Jornal “VALOR”
“Até 1994, quando o governo brasileiro concluiu as negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e ao mesmo tempo lançou o Plano Real, o grande foco da política fiscal do Estado estava na dívida externa. A dívida interna líquida do setor público variava em torno de 30% do Produto Interno Bruto (PIB).
Entre o lançamento do Real, em julho daquele ano, e janeiro de 1999, a política econômica visava a paridade da nova moeda com o dólar. Para isso, o Banco Central mantinha elevada a Selic, a taxa de juros básica. Do piso de 28% que a relação dívida/PIB obteve em 1995 houve uma alta de dez pontos percentuais em quatro anos, atingindo 38,9% ao fim de 1998. A crise cambial de janeiro de 1999 elevou o endividamento ao tornar mais caro o mesmo saldo com o exterior – em apenas um mês (dezembro de 98 e janeiro de 99), a dívida passou de 38,9% para 47,1% do PIB.
A reversão cambial de 2002 produziu o mesmo efeito sobre o endividamento do Estado brasileiro, que atingiu a máxima de 63,1% do PIB em setembro daquele ano.
De lá para cá, houve redução gradual dessa relação, que oscilava em torno de 43% em meados de 2008. A explosão da crise mundial e a desvalorização cambial decorrente, no entanto, não repetiu 1999 e 2002 – a dívida encolheu mais de quatro pontos percentuais apenas por efeito cambial, uma vez que o denominador, o PIB, recuara.”
FONTE: publicado no jornal “Valor Econômico” e postado no blog de Luis Favre (http://blogdofavre.ig.com.br/).
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