sexta-feira, 20 de novembro de 2009

FINANCIAL TIMES: BRASIL ESFRIA DINHEIRO QUENTE


"Nações preocupadas tentam esfriar dinheiro quente

"Vários países estão se mobilizando para impor controles de capital com o objetivo de conter os fluxos financeiros especulativos de curto prazo que fazem com que as suas moedas se valorizem, em meio a temores quanto ao crescimento de uma bolha de ativos dos mercados emergentes.

No Brasil, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, optou por taxar os ativos financeiros estrangeiros

Ontem (19), o Brasil, que surpreendeu os mercados um mês atrás ao impor uma taxa de 2% sobre a entrada de dinheiro vinculado a ativos financeiros, anunciou que tornará essas restrições ainda mais rigorosas. O Ministério da Fazenda impôs uma nova taxa de 1,5% sobre a emissão de DRs (depósitos de valores mobiliários), ativos que permitem às companhias brasileiras oferecer títulos sobre câmbio.

A medida é tomada em meio a uma série de mudanças diversas de políticas financeiras por parte dos mercados emergentes, com o objetivo de reduzir a entrada de capital estrangeiro, e a comentários das autoridades públicas referentes a medidas para controle de capital. Economistas afirmam que embora a maioria das medidas seja modesta, elas revelam os desafios que muitos mercados emergentes estão enfrentando ao tentarem evitar ao mesmo tempo a rápida valorização das suas moedas em relação ao dólar e a inflação de bolhas de ativos.

"Este é um dilema de política econômica comum a vários países", explica Gerard Lyons, economista do banco Standard Chartered. "Tudo isto remete ao CNY (o yuan chinês)".

Como o valor do yuan está atrelado ao do dólar, apesar das súplicas de Washington para que os chineses permitam que o valor da sua moeda flutue, as moedas dos mercados emergentes que se valorizam em relação ao dólar também sofrem valorização em relação à moeda chinesa, o que torna as suas companhias menos competitivas do que as fábricas de baixo custo da China. Na semana passada Taiwan impôs restrições sobre a aplicação em depósitos a prazo por parte de investidores estrangeiros. Os mercados financeiros estão em alerta, esperando para ver se outros países seguirão o exemplo do Brasil e de Taiwan.

"Medidas recentes tomadas por Brasil e Taiwan para a contenção da entrada de capital constituem-se em um sinal claro: os governos dos mercados emergentes não estão dispostos a aceitar a realocação contínua de carteiras de títulos de capital dos países desenvolvidos, e as suas implicações em termos de liquidez e câmbio", afirma David Bloom, do HSBC."

FONTE: publicado hoje (20/11) pelo jornal inglês Financial Times e postado no portal UOL.

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