segunda-feira, 8 de março de 2010
O INVESTIMENTO ESTRANGEIRO ENDEUSADO PELOS DEMOTUCANOS
"Investimento estrangeiro entra …e sai
Brizola Neto
Durante os anos [FHC/PSDB/PFL-DEM] do império neoliberal e mesmo depois, nas sequelas que ele deixou na economia e nas mentes das pessoas, sempre ouvimos que a grande salvação para o Brasil eram os investimentos estrangeiros. "Empresas multinacionais, com sua capacidade, sua eficiência e, porque não dizer, com sua quase “superioridade racial” aos brasileiros transformariam o país, fazendo daqui a terra de properidade que os brasileiros seria, ou foram, incapazes de fazer" [sic].
A toda hora ouvímos – e ainda ouvimos – “entraram tantos bilhões de investimentos estrangeiros este ano! Viva! ”E as champanhes espoucavam, os eventos se multiplicavam e a parcela de nossas elites que cultiva a ideia de eterna dependência assanhava-se com a perspectivas de que, do banquete, caíssem migalhas mais fartas.
Não há nada de errado com o investimento externo. Mas é tão simples que não é preciso ir a Harvard, mas apenas ao pipoqueiro da esquina para saber que quem investe 10, quer tirar 11, 12, 13… Esta é uma conta que só fecha enquanto se investe mais e mais. Com o tempo, é obvio, os fluxos de saída começam a ser maiores que os de entrada. Não é “maldade”, é apenas o processo natural do capitalismo de remunerar o capital.
A Folha de S. Paulo de hoje [08/03] traz uma matéria que muitos poderão ler com os olhos daquele “por que me ufano de meu país”: Filiais brasileiras salvam balanço de multinacionais. Nela, conta-se que o Brasil “é a grande estrela da atual safra de balanços das multinacionais” – pois a força do mercado interno brasileiro, sobretudo a partir do segundo semestre, contribuiu para melhorar o desempenho das companhias internacionais com negócios aqui. A Fiat do Brasil vendeu mais carros que a Fiat italiana; a AB Inbev, maior cervejaria do mundo, teve queda de 0,8% nas vendas globais de cerveja mas, no Brasil, a empresa vendeu 9,9% mais e faz aqui 30,8% do seu lucro total. E sssim foi com a Nestlé, com o Carrefour, com a Unilever e com a Portugal Telecom (dona de metade da Vivo).
Na verdade, o mercado brasileiro foi tão promissor que essas empresas até mesmo moderaram o envio de lucros e dividendos para suas matrizes – que tinha subido fortemente em 2008 para socorrer-lhes o caixa abalado pela crise – em 30%. Mas o próprio Banco Central acredita que não será assim em 2010 e projeta uma alta de quase 50% neste valor, para US$ 30 bilhões. Como estamos crescendo e somos uma das mais promissoras economias do mundo, a conta vai continuar “fechando”, mas continuamos expostos aos caprichos dos fluxos internacionais de capitais. As marés enchem, mas também baixam.
O nível de participação do capital estrangeiro na economia brasileira, puxado por estes investrimentos estrangeiros, é um dos maiores do mundo, entre os países em desenvolvimento.O investimento estrangeiro acumulado equivale a 18% do PIB brasileiro, contra 13% do russo e apenas 9% do chinês, dois países com economias maiores que a nossa.
É imperioso que o país assuma a regulação desta participação econômica, dando um direcionamento adequado destes investimentos para setores onde realmente nos faltem capacidade tecnica ou financeira de agirmos com nossas próprias forças, aplicando-lhes uma tributação adequada, que não trate da mesma forma o lucro que fica como reinvestimento e o que sai como remessa.
Ninguém pensa num Brasil autóctone, fechado ao mundo da economia. Mas o processo de desnacionalização de nossa economia é evidente e grave. Mas uma parcela expressiva do nosso empresariado é tão imediatista e egoísta que chega a querer que entreguemos até o petróleo, do qual temos a capacidade de ter a hegemonia do processo de extração.
É mais investimento, argumentam. Sim, é. E logo, mais perda da riqueza que é gerada aqui, mas acaba lá fora, como lucros e dividendos deste investimento."
FONTE: escrito por Brizola Neto e postado hoje (08/03) em seu blog "Tijolaço" [título e entre colchetes colocados por este blog democracia & política].
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