domingo, 1 de novembro de 2009

A ARMADILHA DO IRAQUE

"Em entrevista publicada no site do ‘Estadão’, o escritor Tariq Ali criticou o governo Obama por insistir na continuidade da Guerra do Afeganistão, em manter bases militares no Iraque e por pressionar fortemente o governo do Paquistão para que reprima a Al-Qaeda e os talebans paquistaneses. Aliás, ele diz que o governo paquistanês faz tudo o que os EUA mandam. Ali diz que quanto mais os EUA reforçam a sua presença militar nestes países, maior é a resistência e mais violentos ficam os conflitos. Vale a pena conferir a entrevista":

Notícia:

"A lógica mortal da guerra sem fim

Para escritor Tariq Ali, americanos não entenderam que quanto mais longa a ocupação, maior a resistência

O chão tremeu três horas depois que a secretária de Estado americana Hillary Clinton pisou em Islamabad, capital do Paquistão, na quarta-feira. A explosão de um carro-bomba em um mercado popular em Peshawar, no noroeste do país, matou 105 pessoas, 13 das quais crianças. No mesmo dia em Cabul, capital do Afeganistão, o ataque a uma hospedaria usada por funcionários da ONU tirou a vida de outras 12 pessoas. Tudo em uma semana em que 8 soldados americanos morreram em confrontos no sul do país – elevando para 55 o número de militares dos EUA mortos só em outubro, recorde mensal desde a invasão, em 2001 – e 155 iraquianos morreram e mais 500 ficaram feridos em dois atentados a bomba no domingo, em Bagdá.

Parece que o céu caiu sobre as cabeças dos americanos neste início de século 21. Mergulhado na maior crise econômica desde o crash da bolsa de Nova York em 1929 e às voltas com uma crise militar evidenciada na instabilidade permanente de todos os fronts de batalha em que se meteu durante a administração George W. Bush, os EUA de hoje são um desafio monumental às esperanças catalisadas pela eleição de Barack Obama para a Casa Branca.

Estaria o democrata – e sua esfuziante secretária de Estado – à altura da responsabilidade? Para o escritor e ativista paquistanês Tariq Ali, não.

“Obama é um presidente fraco, que não está à altura das dimensões da crise que enfrenta”, dispara, sem piedade, o autor de Confronto de Fundamentalismos – Cruzadas, Jihads e Modernidade (Record, 2002), livro explosivo que colocava no mesmo patamar moral os fanáticos religiosos do Islã e os “falcões” da extrema direita americana na era Bush. Aos 66 anos, o intelectual nascido e criado na cidade de Lahore, então parte da Índia colonial, e radicado em Londres, é um crítico agudo do “Estado imperialista” americano e de teologias econômicas que colocam o deus-mercado acima de quaisquer necessidades dos homens. Não por acaso, Tariq é um dos editores da New Left Review, revista fundada nos anos 60 que se tornou a bíblia da esquerda britânica. E é colunista do jornal The Guardian."

FONTE: reportagem publicada no "O Estado de São Paulo" e reproduzida hoje (01/11) no blog do jornalista Luis Nassif.

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