Um pouco de luz para clarear o debate
"O incidente que provocou corte de luz em 18 Estados durante 4 horas, exigirá uma sindicância interna que estabeleça, com relativa certeza, as causas que provocaram o blecaute.
É natural que os jornais e noticiários abordem o assunto até exaustão, pois a vida de milhões de pessoas foi afetada e procurar informar sobre as causas do mesmo é um dever da mídia.
Natural, também, é a oposição tentar tirar proveito político – eleitoral, do blecaute. Em parte, para tentar apagar a lembrança de seus próprios desatinos em matéria energética, mas também para tentar atingir o governo com a acusação de incompetência. Teve até declaração de Serra [!] sobre falta de investimento como causa do blecaute, justamente ele, que quer privatizar no Estado o setor, pois dizia que o Estado não tinha dinheiro para investir.
Convém evitar polêmicas fúteis sobre o que, por enquanto, não teve explicação baseada na apuração rigorosa dos fatos. Vale lembrar a todos que o acidente da TAM também foi objeto de muito palpite infeliz, de muita politicagem e de muita exploração política e da mídia, quando o erro humano acabou emergindo claramente das investigações.
Em relação as questões mais de fundo sobre a política energética do governo e as acusações da oposição, basta levar a discussão para o terreno inconteste dos fatos.
Vinicius Torres Freire, articulista do caderno Dinheiro da Folha, é insuspeito de simpatias pelo governo, constata hoje em sua coluna:
“O apagão de FHC, na verdade um longo racionamento mesmo em período de baixo crescimento econômico, foi uma combinação extraordinária de descaso grosseiro, ideologia mercadista e azar climático. Hoje não falta energia no país, até um pouco por sorte -a crise deu tempo de recompor “reservas” de energia (como a de gás e de água nas hidrelétricas), choveu muito etc. E houve muito mais investimento, especial em transmissão de energia -a rede cresceu cerca de 29% nos anos Lula, expansão 60% maior que a dos anos FHC. Há mais gás, canos de gás, grandes hidrelétricas em construção. No atacado da eletricidade, ao menos, Lula tem desempenho muito melhor que o de FHC.”
Por sua vez, contrariando afirmações daqui e acolá, sobre a consistência de nosso sistema de transmissão e geração de energia, os que verdadeiramente entendem do assunto são convergentes em considerar que Brasil dispõe de um sistema que não é frágil, é bastante seguro, o que explica até o rápido restabelecimento da normalidade.
Não é por acaso que a Bolsa de Valores não registrou qualquer movimentação nas ações das empresas do setor e que analistas citados pelo Estadão consideram o problema isolado e sem relação com questões estruturais.
O blecaute não é o produto de insuficiência de energia, de falta de investimento na modernização do sistema, nem na sua fragilidade, mesmo se cada um desses aspectos exige aprimoramento permanente. Mas o debate da questão energética e dos desafios que esta problemática impõe aos principais países do globo deveria ser motivo de uma reflexão nacional."
FONTE: escrito por Luis Favre e postado hoje (12/11) em seu blog.
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