quarta-feira, 10 de março de 2010
GLOBO E RESTANTE DA GRANDE MÍDIA CONTRA O BRASIL NO CONFLITO COMERCIAL COM OS EUA
Aliás, essa é uma atitude rotineira da nossa "grande" mídia há muitas décadas, não sei se por vínculos financeiros ou por outros tentáculos não evidenciados.
"A sabujice da Globo diante do conflito comercial Brasil-EUA
O governo Obama não gostou das medidas anunciadas pelo governo Lula em retaliação aos subsídios ilegais que os EUA concedem aos produtores de algodão, o que não deixa de ser natural. Inusitada neste episódio foi a reação de alguns bajuladores e aliados do império, com destaque para as Organizações Globo da família Marinho.
Na noite de segunda-feira (8), o Jornal da Globo (televisivo) destacou matéria do diário inglês “Financial Times” sugerindo que o Brasil caminha para uma guerra comercial com os EUA. Na manhã do dia seguinte (9), o jornal “O Globo” chegou às bancas com a manchete principal enfatizando a ameaça de alta dos preços do pão nosso de cada dia em função da sobretaxa que será aplicada à importação do trigo norte-americano. Uma atitude que o ministro da agricultura, Reinhold Stephanes, classificou com muita propriedade de “terrorismo”.
O fora da lei
Em reunião com o ministro Miguel Jorge (do Desenvolvimento), realizada terça-feira em Brasília, o secretário de Comércio dos EUA, Gary Locke, procurou colocar panos quentes na controvérsia, afirmando que o governo Obama não está interessado em iniciar uma guerra comercial com o Brasil. Washington não tem razão nem mesmo pretexto para agir de outra forma. O fora da lei neste caso é o próprio Tio Sam e mais ninguém.
O governo brasileiro agiu rigorosamente dentro das normas internacionais e foi também criterioso ao definir setores e ramos de atividade que terão as tarifas de importação elevadas, de forma a não prejudicar a indústria e o desenvolvimento nacional. As medidas adotadas foram autorizadas pela Organização Mundial do Comércio (COM), que em novembro do ano passado considerou ilegais os subsídios governamentais aos produtores do algodão norte-americano, ao julgar ação movida pelo Itamaraty.
O valor das retaliações comerciais foi estimado em 591 bilhões de dólares, distribuídos por vários ramos, e não se espera que tenha grandes repercussões para a indústria estadunidense, segundo os especialistas. A OMC autorizou uma represália maior, de até US$ 829 milhões, e o governo promete aplicar os US$ 238 milhões restantes com quebra de patentes, o que pode provocar prejuízos mais concentrados e sensíveis, principalmente aos monopólios farmacêuticos.
Arrogância imperialista
O governo brasileiro priorizou o caminho do diálogo para resolver o impasse, mas a Casa Branca não parece propensa a conversas. No velho e arrogante estilo imperialista, o novo embaixador americano em Brasília, Thomas Shannon, já chegou ao país falando em contrarretaliação, “como se a parte condenada por violação das normas internacionais fosse a vítima, não a culpada”, conforme notou o jornal “O Estado de São Paulo” em editorial publicado nesta terça.
A posição dos EUA, que se nega a rever as práticas protecionistas ilegais condenadas pela OMC, traduz o detestável unilateralismo imperial que alguns imaginaram superado com o fim do governo Bush, mas que infelizmente foi reafirmado e em certa medida fortalecido por Obama. Os interesses imperialistas de Washington não se podem sobrepor ao direito internacional.
Unilateralismo versus multilateralismo
Em contraposição à arrogância imperial, a retaliação anunciada pelo governo Lula constitui uma defesa do multilateralismo nas relações internacionais, pois “busca salvaguardar a credibilidade e legitimidade do sistema de soluções de controvérsias” da Organização Mundial do Comércio, conforme esclarece a nota divulgada pelo Itamaraty sobre o tema.
Também não temos razões para temer contrarretaliações. O Brasil já não depende tanto dos EUA como no passado. A importância comercial e financeira da maior potência capitalista do mundo para a economia nacional declinou e de forma acentuada ao longo dos últimos anos, inclusive por causa da rejeição da ALCA e da diversificação das exportações brasileiras. A China já é nossa maior parceira comercial.
Terrorismo
A especulação em torno da hipótese de aumento dos preços do pãozinho não tem fundamento e serve a interesses obscuros, segundo o ministro da Agricultura. Apenas 5% do trigo consumido no Brasil provêm dos EUA e podem ser importados de outros países, como a Argentina. “Estão fazendo terrorismo”, sustentou Stephanes.
A manchete de “O Globo” reflete a mentalidade colonizada, atrasada e subalterna que parte das classes dominantes brasileiras continuam cultivando em detrimento da soberania nacional. Mas, o ministro da Agricultura enxergou outros interesses menores neste jogo.
Especulação
“Já tem gente querendo ganhar dinheiro à custa de uma determinada situação”, comentou Stephanes na entrevista coletiva concedida em Brasília para apresentar o sexto levantamento da safra de grãos 2009/2010.
A especulação ocorre porque apenas cinco grandes grupos de moinhos controlam toda a comercialização de trigo no país e sempre pressionam o governo para reduzir a tarifa de importação, embora não aceitem abrir seus estoques, na opinião do ministro.
“Tem que se considerar que o custo do trigo no pãozinho varia de 10% a 16%. Então, como a restrição de 5% da importação implicaria aumento de 16% no preço? Isso não tem lógica nenhuma. É terrorismo”, afirmou.
De acordo com a Agência Brasil, ele mostrou aos jornalistas gráfico com a variação do preço do trigo e do pão francês nos últimos três anos, no qual o primeiro sofreu variação de R$ 750 por tonelada em 2007 para menos de R$ 450 por tonelada neste ano. O valor do pãozinho, entretanto, se manteve no mesmo patamar, mesmo com a queda do valor de sua matéria-prima. "Alguém está ganhando dinheiro aí, e não é o produtor", concluiu Stephanes."
FONTE: escrito por Umberto Martins e postado no portal "Vermelho" [título e 1º parágrafos colocados por este blog].
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