segunda-feira, 8 de junho de 2009

QUESTÕES QUE FICAM NO AR

"O mundo inteiro continua sob o impacto da tragédia com o airbus da Air France e lamentando a perda de tantas vidas. Embora com certo constrangimento, há uma pergunta que não quer calar: o que estava fazendo no vôo Marcelo Parente, chefe de gabinete do Prefeito do Rio de Janeiro?

As informações iniciais eram de que o chefe de gabinete de Eduardo Paes realizava uma viagem particular, em seguida se informou que estava de férias, isso depois de menos de seis meses ocupando o cargo. Convenhamos, numa cidade com os problemas do Rio de Janeiro, seis meses é muito pouco tempo para um chefe de gabinete do Executivo municipal tirar férias.

Algum funcionário da Prefeitura é autorizado a viajar para resolver problemas particulares ou tirar férias na Europa com seis meses de trabalho?

Ainda em relação ao trágico acidente aéreo, o Ministro Nelson Jobim foi o responsável por um dos maiores micos dos últimos tempos por sua declarações precipitadas sobre o óleo no oceano que não era do airbus da Air France e as peças que não eram do avião sinistrado. Se fosse em outro país, possivelmente o Ministro da Defesa teria sido demitido sumariamente por seu açodamento e deslumbramento por aparecer nos noticiários das TVs. Mas, o que se pode esperar de um Ministro que veste traje de campanha durante exercício militar sendo ele um civil?

Outro fato que não deve passar em brancas nuvens é o da abertura da um Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar supostas denúncias sobre contratos da Petrobrás. Na política brasileira tudo pode acontecer, até mesmo o PSDB-Dem (PFL) tentar se apresentar como defensores da Petrobras.

Na verdade, os dirigentes dos dois partidos jogam com a falta de memória e o silêncio complacente da mídia hegemônica. Se a imprensa deixasse de ser aparelho ideológico do capital, os jornalões acionariam seus departamentos de pesquisa para lembrar que se houve tentativas no sentido de enfraquecer a estatal petrolífera isso aconteceu nos dois governos de FHC e até antes quando o príncipe sociólogo ocupava o cargo de Ministro da Fazenda.

Para se ter uma idéia, em 1993, segundo a Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet), o então Ministro da Fazenda determinou um corte de 52% no orçamento da Petrobras previsto para 1994, sem nenhuma fundamentação ou justificativa técnica. A medida provocou um atraso de seis meses na programação da empresa, que teve de rever e repriorizar os projetos integrantes daquele orçamento.

Eleito Presidente da República, FHC não perdeu tempo em legislar de forma prejudicial aos interesses da Petrobras. Cardoso tentou mudar o nome da Petrobras para Petrobrax, em uma jogada de marketing para facilitar a entrega da empresa a grupos internacionais. Não conseguiu.

Uma das maiores falcatruas do período ocorreu em 1995 com o contrato e a construção do gasoduto Bolívia-Brasil. Ainda como Ministro da Fazenda, Cardoso fez lobie em favor do gasoduto. Como presidente, suspendeu 15 projetos de hidrelétricas em diversas fases, para tornar o gasoduto irreversível. E o qual foi o resultado da estratégia? Nada mais nada menos do que o apagão no setor elétrico brasileiro.

O gasoduto favorecia empresas estrangeiras como a Enron e a Repsol, na época proprietárias das reservas do gás boliviano que só tinham o Brasil onde escoar o produto. Segundo ainda a Aepet, a construção do gasoduto era economicamente inviável e por isso pressionaram o Governo a determinar que a Petrobrás assumisse a construção. A empresa foi obrigada a destinar recursos da Bacia de Campos, onde a taxa de retorno era de 80%, para investir nesse empreendimento.

Tanto o Brasil como a Bolívia perderam com o contrato, que só favorecia mesmo as multinacionais.

Quando Evo Morales deu um basta no domínio dos hidrocarbonetos por empresas estrangeiras, só faltava a mídia hegemônica pedir que o Brasil invadisse a Bolívia.

Cardoso tentou de todas as formas quebrar a Petrobras. Vale ainda lembrar que em 1995 o príncipe sociólogo promoveu cinco alterações profundas na Constituição Federal de 1988, na sua Ordem Econômica, incluindo a quebra do monopólio estatal do petróleo. Hoje, 60% das ações da Petrobras estão sob controle estrangeiro. FHC circula impune e volta e meia é consultado para opinar sobre várias questões, como se o seu governo fosse exemplo de competência, realização e honestidade.

Agora, os “defensores” da Petrobras alinhados no PSDB e Demo querem porque querem entregar de vez as reservas do pré-sal para grupos petrolíferos internacionais. Os senadores tucanos Sérgio Guerra, Artur Virgílio Neto, Álvaro Dias, Tasso Jereissati pensam que enganam a quem?"

FONTE: site “Direto da Redação”, dos jornalistas Leila Cordeiro e Eliakim Araujo; artigo de Mário Augusto Jacobskind, do semanário uruguaio Brecha.

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