segunda-feira, 22 de março de 2010

GOVERNO FORÇA A REDUÇÃO DA DEPENDÊNCIA EXTERNA DE FERTILIZANTES


Fábrica de fertilizantes da Petrobras em Camaçari (BA)

"Petrobras terá mais 2 fábricas de fertilizante

Governo pressiona por investimentos no setor a fim de reduzir dependência de importação, vista como entrave ao agronegócio.

Novas unidades vão ter capacidade de produzir 5,8 mi de toneladas anuais de ureia, o que corresponderá a 90% do consumo em 2014 e 2015


Tido como estratégico, o setor de fertilizantes ganha investimentos na esteira da pressão do governo para reduzir a elevada dependência de importações, vista como entrave à expansão do agronegócio. A estatal Petrobras, por exemplo, vai construir duas fábricas de fertilizantes nitrogenados -à base de gás natural.

Juntas, terão capacidade de produção de 5,8 milhões de toneladas/ano de ureia, composto orgânico rico em nitrogênio usado na fabricação de fertilizantes, obtido por meio do gás natural. A cifra corresponde a 90% do consumo do país em 2014 e 2015, quando as duas unidades devem entrar em operação. Hoje, as importações são o equivalente a 50%.

Em entrevista à Folha, a diretora de Gás e Energia da Petrobras, Graça Foster, disse que o "objetivo principal" do investimento é dar um "destino nobre" ao excedente de gás que não é utilizado pelas termelétricas -atualmente, esse volume corresponde a 22 milhões de metros cúbicos/dia.

"Vamos ao encontro do desejo do governo de produzir mais fertilizantes. Essas fábricas são tão importantes que eu queria já tê-las hoje", afirma.

Graça diz que o negócio é bom por dois motivos: a estatal vende produto de maior valor que o gás (o insumo para a produção da ureia) e põe no mercado a sobra do combustível.

A ideia é acelerar a produção quando as térmicas estiverem paradas e estocar ureia, a ser vendida quando o setor elétrico demandar as usinas. "Não podemos ter sócios nessas plantas. Isso porque vamos ficar parados de acordo com a necessidade do setor elétrico."

Não há ainda uma definição final sobre a localização das fábricas de fertilizantes.

Os Estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul ou Mato Grosso são os que têm mais chances, afirma Graça, devido à proximidade da malha de gasodutos e do mercado consumidor -duas condições que aumentam a rentabilidade do negócio.

Uma das unidades será um polo gasquímico para a produção não só de ureia mas também de insumos da indústria química de amônia e metanol -este usado na produção de biodiesel e cuja importação cresce rapidamente- e outras matérias-primas.

Minas e Mato Grosso do Sul disputam o investimento. Na semana passada, o governador mineiro, Aécio Neves, e o vice-presidente, José Alencar, estiveram reunidos na Petrobras para defender a instalação do projeto em Minas. A outra unidade será focada na produção de ureia -e deve ficar no Espírito Santo ou em Mato Grosso.
Devido ao gás natural, a "vocação" da Petrobras é produzir nitrogenados, afirma Graça, mas a companhia também estuda a extração de potássio no Amazonas.

Estão em fase final estudos para quantificar e valorar as reservas. Com esses dados, diz a diretora, a Petrobras definirá como vai desenvolver o negócio -e, possivelmente, buscará sócios. Ela diz que a Vale é uma candidata natural devido à sua experiência no setor de mineração, embora ainda não tenham ocorrido tratativas.

Vale

Para obter a liderança no setor de fertilizantes no país, a Vale desembolsou US$ 5,7 bilhões na aquisição da Fosfertil e de duas minas de fosfato da empresa no país.

Assim como a Petrobras, a mineradora foi pressionada pelo governo para entrar no negócio -visto com bons olhos pelo mercado, pois reduz a dependência da companhia do minério de ferro. O governo influencia decisões na Vale por meio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e da Previ (fundo de pensão do Banco do Brasil), que controlam a empresa ao lado de Bradesco e Mitsui."

FONTE: reportagem de PEDRO SOARES publicada hoje (22/03) na Folha de São Paulo.

3 comentários:

Probus disse...

Ahhhh, Vale do Rio Doce = Potássio...

Executivos de multinacional são julgados por aceitar propina na China

Os quatro executivos da mineradora Rio Tinto também são acusados de espionagem industrial.

Te cuida Dan Dan, a caneta está na mão de Di Sanctis!!

Unknown disse...

Prezado Eugênio,
Tomara! O Brasil sempre precisou de mais de Sanctis.
Maria Tereza

Probus disse...

E agora Dan Dan?????????

Reportagem de CartaCapital mostrou que o ex-ministro do STF escondeu suas relações profissionais com o banco Opportunity

Segundo Ancelmo Góis, colunista de O Globo, Francisco Rezek renunciou à função de árbitro no caso que analisa os direitos do banco Opportunity em aumentar sua participação acionária na Vale. Rezek deixa o cargo após reportagem da edição desta semana de CartaCapital assinada por Leandro Fortes e Sergio Lirio. A reportagem mostra que o ex-ministro, ao aceitar o posto na arbitragem, mentiu em documento oficial: o advogado escondeu suas relações profissionais com o grupo de Daniel Dantas, parte interessada no processo. A decisão da arbitragem, liderada por Rezek, favoreceu o banqueiro.

A omissão do ex-ministro no documento oficial levou os principais sócios da Vale, Bradesco e Previ, a colocar em dúvida a decisão favorável ao Opportunity e a ameaçar uma ação na Justiça. Em declarações posteriores, Rezek havia garantido ter informado às partes de sua atuação a favor de Dantas. Após a revelação de CartaCapital, não resistiu e renunciou ao posto.

A seguir, a reportagem completa. Clique na imagem acima para ler trechos do documento enviado por Rezek ao Centro Brasileiro de Mediação e Arbitragem.

http://www.cartacapital.com.br/app/materia.jsp?a=2&a2=8&i=6323