25 ANOS DE DEMOCRACIA

"A avalanche de escândalos recentes dá a impressão de que as coisas só pioram na política.

Não é bem assim. O Brasil completa em 2010 seu 25º ano de democracia plena, iniciada com a eleição da chapa de Tancredo Neves (presidente) e José Sarney (vice) depois de 21 anos de ditadura militar.

É fácil lembrar o que deu errado de lá para cá. Escândalo da ferrovia Norte-Sul e hiperinflação no governo Sarney. O impeachment de Fernando Collor. Os casos da compra de votos [para reeleger FHC/PSB/DEM] e de manipulação do leilão da Telebrás durante os anos FHC. O mensalão sob [o PSDB, DEM e] Lula.

Em 2009, houve a lista sem fim de imposturas no Congresso, indo do deputado do castelo [do DEM] às verbas indenizatórias, dos atos secretos no Senado [revelados agora, pois muitos já vinham de outros governos] à farra das passagens aéreas. Sem contar o escândalo final [do DEM] em Brasília, o mais imagético de todos -com panetones e vídeos mostrando dinheiro nas meias, na cueca e até uma oração da propina.

Mas a pergunta a ser feita é: esses crimes passaram a existir só durante a democracia ou já eram praticados antes e ninguém tomava conhecimento? Difícil responder, embora um fato seja irrefutável: a transparência agora [com o Governo Lula/PT] é maior.

O exemplo mais evidente é o Congresso (sobretudo a Câmara), o mais aberto Poder da República [no Senado, onde há forte presença do PSDB e DEM, a transparência ainda não foi alcançada].

Sabe-se quanto cada deputado gasta com gasolina, viagens e restaurante. Nada era conhecido em anos [e governos] passados. É claro ainda faltam instrumentos de controle à disposição da sociedade. Pouco se sabe do Judiciário e do Ministério Público. Cidades e Estados são instâncias opacas. O país não tem uma lei de acesso a informações públicas.

Mas o saldo [nos últimos anos] tem sido positivo.

Outros escândalos virão conforme a democracia for se aperfeiçoando.

É um processo em andamento. O caminho é longo, mas parece que o Brasil [neste governo] entrou numa rota correta."

FONTE: escrito por FERNANDO RODRIGUES e publicado na Folha de São Paulo de hoje (28/12) [trechos entre colchetes colocados por este blog]