quarta-feira, 22 de junho de 2011

O FUTURO ESPACIAL DO BRASIL E O INPE

Satélite e câmara térmica-vácuo, no INPE

“Próximo de completar 50 anos, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) prepara-se para o ano 2020, planejando as próximas missões. E, dias atrás, aconteceu Audiência Pública na Câmara dos Deputados promovida pela ‘Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática’, em que foi destacada a necessidade urgente de mais recursos humanos para o 'Programa Espacial Brasileiro'.

O diretor do INPE, Gilberto Câmara, explicou que o programa espacial é importante para a solução de grandes problemas nacionais na agricultura, energia, vigilância das fronteiras, meio ambiente etc. Propõe lançar um satélite por ano entre 2012 e 2020, contra a média recente de um a cada quatro anos.

Está mais que clara a necessidade de pessoal especializado. O presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Marco Antonio Raupp, descreveu o porquê da grande preocupação: o INPE conta com apenas 1.150 técnicos (tinha 1.700 na década de 80), e o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) tem tão somente mil (contra 2.500 na década de 80)

[OBS deste blog democracia&politica: O esvaziamento de técnicos ocorreu com o doloso, obediente (às explícitas e documentadas pressões externas dos EUA) e irresponsável desmonte do programa espacial brasileiro, especialmente quanto a foguetes lançadores, promovido nos anos 90 pelo governo FHC/PSDB/DEM. Permaneceu, pelo menos, pequeno apoio ao INPE e seus satélites nacionais. Desconfia-se que essa permanência deve-se ao fato de que, sem lançadores nacionais, os satélites de interesse brasileiro eram colocados em órbita pelos EUA e França, no exterior e em condições draconianas e preços extorsivos].

Se alguém julgar muito, a Índia, um dos BRICS como o Brasil, tem 16 mil [técnicos]. E, para arrematar, o presidente do Sindicato da Ciência e Tecnologia, Fernando Morais Santos, qualifica o programa espacial como uma “tragédia de desinteresse e omissão” com pessoal muito velho se comparado com a China, por exemplo.

[OBS deste blog democracia&politica: O mencionado envelhecimento é consequência da proibição de novas admissões e de realização de concursos públicos para repor as perdas, impedimentos esses ocorridos nos anos 90, e dos ainda relativamente muito baixos salários da carreira de ciência e tecnologia (no governo Lula, houve melhoria salarial, porém ainda não suficiente para atrair novos pesquisadores)].

Apesar disso, os cientistas elaboraram o ‘Plano Diretor do INPE para o período de 2011 a 2015’. São doze objetivos estratégicos que pretendem consolidar a posição do INPE no Brasil e no mundo. Inclui, ainda, diversos satélites científicos e de observação da Terra. E a grande novidade é a entrada de um grande [e duvidoso] parceiro: a Agência Espacial Norte-Americana, NASA, uma 'incrível oportunidade' [sic] que não pode ser desperdiçada.

E essa parceria, por surpreendente que pareça, torna-se possível graças à cooperação com a Argentina. As empresas brasileiras não se entendem de jeito nenhum e estavam provocando atraso imenso no projeto de satélites de sensoriamento remoto, mais de dez anos, até que o diretor do INPE teve um “insight” e conseguiu contratar a estatal argentina INVAP, fabricante de reatores nucleares e satélites.

E, para corroborar a escolha, foi lançado com sucesso o satélite argentino SAC-D no último dia 10 de junho. Esse satélite foi testado (ensaios ambientais) no Laboratório de Integração de Testes (LIT) do INPE. O SAC-D, Satélite de Aplicações Científicas da Argentina, leva a bordo o Aquarius, equipamento para monitorar a salinidade oceânica do ‘Jet Propulsion Laboratory’ (JPL) da NASA.

E não custa divulgar que pesquisadores do INPE (Walter D. Gonzalez e Ezequiel Echer) e da NASA (Bruce Tsurutani) desvendaram as causas do último “mínimo solar”: fatores na velocidade do vento solar e na intensidade e direção de seus campos magnéticos ajudaram a produzir valores anomalamente baixos, conforme devidamente relatado na revista “Annales Geophysicae”.

FONTE: “Portal Jornal de Barretos”. Transcrito no portal da FAB (http://www.fab.mil.br/portal/capa/index.php?datan=19/06/2011&page=mostra_notimpol) [entre colchetes adicionados por este blog].

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