quarta-feira, 16 de março de 2011

ENTREVISTA DA PETROBRAS AO “ESTADÃO” - A VERDADEIRA VERSÃO


A VERDADEIRA VERSÃO DA ENTREVISTA DA PETROBRAS (Paulo Roberto Costa) AO “ESTADÃO”

Referente à matéria “Petrobras segura preço ‘até quando der’” (versão on-line) publicada domingo (13/03) no jornal O Estado de S. Paulo, a Petrobras publica a entrevista, na íntegra, concedida pelo diretor de Abastecimento, Paulo Roberto Costa, ao diário.

Repórter: A área de Abastecimento da Petrobras é a que está sendo mais prejudicada com essa política de não seguir a oscilação internacional, falando em termos de negócios. Vocês compram pelo preço internacional e vendem pelo preço que está sendo praticado aqui no mercado interno. Isso reduziu em quanto o resultado dessa área para a Petrobras? Você tem uma idéia? O resultado do ano passado. Se não fosse isso, vocês teriam conseguido quanto mais em receita?

Costa:
Como nós já falamos, várias vezes, vocês conhecem bem, nós não trabalhamos aqui, dentro da política para diesel, gasolina e GLP, dentro de uma política de variação de preço. Nós olhamos isso no longo prazo. Então, se olhar os resultados que o abastecimento teve aqui, por exemplo, em 2009, eles foram excepcionalmente bons. Se eu olhar em 2010, houve uma redução do resultado, mas ele ainda foi muito bom em termos de ganho da área de abastecimento. No final de 2010 nós tivemos o início do crescimento do preço de petróleo, que saiu de valores na faixa de 80, chegou a 90, e, agora (14/03) fechou a 116. Então, a nossa política aqui não vai mudar, e vai continuar sendo de visão mais de longo prazo. Em anos você ganha, outros anos você empata, outros anos você tem um ganho maior ou pode até ter certa perda. Mas, no período global de avaliação, nós não ganhamos, nem perdemos. Nós ficamos numa situação muito confortável. Não há prejuízos, porque fica numa situação alinhada ao mercado internacional. Então, neste momento, não há nenhuma previsão de fazer qualquer ajuste de preço, quer seja no diesel, na gasolina, ou no GLP. Por outro lado, os produtos com os quais nós temos contrato, que é o caso de nafta e de jet, nós fazemos o ajuste a cada mês.

Repórter: Jet?

Costa:
É, o querosene de aviação. Por exemplo, no jet, agora no dia 1º de março nós fizemos o aumento de 6,5% no valor do querosene de aviação, e vamos continuar fazendo. Se o petróleo subir, vamos continuar fazendo.

Repórter: O QAV já acumula uma alta boa, não é?

Costa:
Já, nós tivemos três aumentos. Em janeiro, fevereiro e março já teve aumento do querosene. O maior aumento foi agora nesse 1º de março, que deu 6,5%. Os outros, teve um parece que de 4%, o outro de 2% e pouco, não estou lembrado agora.

Repórter: Mas para a empresa, como empresa, você está dizendo que não perde nem ganha.

Costa:
Só um cuidado: esse “não perde nem ganha” é em relação ao mercado internacional. Eu fico atrelado ao mercado internacional. Então, vamos dizer, não perde, não ganha, não é que eu fique zerado. Eu fico atrelado ao preço de mercado internacional. Não é “não perde nem ganha,” então é zerado, não tem benefício para a área de abastecimento. Não é isso, não. Às vezes eu posso ganhar mais, outras vezes eu posso ganhar menos, ou até ter uma certa perda. Mas no final, eu fico na margem internacional.

Repórter: Pois é, mas a justificativa que a Petrobras costuma apresentar é “olha, naqueles anos, tudo bem, nós podemos ter perdido um pouco agora. Nos anos em que a crise estava bem mais forte, no auge da crise, no final de 2008 e início de 2009, e ao longo de todo o ano de 2009, a empresa ganhou com isso, enquanto o petróleo estava baixo.”

Costa:
Correto.

Repórter: Mas é essa a equação que tem que ser feita? Porque que as outras empresas, então não trabalham assim? Você trabalha no contrafluxo sempre, perde quando está todo mundo ganhando, ganha quando está todo mundo perdendo? Qual é a vantagem disso?

Costa:
Para a empresa, não tenho nenhum prejuízo, porque como eu te falei, no médio prazo, eu estou atrelado ao mercado internacional. Isso está claro, não é? E para o mercado, está muito bom. O problema é não repassar. A nossa política aqui, Irany, é não repassar essa volatilidade do preço para gasolina e diesel, porque nós achamos que não é bom. Porque se eu ficar repassando demais essa volatilidade, daqui a pouco eu tenho uma redução de venda, e redução de venda para mim é ruim. Você imagina se eu fico repassando a volatilidade a todo o momento na gasolina. O que vai acontecer na gasolina? As pessoas vão deixar de comprar gasolina e vão comprar álcool. Então, para mim é ruim. Eu quero vender gasolina. Se eu ficar repassando toda a volatilidade do mercado, que está a US$ 116/barril (13/03), porque está a 116? Por causa desse conflito lá na África, nos países da África. Se amanhã esse conflito for equacionado, e deve ser, eu acho que não vai ficar muito tempo nessa confusão, não tem sustentação nenhuma do petróleo continuar a 116, porque não é a lei de oferta e procura. É problema político, que está acontecendo na Líbia.

Repórter: É, mas no início, quando se colocou essa fórmula, você não acompanhou a par e passo a volatilidade internacional.

Costa:
Exato.

Repórter: Mas você fica monitorando os preços durante três meses. Isso era no início. Acompanha a média de preço durante três meses para saber se, num certo ponto, aí, você aciona um gatilho.

Costa:
Isso.

Repórter: Mas isso já foi abandonado há muito tempo. Nós vimos o preço do petróleo cair por mais de três meses, e agora estamos vendo o preço do petróleo subir bem mais de três meses. Com que fórmula a Petrobras trabalha agora?

Costa:
Ah, mas eu não vou te contar o meu segredo aqui.

Repórter: Qual é o longo prazo com que a Petrobras trabalha? Qual é o intervalo de tempo com que se trabalha? Ou não há esse intervalo de tempo? O que fica parecendo é que mais do que um acompanhamento puro e simples dessa volatilidade internacional, dessa oscilação como um cálculo, mais do que um cálculo matemático, o que está sendo feito agora é uma política de preço de governo. Quer dizer, é para segurar a inflação, não vamos aumentar a gasolina. Parece que mais do que o interesse empresarial, mais do que o interesse de negócios da Petrobras, o que predomina é o interesse de uma política de governo. É isso?

Costa:
Essa posição de uma visão de mais de longo prazo não é de agora. Se você for olhar o passado, já tem anos que nós estamos praticando essa política. O tempo, sendo muito transparente com você, o tempo varia de acordo com o preço. Eu posso ter uma subida muito rápida, ou uma queda muito rápida que nós não temos domínio nenhum aqui. Então não dá para dizer para você: “Irany, a cada 3 meses nós vamos ter uma variação para mais ou para menos em relação ao mercado internacional.” Mas eu não sei se em 3 meses vai ter uma parada na volatilidade, ou não. É uma coisa que é imponderável. Agora, por exemplo, o petróleo, daqui a pouco, bate 150 dólares o barril. Aí, obviamente vamos ter que pensar numa coisa urgente para resolver isso, porque não dá para continuar com 150.

Repórter: Pois é. Há um limite, não é?

Costa:
Claro!

Repórter: E é isso que vocês dizem sempre “nós vamos esperar até um limite”.

Costa:
Não, há um limite. Isso.

Repórter: Agora, qual seria esse limite?

Costa:
Não, mas aí é isso que eu não posso te falar. Agora, por exemplo, o último ajuste de preço que houve na gasolina e no diesel foi no mês de maio do ano 2009.

Repórter: Foi uma redução.

Costa:
Foi uma redução. Foi 15% no diesel, e 4,5% na gasolina. Isso não foi direto para o consumidor na bomba porque anteriormente estava se usando parte da CIDE para não ter reflexo. E a CIDE foi criada para isso, um pulmão, foi criada para isso.

Repórter: Um colchão.

Costa:
Um colchão, para isso. Mas o último ajuste de porta de refinaria foi para menos, em maio de 2009, 15%.

Repórter: Recentemente não teve um aumento, que foi justamente tirando a CIDE?

Costa:
Zero, nenhum.

Repórter: Foi isso?

Costa:
Na porta da refinaria, não. Não teve, não. O que aconteceu? O que aconteceu foi o seguinte: quando nós baixamos na refinaria 15% do diesel e 4,5% na gasolina, nesse momento, o governo recompôs a participação da CIDE, que tinha, vamos dizer, tinha retirado, recompôs isso, e na bomba não teve nenhum problema.

Repórter: A Petrobras também não, não é?

Costa:
Também não.

Repórter: Porque pagou menos imposto, menos contribuição…

Costa:
O que tem acontecido ultimamente, que até outro dia saiu num jornal, não sei qual foi, na carta de leitores, dizendo que “essa história que a Petrobras não aumenta desde maio não é real, isso é fictício, porque a gasolina aumentou não sei quanto na bomba”. É claro! Só que essas pessoas, obviamente, não têm obrigação de entender, mas vocês têm a obrigação de explicar para o povo que a gasolina tem 25% de etanol. Se o etanol sobe o preço, sobe o preço na bomba. É óbvio. Mas as pessoas não conseguem entender esse ponto e falam “a gasolina subiu”. Subiu, mas não tem nada a ver com a Petrobras. Subiu porque o etanol subiu.

Repórter: Agora, esse limite que se colocou “se o petróleo ficar US$ 110, 120, por barril, aí nós vamos ter que rever.” Você já falava lá atrás. Agora você está botando 150.

Costa:
Não, não, isso aí foi um exemplo que eu dei. Um exemplo.

Repórter: Um exemplo, então. Mas há um limite em que nós podemos dizer “esse é o limite prudencial, se ficar assim”?

Costa:
Há.

Repórter: Tem um limite de tempo também? Por exemplo, não é só bater nesse preço, é bater e ficar nesse preço durante um tempo.

Costa:
Há, claro. Total razão.

Repórter: O tempo, qual seria?

Costa:
Aí é uma política interna nossa que eu não posso comentar, tanto para cima quanto para baixo. Hipótese: resolveu esse problema, e a perspectiva da economia do mercado americano é ruim, a Europa não vai recuperar, não sei o quê. Dá uma queda no preço do petróleo por problema de demanda. Aí, quem sabe, daqui a alguns meses, temos até que fazer uma redução de preço, até pode acontecer. Ou, como você falou, se o petróleo continuar nessa faixa por mais não sei quanto tempo, ou subir, vai para US$ 120, 130, 140 o barril, nós vamos avaliar. Essa avaliação nós fazemos aqui todo dia. Todo dia tem essa avaliação aqui. Agora, eu não posso te falar, porque é algo interno da companhia.

Repórter: Agora, o primeiro limite prudencial já bateu, não é? Porque chegar quase a US$ 120/barril, isso já é um limite, não é?

Costa:
Sim, mas vai ficar por quanto tempo, isso? Eu tenho que avaliar aqui.

Repórter: Quando você falou também que há anos vocês vêm adotando essa política, quando argumenta que é uma política de governo, mas há anos também se deixou claro que isso é uma política de governo. Quando o Presidente Lula assumiu, no seu primeiro mandato, a Ministra Dilma, numa coletiva aí na sede da Petrobras falou que preço de gasolina é uma questão de política de governo. É isso? Continua sendo?

Costa:
Eu, como diretor da Petrobras, posso falar da nossa política da Companhia. Não posso falar pelo governo, porque eu não tenho nem autoridade para isso. O que eu digo é que dentro da Petrobras, desde bastante tempo atrás, nós adotamos essa política de longo prazo.

Repórter: E com total autonomia?

Costa:
Sim. Aqui dentro, sim.

Repórter: E a gente, então, o consumidor pode ficar tranquilo, porque mesmo com a situação como está, você está falando que não tem uma perspectiva de curto prazo, médio também, não sei, para aumento de combustível.

Costa:
Não, não é isso que eu estou falando. Hipótese: a situação lá no Oriente Médio tem uma deterioração total. Estou trabalhando aqui em futurologia, bola de cristal na minha frente. De repente começa ter impacto no maior produtor, que é a Arábia Saudita. O petróleo vai para US$ 200/barril. Isso pode acontecer semana que vem, não é? Aí, muda todo o cenário. Outra hipótese: acontece lá, o seu Kadafi, por algum motivo, sai da Líbia, a Líbia consegue resolver os problemas internos, começa a dar uma paz naquela região. O petróleo pode desabar para 90, para 80. Tudo isso pode acontecer em 30 dias, em 20 dias, em 15 dias. Então não dá nem para saber se é médio, longo, curto prazo, porque o mundo está muito volátil.

Repórter: Agora, está errado, é errado, quando os analistas calculam o quanto que a Petrobras deixou de ganhar por não ter praticado aumento no ano passado?

Costa:
Não, aí é aquilo que eu te falei. Eu tenho concorrentes nos meus combustíveis aqui. Então, por exemplo, a gasolina tem dois concorrentes hoje no Brasil. Um bastante forte, e o outro menos forte. O primeiro, bastante forte, é o etanol. Se eu começo a dar aumento forte na gasolina, com certeza eu vou vender menos. Então, para mim é muito ruim. Eu tenho que levar isso em conta. Tem outro concorrente, menos importante, mas é um concorrente também, que é o gás natural. Tem vários veículos a gás natural. Então, vamos dizer, que, neste momento, a preocupação maior é com o etanol. Se eu faço um aumento substancial na gasolina, com certeza, como hoje os carros novos e a frota está indo muito na direção do flex, o consumidor não vai ao posto comprar gasolina. E aí, para mim, é muito ruim. Essa conta, eu tenho que fazer permanentemente. É melhor perder mercado e ter um preço maior, ou é melhor ter um preço menor e ter o mercado na mão? Então, essa conta nós fazemos todo dia.

Repórter: E a conta em relação ao resultado e ao investimento da Petrobras? Com o investimento muito forte, a empresa teria que elevar sua receita. O que eles dizem é que veem dificuldade da Petrobras de cumprir esse plano de investimento forte com a geração de caixa um pouco prejudicada.

Costa:
Agora, essa geração de caixa muito prejudicada, em que tempo? O nosso plano é de 5 anos. Vamos olhar um passado bem pertinho. Em 2009, os resultados da área de abastecimento foram excepcionais. Eu estou falando de um ano e pouco atrás.

Repórter: Que foi o que puxou, não é?

Costa:
Sim.

Repórter: O resultado da Petrobras.

Costa:
Será que eu posso falar isso aí “o plano vai ser difícil de atender, porque está tendo descolamento de preço?” 2010, início de 2011? Como é que vai ser em 2012? Como é que vai ser em 2013? Então, eu acho que é um pouco temerário fazer essa conclusão, sabendo que 2008 foi um ano difícil, e em compensação 2009 foi um ano excepcionalmente bom, 2010 foi um ano bom ainda, e agora 2011 está um pouco difícil. É precipitado fazer essa conclusão da maneira que eles fazem.

Repórter: Agora, para terminar. Procede a informação que está sendo ventilada de que a Petrobras teria desistido de buscar sócios para essas refinarias Premium I e II?

Costa:
Não procede.

Repórter: Não procede?

Costa:
Eu tenho um memorando de entendimento, hoje, assinado, que é do conhecimento de vocês, e estão em vigor esses memorandos, com a Marubeni no Maranhão, e a Mitsui no Ceará. Esses dois memorandos estão em vigor. E nesse memorando reza a possibilidade de eles participarem de sócios conosco no equity.

Repórter: Sei, então é provável mesmo, que essas duas refinarias sejam feitas em parceria com os japoneses, Marubeni e Mitsui?

Costa:
É, hoje. O que diz o memorando? Que eles têm a condição de participar até 20% e a decisão de investimento ainda não foi tomada, porque eu preciso terminar o projeto e fazer, realmente, a avaliação final do custo da refinaria. Porque os valores que têm hoje discutidos, que estão na imprensa, são valores aproximados. Eu acho que vão ser menores, porque nós estamos fazendo um projeto padronizado, numa escala muito interessante, usando toda a experiência recente que nós tivemos da RNEST, do Comperj, em termos de ganho. Isso vai refletir nos dois projetos, da Premium I e da Premium II. Então, em determinado momento mais na frente, que talvez seja no início do ano que vem, vai ter que ter a decisão final do investimento. Na decisão final, então, vamos sentar junto com a Marubeni e junto com a Mitsui e falar “senhores, a posição, final hoje é essa, o empreendimento vai custar tanto, a taxa interna de retorno é tanto, o VPL é tanto. Vocês vão, ou não vão?”

Repórter: Essa notícia saiu. Você viu no relatório reservado?

Costa:
Não, não vi, não.

Repórter: Saiu essa notícia que a Petrobras teria desistido.

Costa:
Não, não vi, não.

Repórter: E iria tocar os dois projetos sozinha.

Costa:
Eu, como diretor da área, desconheço totalmente isso.

Repórter: E a PDVSA, sobre aquelas garantias?

Costa:
Não tivemos nenhum retorno ainda do BNDES. Estamos aguardando, porque a negociação deles é com o BNDES, e nós não tivemos ainda nenhuma posição do BNDES, nem da própria PDVSA a respeito do assunto.

Repórter: A PDVSA estava procurando garantias entre bancos aqui, não é?

Costa:
É, eu soube disso.

Repórter: Para menos tempo, um prazo de cinco anos, se não me engano.

Costa:
Isso aí tudo eu soube pela própria PDVSA e pela imprensa, eu soube disso. Mas eu não tive nenhum retorno por parte do BNDES se ele está de acordo, se não está. Não teve ainda um parecer final do BNDES sobre isso.

Repórter: Você não tem um deadline não?

Costa:
Tenho.

Repórter: Quando?

Costa:
Agosto.

Repórter: E se não resolver isso até agosto, a Petrobras toca sozinha?

Costa:
É. Na realidade, já está tocando, não é? Porque até agora, tudo o que nós fizemos, foi sozinho.

Repórter: Mas aí, formaliza que está sozinha nesse projeto.

Costa:
Por que agosto? Em agosto, esse empréstimo do BNDES acaba. Quer dizer, já é todo consumido. A partir de setembro, tem que fazer aporte. Os sócios têm que fazer aporte na refinaria para dar continuidade ao empreendimento. Então, se eles não fecharem até agosto, eu vou ter que fazer os aportes sozinho daqui para frente, porque o empréstimo já foi embora.”

FONTE: blog “Fatos e Dados”, da Petrobras (http://fatosedados.blogspetrobras.com.br/2011/03/14/entrevista-paulo-roberto-costa-estadao/#more-37120).

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