segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

"O EXECUTIVO CIVIL TEM MUITO O QUE APRENDER COM OS MILITARES"

"O executivo tem muito o que aprender com a vida militar"

Consultor britânico, ex-oficial da elite da marinha britânica, traça paralelo entre as missões dos líderes empresariais e as dos generais".

Para McKinney, é preciso se inspirar nos altos níveis de desempenho e ser leal às marcas, às companhias e aos líderes

Proteger e servir. O lema seguido durante 18 anos por Damian McKinney enquanto oficial dos Royal Marines - espécie de elite da marinha britânica -passou a ser usado também no mundo corporativo. No caso, isso se aplica a marcas, consumidores, funcionários e acionistas. Atualmente no comando da consultoria McKinney Rogers - fundada em 1999 e que opera com 11 escritórios na África, Ásia, Europa e Estados Unidos - ele tem entre seus clientes empresas como Wal-Mart e Diageo.

Ele afirma que os executivos têm muito a aprender com a vida militar. "Seus subordinados precisam saber exatamente o que vão realizar e o que se espera deles. Além disso, as missões não são abandonadas enquanto os objetivos não forem cumpridos, apesar de todos os contratempos e obstáculos que serão encontrados no caminho", diz. Em recente passagem pelo Brasil, onde veio inaugurar seu primeiro escritório na América Latina, Damian McKinney conversou com o Valor. Confira a seguir os principais trechos:

Valor: Como foi a sua experiência na vida militar?

Damian McKinney:
Fiquei 18 anos nos Royal Marines. A maior parte desse tempo eu passei em operações "móveis" ao redor do mundo. Foi uma excelente preparação para enfrentar as missões de negócios, em que os recursos são sempre limitados, os concorrentes são espertos e o cenário muda rapidamente. Um atributo muito importante foi aprender a adotar sempre uma "mentalidade vencedora".

Valor: Como essa experiência o ajuda na vida profissional hoje?

McKinney:
Minha experiência como oficial do Royal Marines me leva a usar as inspirações militares para obter a clareza exigida nos negócios e para transformar ideias em ação. Esses valores estão no cerne da McKinney Rogers e eu os venho aplicando nos últimos 30 anos. Eles significam se inspirar nos altos níveis de desempenho e ser leal às marcas, às companhias e aos líderes.

Valor: O que os executivos e presidentes de empresas podem aprender com os militares?

McKinney:
Os conceitos básicos para se alcançar o sucesso e poder passar da estratégia para a execução, são basicamente iguais nos dois casos. O principal propósito é proteger e servir. Isso se aplica a marcas, consumidores, funcionários, acionistas e, no caso dos militares, países. É preciso também realizar missões que tenham uma visão clara e definida do sucesso. As missões não são abandonadas enquanto os objetivos não forem cumpridos, apesar de todos os contratempos e obstáculos. Seus subordinados precisam saber exatamente o que eles vão realizar e o que se espera deles. Também existe a questão da confiança. Grandes generais, assim como grandes líderes empresariais, pensam nas batalhas futuras e deixam as batalhas atuais para serem lutadas e vencidas por suas equipes. Os militares identificam as fraquezas do inimigo e atacam em seu ponto mais vulnerável. No mundo dos negócios isso quer dizer identificar o calcanhar de Aquiles de seus principais concorrentes e desenvolver seu serviço naquela área. Para se obter sucesso na vida militar e na empresarial é fundamental também ter uma equipe motivada e competente.

Valor: Os modelos modernos de gestão pregam uma abordagem participativa, com líderes mais influentes e menos autoritários. Essa percepção não vai contra a ideia do uso de técnicas militares no mundo corporativo?

McKinney:
De jeito nenhum. Nossa filosofia é desenvolver líderes mais bem preparados para lidar com o inesperado e apresentar resultados excepcionais. Toda a organização saberá exatamente o que se espera que eles façam e, o mais importante, por que eles estarão fazendo daquele jeito. Não acreditamos na abordagem do tipo militar e controladora. Acreditamos, sim, na liderança inspiradora. A autoridade está na missão, na qual vamos todos nos concentrar, e não na autoridade.

Valor: Que tipo de serviço a McKinney Rogers vai oferecer?

McKinney:
Nos concentramos em proporcionar uma mudança sustentável no desempenho empresarial por meio de estratégia, operações, recursos humanos e tecnologia. Usamos o conceito de liderança de missão. Essa é uma filosofia que proporciona clareza e alinhamento em toda a organização. Além disso, engloba o planejamento e análise da missão, além do controle sobre o progresso e os resultados.

Valor: Por que escolheu o Brasil?

McKinney:
Iniciamos oficialmente os trabalhos no país no fim de outubro, embora já tivessemos atendido alguns clientes usando recursos de nosso escritório nos Estados Unidos. A McKinney Rogers nasceu com o objetivo de ser uma organização global e ainda não tinhamos representação na América Latina. O Brasil foi a escolha natural por sua posição de liderança dentro da região. O país enfrentou a crise sem problemas significativos e tem boas perspectivas para crescer no futuro. Além disso, há setores específicos que representam uma excelente oportunidade como a indústria do petróleo e toda a atividade relacionada com a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016."

FONTE: reportagem de Rafael Sigollo publicada hoje (21/12) no jornal Valor Econômico

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