunidenses seriam capazes de virar o andamento desta guerra a favor do governo iraquiano. Mas isso apenas iria proporcionar uma vitória tática.
A intervenção militar dos EUA no Iraque, levada a cabo em 2003, sob um falso pretexto e contra as normas jurídicas internacionais, iniciou um processo de desmembramento desse país e esse processo se tornou irreversível. Uma década depois o país se está dividindo em três partes: uma parte curda, outra xiita e outra sunita.
Mas isso é apenas parte do problema. A verdadeira tragédia é que a guerra 'interconfessional' pode alastrar a toda a região, declarou numa entrevista à "Voz da Rússia" o perito militar e ex-presidente do "Conselho de Veteranos da Turquia" Korai Gurbuz: “Na região, já há muito tempo que decorre a confrontação entre sunitas e xiitas. Se se recordam, ainda em 2006 o atual primeiro-ministro do Iraque, o xiita Nouri al-Maliki e o antigo vice-presidente do país Tariq al-Hashimi, que representava os interesses sunitas, tiveram problemas sérios. Já nessa altura entre os sunitas iraquianos e os xiitas ocorriam regularmente confrontos sangrentos".
“Aquilo que se passa hoje é uma continuação desses acontecimentos. Hoje o 'Estado Islâmico do Iraque e do Levante' está realizando uma chacina da população xiita. Infelizmente, também a Turquia está indiretamente envolvida. O EIIL não surgiu do nada e de repente, e não obteve este poderio apenas graças às suas próprias forças. Na minha opinião, o EIIL é um dos instrumentos de execução do projeto do 'Grande Oriente Médio' que está sendo realizado por etapas na região pelos Estados Unidos.”
Os acontecimentos que decorrem neste momento no Iraque demonstram que a democracia não pode ser exportada através da guerra. Isso foi um erro evidente dos EUA que é muito difícil corrigir, senão mesmo completamente impossível."
FONTE: escrito por Serguei Duz, na "Voz da Rússia". Transcrito no portal "Vermelho" (http://www.vermelho.org.br/noticia/244414-9).
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