sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

A VISÃO DEMOTUCANA TÍPICA PARA RELAÇÕES EXTERIORES

PARA SENADOR DO DEM, VOTO DOS EUA, DOS EUROPEUS E DO JAPÃO DEVE VALER MAIS QUE O DO BRASIL E DEMAIS PAÍSES

É A ATITUDE TÍPICA DOS ANOS FHC/PSDB/PFL-DEM: HUMILDE SUBSERVIÊNCIA AOS INTERESSES DAS GRANDES POTÊNCIAS E GRUPOS ECONÔMICOS, EM PREJUÍZO DO BRASIL.

"Demóstenes Torres (DEM) quer que voto de rico valha mais na ONU

Nos intervalos de suas lides no DEM, o senador Demóstenes Torres (GO) gosta de escrever artigos, com predileção pela política externa. Nesta véspera de Natal (24), ao comentar a Cúpula de Copenhague, conclui que "o problema das cúpulas da ONU" é não terem "hierarquia". E propõe que valham mais os votos dos que chama "países guarda-chuva" – EUA, União Europeia e Japão...

Por Bernardo Joffily

O senador Demostenes não se intimida com a defesa de causas derrotadas. A última delas, que lhe valeu vários artigos, foi o ingresso da Venezuela no Mercosul. Derrotou-a o mesmo Senado onde Demóstenes tem assento. Mas ele não se abalou e segue em frente. O mundo é o seu brinquedo, como o era daquele personagem interpretado por Charles Chaplin em certo filme clássico dos anos 30.

"O problema das cúpulas da ONU é o de nivelar todo mundo por cima. Se é cúpula deveria ter uma hierarquia, do contrário o encontro acaba por virar uma feira livre. Foi o que ocorreu com a COP 15", explicou Demóstenes. Para ele, "se deixar as decisões por conta do terceiro-mundo o resultado é só bizarrice diplomática".

A solução? Passando (talvez sem nem se dar conta) pelos princípios que Rui Barbosa levou à vitória em Haia, o senador tem a sua resposta: "Não é possível haver acordo com a mesma distribuição de poder atribuída aos chamados países guarda-chuva (EUA, União Européia, Japão etc), o tal Basic (Brasil, África do Sul, Índia e China) o G-77 e os 49 países menos desenvolvidos do planeta. É muita gente para decidir.

E a seguir ele saca um exemplo concreto: "É verdade que a meta proposta pelos EUA de corte das emissões em 17% é modesta, mas estamos a falar de um país que se tivesse boicotado a cúpula estaria a ser criticado da mesma maneira."

E mais esta: "Houve um esboço de revolta do terceiro-mundo em relação à proposta de que os recursos destinados aos países pobres sejam submetidos à rigorosa auditoria. Nada mais natural. O hemisfério norte tem razão de se preocupar com o fato de que a dinheirama não seja fonte de financiamento de corrupção na África, Ásia e América Latina."

O senador tem o direito de se sentir mais à vontade entre os seus "guarda-chuva" que em sua Anicuns natal. Mas deveria saber que não faltam instituições multilaterais que seguem o seu preceito e praticam o voto censitário: os ricos manam, os pobres ouvem. Seria interessante ouvi-lo sobre os resultados, sobretudo na crise global ainda em curso, de organismos como o Banco Mundial e em especial o FMI.

A gagueira do discurso oposicionista nesta virada de ano é ampla, geral e irrestrita, mas talvez se patenteie com maior transparência justo nas relações internacionais. É até compreensível que a oposição torça o nariz quando o presidente Lula é o governante mais aplaudido em Copenhague, homenageado pelo espanho El País e eleito "homem do ano" pelo francês Le Monde. Mas daí a pregar o voto censitário justo para privilegiar quem enfiou o planeta nas atuais encalacradas econômicas e ambientais... E contra o Brasil... Faça-me o favor, senador..."

FONTE: publicado no portal "Vermelho" [primeiros dois parágrafos, em maiúsculas, colocados por este blog].

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