quinta-feira, 9 de junho de 2011

PALOCCI QUERIA O MINISTÉRIO DA FAZENDA


PALOCCI NÃO TINHA DESENCARNADO. ELE QUERIA A FAZENDA

Saiu no jornal “Valor”, pág. A7:

“MINISTRO PALOCCI TENTOU INFLUENCIAR A POLÍTICA ECONÔMICA”

Segundo os repórteres João Villaverde e Sergio Lamucci, desde abril 'Tony' começou a se meter na política econômica.

Segundo a ‘Carta Capital’, foi Palocci quem comandou a artilharia para derrubar Mantega da Fazenda, quando a inflação subiu e o PiG (*) anunciou 'a volta do dragão da hiperinflação'.

Comprova-se, assim, que Palocci queria mesmo era voltar à Fazenda.

Ele se tem na conta de fiador da ortodoxia econômica e, portanto, o homem de confiança dos bancos e dos empresários, no PT.

Foi o roteiro político que ele traçou no primeiro Governo Lula e tinha, como tinha agora no Governo Dilma, o objetivo de se credenciar para a Presidência.

Palocci, imagine amigo navegante, queria ser o Tony Blair de Ribeirão Preto.

O trabalhista que se tornou o ‘quim-dim de Iaiá’ dos conservadores –e quebrou a Inglaterra.

Blair, hoje, por coincidência, é dono de próspera consultoria e membro do conselho de administração de centenas de empresas.

Blair vendeu o trabalhismo inglês à “racionalidade” neoliberal.

Exatamente como o Palocci, na Fazenda.

Ele queria, na Casa Civil, repetir a dose.

A Casa Civil era a trincheira de onde iria lançar morteiros contra o Mantega, até substituí-lo.

Na verdade, Palocci é um acidente geográfico, antes de ser ideológico.

Ideológico, porque se trata de mais um trotskista de São Paulo que abraça os conservadores com fé inquebrantável.

Geográfico, porque o universo intelectual do Palocci se fechou em Ribeirão.

O propalado trânsito de Palocci com o Grande Capital é um blefe.

Solta ele no Fasano, agora, demitido, para ver o que acontece.

Não servem nem água.

(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista”.

FONTE: escrito pelo jornalista Paulo Henrique Amorim e publicado em seu portal “Conversa Afiada” (http://www.conversaafiada.com.br/politica/2011/06/08/palocci-nao-tinha-desencarnado-ele-queria-a-fazenda/).

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P.S.: OBS deste blog “democracia&politica”:


Este blog já expressou, em postagens anteriores (a mais recente em 6 de junho), que tenho forte preconceito contra Palocci.

Primeiro, porque Palocci se ofereceu confidencialmente ao embaixador americano, de acordo com o revelado pelo “Wikileaks”, para trabalhar pró-ALCA nos bastidores, contra a política externa de Lula e Celso Amorim.

A ALCA seria desastrosa para o Brasil, especialmente por uma de suas exigências não divulgadas. Ela impedia as essenciais, para o Brasil em crescimento, políticas nacionais de proteção e incentivo a setores estratégicos ainda não desenvolvidos. Para a ALCA, isso seria o Estado interferir na “livre concorrência”. Proibido. Metaforicamente, para os EUA, com a ALCA o “correto” seria deixar lutar com as mesmas regras (por exemplo, valer chute no fígado) uma criança (o Brasil) contra um campeão lutador profissional adulto (os EUA), que já chegara ao ápice depois de muitos incentivos e treinamento na infância e juventude. O Brasil ficaria nocauteado por séculos.

Por FHC ter assumido o compromisso de o Brasil integrar-se à ALCA, e por José Serra, publicamente, também ter se manifestado, em 2002, favorável à nossa adesão à ALCA, fiquei com ojeriza aos tucanos.

Segundo, porque Palocci, quando Ministro da Fazenda de Lula, trabalhou juntamente com a PGFN, a ele subordinada, a favor da "abertura" para permitir a completa estrangeirização do controle e da propriedade da EMBRAER. Essa passagem da empresa para mãos estrangeiras já recebera, em manobra confidencial, forte impulso no governo FHC, em 1999. A participação de Palocci no mesmo sentido foi em 2006, no pouco divulgado processo de “reestruturação” da empresa, para “nova governança corporativa”. Nomes esses eufêmicos para encobrir a repentina transformação, por ele também autorizada, ocorrida em 30/03/2006, de todas as ações preferenciais (que já estavam quase a totalidade em mãos estrangeiras) em ações ordinárias (que dão a propriedade e o controle da empresa). Além disso, autorizou novas aquisições de ações ordinárias por estrangeiros. Nenhum outro país teve a “coragem” de Palocci de, assim, entregar para quase completo controle e propriedade estrangeira a sua praticamente única indústria aeronáutica, da qual depende a operação de 80% das aeronaves da FAB.

Considerando esses dois fatos, fiquei com o preconceito de Palocci ser um perfeito tucano inserido no PT.

Portanto, mesmo julgando o ministro sem culpa no recente “escândalo da Consultoria Projeto", penso que a oposição e a mídia, sem querer e saber, prestaram grande favor ao Brasil. Ao "forçarem a barra" para afastar Palocci, retiraram-no do caminho da eleição de 2014. Da mesma maneira, assim fizeram afastando-o em 2005 da eleição de 2010, com o caso Francenildo. Se isso não houvesse acontecido, ele seria o candidato natural para suceder Lula e, provavelmente, perderia para Serra. A volta do PSDB/DEM/PPS seria trágica para o Brasil, com o retorno ao poder da direita neoliberal, recessiva, privatista, elitista, pró-ALCA, americanófila, antinacional.

Agora, com essa campanha contra Palocci, que creio injusta, afastaram-no da hipótese de suceder Dilma. Maquiavelicamente, digo: obrigado oposição e grande mídia].

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