quarta-feira, 23 de março de 2011
BARREIRAS AMERICANAS IMPÕEM PERDAS DE PELO MENOS US$ 2 BILHÕES POR ANO AO BRASIL
Do “O Globo” (22):
“A visita do presidente americano Barack Obama ao Brasil foi vista por especialistas como importante iniciativa para destravar as relações comerciais com os Estados Unidos. Porém, a única medida concreta nessa área, a criação de grupo de monitoramento das relações econômico-comerciais, um dos acordos assinados durante a visita, é apenas primeiro passo, dizem analistas. Afinal, as barreiras americanas às exportações brasileiras ainda provocam prejuízos de, ao menos, US$ 2 bilhões por ano, segundo estimativas do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (ICONE). E muitos entraves precisariam de mudanças legislativas, com aprovação de parlamentares americanos, para serem removidos.
Na segunda-feira, em São Paulo, em almoço com empresários, o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Gary Locke, que estava na comitiva de Obama, disse que "ainda há muitos passos a serem tomados" para comércio mais livre entre Brasil e EUA. Mas ele não acenou com o fim das barreiras a produtos brasileiros. Em outro evento com empresários, o presidente do Banco de Importação e Exportação dos Estados Unidos (Ex-Im Bank), Fred Hochberg, admitiu que, entre os países que a instituição considera prioritários, o Brasil é o que tem recebido menos recursos nos últimos anos.
O Brasil chegou a ter superávit comercial de US$ 9,873 bilhões com os Estados Unidos em 2005. No ano passado, o resultado foi déficit de US$ 7,732 bilhões.
- O tratado de cooperação econômica assinado (no fim de semana) é importante. O próximo passo que os empresários acreditam que deva ser tomado é a assinatura de acordos para acabar com a bitributação - disse o secretário de Comércio dos EUA.
MANUFATURADOS PERDEM ESPAÇO
Segundos cálculos do ICONE, apenas com as barreiras americanas ao algodão, o Brasil tem perdas anuais de US$ 1 bilhão, isso levando-se em conta que as cotações do produto não se manterão no atual patamar recorde. Em relação às carnes e ao etanol, os prejuízos chegam a US$ 400 milhões e US$ 600 milhões, respectivamente. Assim, apenas em três itens da pauta agrícola, são US$ 2 bilhões em perdas. Empresários apontam o suco de laranja e o aço como outros importantes produtos brasileiros que sofrem com as barreiras americanas.
- Avanços nas relações comerciais entre Brasil e EUA implicam modificações em legislação, como no caso do algodão, ou na esfera do Departamento de Agricultura dos EUA. E isso leva tempo, é um processo para dois, três anos -disse André Nassar, diretor do ICONE, acrescentando que 'os países ainda precisam se proteger do apetite da China'.
Ao ser perguntado se o governo americano pressionaria o Congresso pelo fim das barreiras contra produtos brasileiros, Locke respondeu:
- Atingimos alguns acordos sobre o algodão. Estamos felizes com os progressos que fizemos. Mas sobre o etanol, é uma decisão do Congresso americano. Nós precisamos que o Congresso aprove uma política energética (que envolveria o uso do etanol como biocombustível). Se conseguirmos, muitos desses assuntos serão resolvidos.
Locke reafirmou as intenções dos EUA de investirem mais no Brasil, principalmente em áreas como infraestrutrura e energia, mas fez críticas às dificuldades que as empresas americanas encontram aqui.
- Ainda há obstáculos aos investimentos dos EUA. Uma das questões é a alfândega e o tempo que os produtos americanos esperam nos portos - disse Locke, que citou também o peso dos impostos e a complexidade da legislação brasileira.
Os empresários também discutiram com o secretário americano sobre a retomada da Rodada de Doha, de abertura comercial no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC), a renovação da inclusão do Brasil no Sistema Geral de Preferências (SGP, que dá prioridade a mercadorias de países em desenvolvimento), as barreiras dos Estados Unidos ao açúcar e ao etanol brasileiro e a possibilidade de um acordo para acabar com a bitributação.”
FONTE: jornal “O Globo” (22/03) (http://oglobo.globo.com/economia/mat/2011/03/21/barreiras-americanas-impoem-perdas-de-pelo-menos-us-2-bilhoes-por-ano-ao-brasil-924061682.asp) [imagem do Google adicionada por este blog].
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