sábado, 29 de novembro de 2008

PIRRAÇA E ‘MAROLINHA’

Li ontem no blog Cidadania.com, de Eduardo Guimarães, o seguinte interessante texto:

“Não adianta tentar argumentar com crianças pequenas quando elas se atiram ao chão, esperneiam e berram por não quererem ir a algum lugar ou fazer alguma coisa. Tenho 4 filhos (três meninas e um menino) e uma neta de sete anos. Bem sei como a lógica é inútil quando crianças querem impor seus desejos imediatos sobre a realidade. Para os infantes, o mundo tem que se adaptar aos seus desejos. Esse comportamento é da natureza humana, simplesmente, e é popularmente conhecido como pirraça.

Admite-se pirraça em crianças. Alguns, como eu, aprenderam a lidar pacientemente com um tipo de comportamento que afeta dez entre dez petizes, mas só quando quem assim atua é petiz; quando marmanjos fazem pirraça, o caso passa à esfera da psiquiatria.

A mídia faz pirraça com a crise. Enquanto os dados econômicos mostram, cada vez mais, que o tsunami que atingiu os Estados Unidos, a Europa e a Ásia chegou ao Brasil como mera “marolinha”, jornalões, revistões e todos os outros meios de comunicação premiados com sufixos superlativos tentam fazer o público crer que a crise vai nos pegar e que Lula não sabe o que diz.

A charge abaixo foi publicada hoje pela Folha de São Paulo. Reflete perfeitamente a discurseira irresponsável da mídia apesar da montanha de dados que vai se acumulando e mostrando que em outubro, mês em que a mídia se dedicou a dizer que estavam acontecendo “demissões”, “fuga de investimentos”, “paralisia econômica” etc, na verdade a economia bateu recordes, o desemprego recuou, os investimentos – inclusive os estrangeiros – cresceram, enfim, que a crise, aqui, está sendo, de fato, uma “marolinha”.

Mas, de todos os dados positivos sobre a economia do país, dados que vêm sendo divulgados com enorme parcimônia pela mídia, um deles me pareceu que saiu quase sem querer da boca da imprensa golpista. Foi ontem no Jornal Nacional, no fim do terceiro bloco do programa, no espaço de alguns segundos. Reproduzo, abaixo, a locução textual da apresentadora Fátima Bernardes:

“As contas do governo melhoraram com a alta da moeda americana. Como o Brasil tem mais aplicações [reservas] em dólares do que dívidas [em dólar], a variação da moeda derrubou a relação entre a dívida pública e o produto interno bruto em outubro para 36,6%, o nível mais baixo em uma década [desde 1998, quando a quebra do Brasil fez a dívida se multiplicar]. Esse índice é o principal indicador da saúde das contas de um país; quanto menor ele for, melhor.”

Amigos meus daqui do blog e do meu círculo de relações pessoais têm me perguntado, pessoalmente, por telefone e por e-mail, se foi chute quando eu disse, já naquele momento em que as pessoas pensaram que teria explodido a crise, em 15 de setembro último, que o país seria pouco afetado. Agora revelo: não foi chute, foi lógica.

No início, espantei-me ao ver até setores da esquerda ceder à conversa fiada da mídia de que seriamos pegos de jeito pela crise. Sem perceber, esses setores se tornaram inocentes úteis ao concordarem com a conversa da mídia de que, se países tão importantes, governados por doutores, foram arrasados economicamente, não seria um país do Terceiro Mundo, governado por um ex-operário sem diploma universitário, que iria resistir.

Não sei se a falta de diploma ajuda ou atrapalha Lula, mas, ao dar a decisão final sobre as políticas públicas, ao escolher caminhos que lhe são colocados à frente pelos técnicos das diversas áreas, ao menos na economia o diploma universitário – ou a sua falta – não tem impedido o presidente de tomar as melhores decisões.

O dado sobre a relação dívida Vs. PIB é sumamente importante porque mostra a saúde financeira do país. E o melhor é que não foi conseguido com recessão, como sempre foi perseguido pelos antecessores de Lula. Foi conseguido em meio a forte crescimento. Enquanto a mídia gritava que era bobagem acumular tantas reservas, quem tinha informações sobre o que começava a acontecer no mundo rico tratou de pôr as barbas de molho como fez o governo Lula.

Não adianta, no entanto, argumentar muito. A crise internacional gerou uma espécie de fetiche no topo da nossa pirâmide social. É quase como se fosse chique entrar em crise junto com países que a direita brasileira sempre quis imitar. E, por pura pirraça, Folhas, Globos, Estados, Vejas e seu exército de zumbis teleguiados na sociedade civil não querem porque não querem aceitar a excelência da administração do Brasil nos últimos quase seis anos. São piores do que crianças pirracentas”.

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