sexta-feira, 5 de junho de 2009

ENTRADA DE DÓLARES NO PAÍS É A MAIOR EM 13 MESES

MEIRELLES DIZ QUE FLUXO CAMBIAL POSITIVO REFLETE VOLTA DO INVESTIDOR ESTRANGEIRO

MAIO REGISTRA INGRESSO DE US$ 3,1 BI, E SALDO EM 2008 FICA NO AZUL

PELA 1ª VEZ; PRESIDENTE DO BC NEGA USAR JURO PARA CONTROLAR CÂMBIO


“O fluxo de capital externo para o Brasil ficou positivo em US$ 3,134 bilhões no mês passado, o maior resultado apurado pelo Banco Central desde abril de 2008. Com isso, o saldo acumulado de janeiro a maio ficou em US$ 1,590 bilhão.

É a primeira vez no ano em que o ingresso de divisas acumulado fica positivo, embora o saldo esteja longe dos US$ 15,8 bilhões registrados nos primeiros cinco meses de 2008, antes do agravamento da crise.

Em audiência pública promovida pela Câmara dos Deputados, o presidente do BC, Henrique Meirelles, disse que a maior entrada de recursos externos no mês passado reflete, em boa parte, a volta dos investidores estrangeiros ao país.

Tanto as aplicações em ações de empresas brasileiras quanto os investimentos diretos na produção foram positivos. Segundo Meirelles, a Bovespa recebeu cerca de US$ 2,5 bilhões no mês passado, enquanto os investimentos diretos somaram US$ 2,75 bilhões.

O presidente do BC usou esses números para dizer que a recente queda do dólar está ligada à confiança dos investidores do Brasil, e não ao nível dos juros. Segundo ele, as aplicações em renda fixa -cuja rentabilidade é atrelada aos juros- não respondem por uma parcela significativa dos dólares que têm entrado no Brasil, logo não estaria causando a valorização do real. Ontem, o dólar subiu 2,08% e fechou a R$ 1,964.

A taxa básica Selic está hoje em 10,25% ao ano, nível que, embora baixo para os padrões brasileiros, é alto na comparação com a média internacional. Na semana que vem, o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) se reúne para decidir se mexe ou não nos juros.

Embora a expectativa do mercado financeiro seja de um corte de 0,75 ponto percentual, no governo há quem defenda uma redução mais forte para tentar estimular a recuperação da economia e conter a queda do dólar, que pode prejudicar as exportações do país.

"Usar a Selic para controlar a taxa de câmbio seria o abandono do atual sistema, que tem sido tão bem-sucedido no Brasil", disse Meirelles, numa referência ao regime de metas de inflação, em que os juros variam só para manter os índices de preços sob controle, sem que haja uma preocupação com seu efeito direto sobre o câmbio.

Meirelles negou que o BC atue com excessiva cautela na condução da política de juros e argumentou que a economia crescia a taxas elevadas até o início da fase mais aguda da crise, no fim de 2008. "Quando se olha para o comportamento da demanda doméstica, não se pode dizer que a política monetária do período tenha sido extremamente conservadora."

Ele voltou a dizer que acredita que o Brasil sairá fortalecido da crise, pois, mesmo com um cenário externo mais adverso, tem conseguido manter sob controle o nível da dívida pública. Além disso, ressaltou Meirelles, já tem sido possível para o BC comprar dólares no mercado para reforçar as reservas -que chegaram a US$ 206 bilhões no mês passado.”

FONTE: Folha de São Paulo de 04/06/09

Nenhum comentário: